Conheça o movimento slow fashion e nove marcas para seguir
Sem a correria das tendências e das coleções a toque de caixa, a moda agora vai caminhando para um sistema mais consciente e sustentável
atualizado
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“A moda enfrenta um paradoxo. Por um lado, já se deu conta de que precisa repensar seu processo e sua lógica produtiva, a frequência e o nível de consumo. Ao mesmo tempo, reconhece que opera na mudança pela mudança. Esse ainda motor que faz a moda despertar desejo. Enfrentamos um momento nebuloso.” A reflexão é da professora Clarice Garcia, coordenadora do curso de design de moda do Iesb.
Enquanto o fenômeno das fast fashions só se multiplica, apostando em coleções que mudam a cada semana e tendências que duram menos de um mês, vai surgindo uma contrapartida no mundo da moda. Cansadas dessa loucura de desperdício e roupas que se tornaram basicamente descartáveis, apareceu um novo movimento. O slow fashion.
Devagar, o sistema é atento ao detalhe, preocupado com a sustentabilidade, não só do processo produtivo como da mão de obra. O artesanal é valorizado, e o resultado é um produto diferenciado. “É uma roupa atemporal, feita com material de qualidade, que tem mais profundidade e nível de detalhe muito maior”, explica Clarice.
A marca que aposta no slow fashion é aquela que evita a modinha, o que está muito na moda, o que vai cansar em pouco tempo. É uma roupa feita para durar por muitas estações. E a transparência do processo é fundamental: como acontece o tingimento, a mão de obra, os materiais, a proposta. Tudo fica bem às claras.Segundo Marcio Ito, professor de planejamento e desenho de coleções do curso de moda da Faculdade Santa Marcelina (FASM), a peça de slow fashion não está ligada à tendência, mas a um conceito. E não vai completamente de encontro à necessidade da moda de mudar por mudar, já que há espaço para criar dentro de uma forma. “Como a Havaianas, por exemplo, que não é uma marca de slow fashion mas que tem um conceito forte e muda em cima daquilo. Ou a Gucci, que lança jaquetas bordadas todos os anos, que mudam um pouco, mas não são peças que morrem em seis meses”, explica.
Para o professor, o slow fashion tem um público alvo diferente do da fast fashion e, por isso, não se excluem. O slow seria para um público que pode comprar, uma pessoa que não se preocupa com o fast. “Ela até compra, se for algo que sabe que não vai guardar para sempre, mas logo percebe que a peça dura pouco. A peça da marca de slow fashion dura, o consumidor continua gostando, continua usando. É um produto que tem charme, tem carinho, tem diferencial”, afirma.
Essa mudança faz sentido em uma sociedade que, de modo geral, vai aprendendo uma nova forma de viver, mais conectada ao natural, às raízes e à cultura. Há uma nova preocupação com o bem-estar e com a sustentabilidade, com o consumo consciente. E é aí que entra essa moda bem pensada. “O slow fashion é o futuro. Precisamos olhar mais para dentro e menos para o lado de fora, para as aparências, o que vestimos”, explica a professora.
São várias as marcas que nascem neste contexto novo. Selecionamos nove que se destacam (cinco delas de Brasília) para quem quer entrar de vez neste mundo.