Carimbo com placenta: conheça arte que eterniza momento do parto
Enfermeiras obstetras do DF fazem carimbos com placenta para trazer boas recordações da experiência do parto
atualizado
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O momento do parto é motivo de preocupação para muitas mulheres e, por isso, hospitais têm adotado formas diversas para tornar a experiência mais leve para mães e bebês. Tanto na rede pública quanto privada, a produção de carimbos feitos com a placenta do recém-nascido busca trazer uma lembrança positiva do nascimento.
A arte, que se assemelha a uma árvore da vida, tem como objetivo eternizar a ligação entre mãe e filho. O procedimento é feito pelas próprias enfermeiras obstetras, que limpam os coágulos de sangue da placenta antes de a colorirem com tinta ou corante natural.
Em seguida, uma folha de papel grossa é pressionada e o carimbo é feito, adicionando-se detalhes como nome, peso, comprimento do bebê e o horário do nascimento.
De acordo com a enfermeira obstetra Suzana Feitosa, os carimbos ficam prontos entre 10 e 15 minutos, e podem ser feitos tanto em partos normais quanto cesarianas, variando apenas conforme a necessidade ou não de descarte do órgão após o nascimento da criança.
Em casos anatomopatológicos, ou seja, quando a placenta não pode ser descartada devido a fins de estudo médico, o carimbo é feito com o próprio sangue.
Importância da placenta
A placenta é o órgão responsável pela troca de nutrientes durante o período de gestação, e é por ele que a comunicação entre a mãe e o bebê é feita durante o período embrionário. Além disso, a placenta estimula os hormônios femininos durante a gestação, filtra o sangue materno e realiza trocas gasosas, sendo fundamental para o desenvolvimento do embrião.
Apesar de algumas mães não terem vontade de manter os carimbos, a maioria delas expressa a vontade de levar o “print da placenta” para casa e eternizar o momento de ternura.
Em hospitais particulares, a equipe de enfermeiras obstetras já vai preparada para produzir a arte, enquanto em hospitais da rede pública nem sempre há a possibilidade de fazer o registro.
Na rede pública do Distrito Federal, o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) é destaque nos carimbos com placentas, que são feitos especialmente em partos de risco. Em caso de morte do bebê, o registro geralmente é bem aceito pelas mães, que usam a arte para lidar com o momento de luto.
Além do HRT, os hospitais de Ceilândia, Gama, Planaltina e Santa Maria produzem artes com as placentas.
A advogada Eduarda Vieira, 26 anos, teve o registro do nascimento da filha, em novembro, guardado também pelo carimbo da placenta pela equipe do HRT. “Meu parto foi super humanizado, fui muito bem acolhida pelas equipes. Foi algo mágico, indescritível. Eu amei a iniciativa das enfermeiras ao fazer essa arte. Poderei mostrá-la para a minha filha e terei sempre uma boa lembrança ao vê-la”, relata.
“Me senti muito especial recebendo o carimbo da placenta, com certeza eterniza o momento do parto. Fiquei muito feliz pelo atendimento recebido. Acho que iniciativas assim deveriam chegar a mais mães, pois é uma sensação maravilhosa”, elogia Thaís Sampaio, 22.
Parto humanizado
Embora o parto ainda seja visto no Brasil como um ato cirúrgico, nos últimos anos há uma crescente preocupação com o bem-estar da mulher e do bebê durante o momento. Em alguns hospitais, formas de aliviar a tensão com massagens, danças, bolas de pilates e até mesmo hipnose e aromas são recursos que visam à naturalização do nascimento.
Segundo a educadora perinatal Mariana Lacerda, a experiência do parto pode ditar muitas implicações na saúde física e psicológica de uma mulher.
“Se a mãe sofreu alguma violência no seu parto ou alguma intervenção médica desnecessária, isso pode acarretar problemas físicos como dores pélvicas e dificuldades para urinar ou defecar”. Assim, ela ressalta que as chances de depressão pós-parto aumentam quando a experiência é negativa.
No Distrito Federal, o Hospital Materno Infantil de Brasília e o Hospital Universitário de Brasília estão entre os mais avançados em relação à humanização, bem como a Casa de Parto de São Sebastião. Na rede privada, são destaques o Hospital Santa Helena, Hospital Santa Luzia, Maternidade Brasília e Hospital Anchieta.
(*) Eline Sandes é estagiária do Programa Mentor e está sob supervisão da editora Maria Eugênia