Ataques em creches: como conversar com crianças sobre o assunto?
A pedido do portal, a psicóloga infantil Isabel Santos ensina maneiras de abordar o tema com crianças após a tragédia em Blumenau (SC)
atualizado
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Nessa quarta-feira (5/4), a creche Cantinho Bom Pastor, situada em Blumenau, Santa Catarina, foi atacada por um homem de 25 anos. Na ocasião, quatro crianças morreram e outras cinco ficaram feridas pelo assassino, que invadiu o local com uma arma branca. Em uma triste coincidência, a data é a mesma em que o Dia do Filho é celebrado.
O caso não é isolado. Desde 2017, o Brasil vive uma alta de atentados a escolas e creches. De um lado, a polícia busca pistas para entender o que aconteceu em Blumenau e evitar que crimes como esse se repitam. Do outro, pais e tutores são tomados por um sentimento de insegurança e temem falar sobre o assunto com os pequenos. Afinal, como explicar essa situação a uma criança? E se ela ficar com medo de ir para a escola, espaço fundamental para a educação de jovens?
O Metrópoles conversou com a psicóloga infantil Isabel Santos para entender como você pode acolher as dúvidas do seu filho e tranquilizá-lo, se preciso for.
Segundo a profissional, esse tipo de situação traz muita angustia e ansiedade para os adultos, o que exige ainda mais cautela com as crianças. “É preciso ter cuidado para não antecipar a informação para elas sem que elas peçam. Os pequenos não têm capacidade cognitiva de processar bem esse tipo de acontecimento”, explica a expert.
O ideal é esperar a criança perguntar ou mencionar o ocorrido, de acordo com a especialista. “Se foi algo demandado pelo filho, por exemplo, aí sim os pais ou professores podem conversar com ele, mas sempre com cautela ao falar sobre o assunto. Se a criança quer saber, não devemos ignorá-la”, comenta.
Na hora de falar, Isabel indica ir com calma na fala, para não gerar insegurança e ansiedade. “Antes de tudo, vale perguntar o que a criança sabe, para não falar além daquelas informações necessárias para o entendimento dela. É importante não mencionar detalhes ou ir além do que o pequeno tem conhecimento”, frisa.
Outra dica da psicóloga é não rejeitar as emoções dos filhos. “Nesse processo, é preciso acolher os sentimentos da criança, sempre deixando claro que entende o lado dela e validando tudo o que ela está sentindo em relação ao acontecimento”, elucida.
Além disso, apontar questões racionais como a segurança podem acalmar e dizimar os medos dos filhos. Caso a criança apresente um padrão de ansiedade e medo persistente, a orientação é buscar ajuda profissional. Muitas universidades brasileiras, vale ressaltar, oferecem terapias de graça para a população.