Astrologia, misticismo e povos guerreiros dominam as inspirações do inverno 2016 no SPFW
Guerreiras urbanas e o estilo boho místico dominaram as inspirações dos designers na semana de moda paulistana
atualizado
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Sabe essas coincidências do mundo da moda, que se repetem pelas coleções de várias marcas e que todo mundo chama no fim de tendência? Pois então. Nesta temporada, essas repetições foram além das cores, tecidos, cortes e acabamentos. Chegaram ao processo de criação dos estilistas, àquilo que inspirou suas coleções.
E não é à toa que as golas altas, os metalizados, as cinturas com amarrações, penas e transparência apareceram tanto nas passarelas. Guerreiros e aventureiros de várias épocas e os mistérios do universo e da astrologia foram o ponto de partida de várias marcas para o inverno.
Patrícia Bonaldi, por exemplo, foi até os viking nômades para trançar – literalmente – a coleção da PatBo desfilada na última semana na São Paulo Fashion Week. As referências estavam nos tricôs que lembravam as mantas usadas pelo povo para se proteger do frio, nas cordas trançadas tipo marinheiro que compunham roupas inteiras, nas franjas e amarrações e nas pelerines franjadas de gola alta que lembravam armaduras.
Gloria Coelho foi buscar nos povos nórdicos inspiração para sua coleção, mas misturou história e ficção ao pegar emprestado o universo de Game of Thrones para compor a guerreira invernal da sua coleção. Nada mais apropriado, já que a estilista quis abandonar a moda festa nesta temporada e investir em mantôs pesados de frio. Casaquetos e jaquetas completaram a coleção.
Lolitta achou na figura de Joana D’Arc a representante da sua coleção, inspirada, a princípio, no trabalho artesanal feito nas armaduras medievais de metal. Assim, o preto e diferentes tons de cinza, mesclados a fios metalizados, compuseram o desfile da marca no SPFW. As armaduras urbanas vieram em ombros estruturados, tramas abertas e, de novo, nas pelerines curtas de gola alta.
A Ratier é novíssima, nasceu no fim do ano passado, e foi a marca estreante no SPFW. Os guerreiros da marca vieram direto da guerra para a passarela. Por isso, as roupas, especialmente em couro, vieram sem acabamento nenhum, quase como se tivessem sido rasgadas ou detonadas em um campo de batalha. E atenção à peça-chave do inverno: pelerine de novo, dessa vez inteira fechada, quase até até a cintura.
A alfaiataria de Giuliana Romanno também pegou emprestadas referências dos guerreiros e aventureiros antigos para o inverno. Piratas e corsários emprestaram seu espírito livre à mulher que a designer veste, com peças assimétricas e desconstruídas, com amarrações nas mangas e golas e ternos do tipo capa.
Com a apresentação de Vitorino Campos, no segundo dia de desfiles, teve início a sequência de inspirações nas astrologia e no universo místico que passou pela semana de moda paulistana. Vitorino trouxe uma versão mais espaço sideral da coisa, baseado em estudos sobre ETs, planetas descobertos pela Nasa e o filme “Interestellar”. Na passarela, os pontos de partida renderam uma coleção meio futurista, com casacos e tops metalizados.
Lilly Sarti trouxe para a coleção o misticismo, com quem a designer flerta já há algum tempo. Símbolos da astrologia e do Egito Antigo, como os olhos de Horus e a cruz de Ansata, foram incorporados às roupas e aos acessórios.
Já para Helô Rocha, bastou uma visita a Alto Paraíso para clarear as ideias sobre com o que construiria o inverno da sua marca, que agora deixa de se chamar Têca para receber o nome da estilista. Os acessórios, tiaras de pedras e bolsas que misturavam vários materiais foram feitos por uma designer da Chapada. As roupas vieram no clima hippie místico, com penas e saias longas e transparentes.
Já a inspiração de Patricia Viera, carioca expert em couro, foi o deserto do Atacama, mas o céu do lugar foi representado de várias formas nas peças da coleção, o que a coloca no rol das marcas que buscaram no céu referências. Ele veio em aplicações de metal na forma de estrelas, lua e planetas, no couro recortado e nas constelações do deserto, desenhadas em caneta Bic nas peças pela ilustradora Clara Veiga.