Transtorno raro: mãe pede ajuda para filha que come livros e paredes
Com dois anos de idade, Dolly come livros, paredes e os móveis de casa. Ela foi diagnosticada com um transtorno raro do espectro autista
atualizado
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Uma mãe britânica tem procurado por ajuda para sua pequena bebê. Dolly, que tem apenas dois anos, foi diagnosticada com espectro autista e desenvolveu um transtorno raro que envolve a condição. A criança tem o hábito de comer itens não alimentícios, como paredes, livros, caixas de papelão e até o controle remoto.
“Como mãe, é tão assustador, eu tenho que observá-la o tempo todo. Tivemos que nos livrar de tudo em casa… Não sei o que vai acontecer daqui para frente”, disse Jordanna Tait ao jornal The Mirror.
A mãe de Dolly contou que precisou deixar o emprego para vigiar a filha e lamentou pela falta de ajuda médica do sistema de saúde do seu país. “Um pediatra disse verbalmente que ela está no espectro autista, mas não recebemos um diagnóstico efetivo”, revelou.
Pica, um transtorno raro
Segundo Tait, a pequena desenvolveu alotriofagia — também conhecido como Pica. Transtorno do espectro autista, a condição os leva a comer itens não alimentícios, como pedras, terra e até fezes. “Esta condição pode facilmente levar crianças à intoxicação, o que pode prejudicar seriamente o desenvolvimento físico e mental”, salienta o psicólogo Rafael Braga, da Clínica Via Vitae.
“Além disso, pode levar à obstrução intestinal e resultar em cirurgia de emergência. A criança ainda pode desenvolver sintomas mais sutis, como deficiências nutricionais e infecções parasitárias”, revela o profissional.
De acordo com a mãe, Dolly apresentou os primeiros sintomas do transtorno quando tinha cerca de um ano de idade. “Percebi que pedaços de papelão haviam sido picados. Depois, encontrei livros de leitura de Dolly e botões do controle remoto, que passaram a ser engolidos”, conta Jordanna.
A bebê também já foi pega comendo móveis de madeira, paredes e estrutura da parede de casa. “Eu luto todos os dias. Dolly precisa de supervisão constante o tempo todo. Temos que manter nossos olhos nela”, relata a mãe de 25 anos.
Sem um exame específico que faça o diagnóstico do transtorno, Braga revela que é importante fazer exames constantes em quem apresenta esses sintomas. “Seu tratamento varia de pessoa para pessoa e deve-se considerar, principalmente, a etiologia suspeita, como pacientes com retardo mental, grávidas ou doentes mentais”, explica.
De um modo geral, ele conta que o Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil, oferece todo o suporte para aqueles que apresentam sintomas da pica. O tratamento recomendado pode envolver psicoterapia, mudanças ambientais, reorganização familiar ou tratamento simples com suplementos vitamínicos e mudanças na dieta — a depender do caso, pode ser indicado algum tipo de medicamento.
O Sistema Nacional de Saúde britânico não tem nenhum protocolo para a doença. A bebê está há mais de um ano na fila de espera para fazer atendimento com um terapeuta. Enquanto isso, Jordanna pede por ajuda nas redes sociais para encontrar respostas e soluções para a condição de saúde da sua filha.