Artistas brasilienses desenvolvem acessórios criativos
Brincos ousados, gargantilhas “choker” e até uma multi marca que traz artesanatos importados para a cidade. Conheça quem anda fazendo a cabeça da galera descolada da capital
atualizado
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Um brinco ali, um colar acolá e um par de óculos que faz toda a diferença. Acessórios são aqueles pequenos objetos aos quais recorremos sempre que queremos dar um toque todo diferente à composição de roupas escolhidas para o dia a dia. Os básicos saem do básico, e os que gostam de se produzir capricham ainda mais na quantidade de informação equilibrada ali.
Aqui em Brasília, a cena artística ganha a moda e, aos poucos, conquista orelhas, pescoços e rostos por aí. Os acessórios são os donos do momento, e as cabeças criativas não poderiam deixar suas ideias de lado. Por que não usar aquele abacaxi para dar mais vida ao look? Ou que tal dar um pulo à década de 90 e reutilizar o que era moda na época? Assim pensam alguns designers de objetos de Brasília. Conheçam algumas marcas que investem na criação acessórios criativos.
- Tenho Trecco
A brasiliense Bruna Teixeira nem imagina a repercussão positiva que teria ao usar e abusar de seus brincões de frutas. Fã de assessórios grandes e chamativos, a estudante de publicidade conta que em um dia infortúnio aconteceu o pior: sua orelha não aguentou o peso e rasgou. Por isso, decidiu encontrar uma solução simples para continuar com sua mania de brincos grandes: fazer os próprios brincos, só que de tecido. Fã de cores, formas e frutas, ela decidiu começar com um grande abacaxi. “Foi meu primeiro brinco. Sempre pego os tecidos com uma costureira que está na família há anos. O que era retalho vira brinco”, comenta.
Passeando pela cidade com seus acessórios, uma surpresa. As pessoas a questionavam: onde você comprou? Seu namorado a alertou que isso estava virando negócio. “Um dia ele me disse: Bruna você está percebendo o que está acontecendo aqui? As pessoas querem o seu brinco! Passei a procurar um nome e Tenho Trecco é totalmente a minha cara. ‘Treco’ é uma palavra que eu uso muito”, e assim nasceu o nome de sua marca, no mercado há aproximadamente nove meses.
Os produtos são vendidos no Instagram da marca ou por Whatsapp. As fotos? Todas feitas com a ajuda de amigos próximos. “Meu amigo Matheus Silva produziu a logo. Daniel Ribeiro me ajuda fazendo os vídeos. Minha mãe me auxilia na produção algumas vezes. Sou muito sortuda de ter pessoas sempre me ajudando, a Trecco foi uma coisa coletiva.”
A falta de tempo ainda a segura um pouco. Modelo, estagiária, estudante e designer de acessórios, Bruna diz que ainda quer expandir para outros acessórios além de brincos. Sua maior inspiração? A personagem Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), de Sexy and The City. “Creio ter muito dela em mim, essa coisa de querer fazer tudo ao mesmo tempo e não deixar nada pela metade”, finaliza.
- Saravá Brechó
Quem também começou um negócio quase que por acaso foi designer de moda e carioca Monique Corrêa. Modelo, ela pensou que precisava de uma graninha extra e tentou encontrar soluções. Acabou esbarrando em uma por acaso, em uma viagem para São Paulo.
Encantada com a diversidade da famosa 25 de Março, Monique conta que inicialmente pensou em comprar produtos lá e revender em Brasília. “Queria abrir uma loja virtual, mas ai fui pensando mais ainda afundo e me toquei que desde sempre quis ter um brechó”.
Conversando com sua amiga — e sócia — Nininha Albuquerque, decidiram iniciar um negócio juntas, e o resultado chama-se Saravá Brechó. Aliás, a “culpa” de o Saravá vender acessórios é toda de Nininha. “Fizemos um plano de negócios e listamos como tudo funcionaria, para organizar absolutamente cada detalhe. Lendo o que Nininha escreveu me deparei com: a designer Monique Corrêa fará acessórios. Pensei: ‘Como assim? Eu não sei fazer acessórios!'”. A sócia desafiou e ela aceitou. Inspirada pela bela Maga Moura, ela chegou em seu designer de acessórios: Bitsch Kitsch.
“Vi que ele se inspirava muito nos anos 90, resolvi andar por ali também”, conta. E assim nasceu a primeira coleção, inspirada na década de noventa. Com brincos feitos de fita K7, clips coloridos e até gargantilhas de veludo, as meninas garantem que ainda há muita novidade nesta coleção por vir. O nome tem significado marcante. “Saravá é uma palavra que chegou ao Brasil pela cultura negra. Significa axé, abertura de caminhos. Significa algo muito além”, comenta Nininha Albuquerque, ansiosa pelo futuro do brechó criativo.
- Vraá Brechó
Outro brechó criativo foi o criado pela dançarina Djully Badu. Brasiliense nata, ela conta que sua vida deu uma reviravolta quando surgiu a oportunidade de morar em Florianópolis. Com a possível mudança veio a necessidade de juntar dinheiro e não deu outra, a ideia era desapegar do que ela não queria mais e criar um brechó com uma proposta diferente: os produtos eram fotografados em editoriais que mostravam como ficaria no corpo, e assim inicialmente nasceu o Vraá Brechó.
A mudança ficou pra trás quando Djully foi aprovada em Licenciatura em Dança no Instituto Federal de Brasília (IFB) e ficou pela Capital. A ideia do brechó continuou. Dona de um estilo todo próprio, muito carão, um belo cabelo afro, a dançarina conta que sempre gostou de se montar. “A dança é mais do que profissão ou curso, eu vivo a dança. Então pensando nisso surgiu a necessidade de estar sempre confortável, mas também com estilo. Acabei notando que sou muito monocromática, sempre em tons de preto e branco. Pra quebrar isso, abuso dos acessórios”, comenta.
E foi assim, sendo questionada com frequência quanto os pompoms, cubos mágicos, bolas de basquete ou grandes argolas na orelha que a marca nasceu com sua primeira coleção, também inspirada nos anos 1990. Os produtos são muito únicos, sendo produzidos em pequenas quantidades. Os brincos de pompom, por exemplo, são feitos 100% por ela. “O mais legal é que não tem essa de ser brinco de mulher, eu vendo pra homens que também usam, chamam a atenção e ficam maravilhosos”, finaliza.
- Palomix
Já para a espanhola Paloma Rio Branco o negócio é outro. Formada em artes cênicas e em jornalismo, ela conta que arte sempre esteve presente em sua vida. Uma vida, aliás, de muitas mudanças. Ela já morou na Espanha, São Paulo, Fortaleza, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Los Angeles e voltou à capital em 2011. Ela também já teve, junto a sua irmã a Pio Rio Branco uma marca de sapatos e bolsas, fundada em Buenos Aires.
“Eu sempre quis ter uma empresa minha, sempre me interessei muito por moda e artes”, conta. Numa busca constante por tendências alternativas e designers diferenciados, a conclusão que bateu à porta em setembro de 2015: uma loja de multimarcas artesanais do mundo inteiro. Viajada como é, ela optou por buscar alternativas que pudessem ser encontradas em um só lugar, e assim nasceu a Palomix.
“Me defino como curadora dos designers que passam pela Palomix“, comenta sobre os atuais parceiros, Pio Rio Branco, Paolla Falcão e Zerezes. Até agora, a Palomix conta com bolsas feitas à mão e de edição limitadíssima, óculos de madeiras redescobertas e brincos, colares e pulseiras. Ainda que multimarca, os preços são os mesmos – tanto no fornecedor quanto na Palomix. Para o futuro ela garante, “Vai ter muito mais designer, incluindo uma futura marca de camisetas que serão feitas por mim.”