Covid-19 está “destruindo as carreiras das mães”, diz pesquisa
Aliar maternidade com o trabalho a distância durante a pandemia prejudicou o desempenho profissional de muitas mulheres
atualizado
Compartilhar notícia
A pandemia do novo coronavírus afetou outros aspectos além da economia mundial ou os hábitos de higiene, como usar máscara facial, lavar as mãos e passar álcool em gel ao chegar da rua. Com o interrompimento das atividades presenciais, mães com carreiras profissionais tiveram que aliar o home office com a maternidade em período integral. O impacto tem sido negativo e está “destruindo as carreiras das mulheres”, segundo avaliação de Joeli Brearley, fundadora da ONG Pregnant Then Screwed, do Reino Unido.
Estudo conduzido pela ONG sob seu comando revelou que, entre as 20 mil mães inglesas entrevistadas, a perspectiva de sucesso profissional diminuiu após o início da pandemia.
A pesquisa mostrou que 81% das entrevistadas precisavam que alguém cuidasse das crianças para poder realizar todas as funções no trabalho remoto. Porém, apenas 49% tiveram condições financeiras ou apoio familiar para isso, enquanto o restante teve que aliar as duas atividades.
A parcela sem aporte financeiro ou familiar para cuidar dos pequenos após o fechamento de creches e escolas teve redução no desempenho profissional. A pesquisa mostrou que 15% foram demitidas ou pediram demissão, sendo que 46% citaram a falta de apoio para cuidar dos filhos como o principal motivo.
Além disso, entre as mulheres entrevistadas, 72% tiveram que reduzir a jornada de trabalho remunerado por causa do cuidado com as crianças. Essas mães precisam dedicar muitas horas diárias “além do normal” aos filhos, o que prejudica as atividades laborais. O acúmulo de atividades também impactou aquelas que trabalham por conta própria: 74% tiveram seu potencial de ganho reduzido devido à falta de apoio para cuidar das crianças.
“As mães estão sendo despedidas, forçadas a diminuir as horas de trabalho e sendo tratadas negativamente por empregadores por estarem dedicando tempo ao cuidado com as crianças. Precisamos de medidas governamentais para essas mães que, agora, precisam cuidar dos filhos em tempo integral. O governo deve abrir os olhos para o desequilíbrio de gênero que a Covid-19 está exacerbando. A hora de mudar isso é agora”, alertou Josely.
Exemplo
No início de julho, a executiva Dris Wallace contou, no Instagram, que foi demitida por não conseguir conter o barulho das crianças durante reuniões de trabalho. Segundo ela, os chefes frequentemente a questionavam sobre o barulho das crianças. Os filhos de Dris ficavam brincando no quintal enquanto ela trabalhava.
“Não é justificável ter que sentir que seu chefe está fazendo você escolher seu trabalho em detrimento de seus filhos. Espero que minha história aumente a conscientização sobre discriminação de gênero e preconceito contra as mães”, compartilhou.