“Maquiadora dos mortos” conta como é trabalhar conservando corpos
A maquiadora Carolina Maluf é tanatopraxista e se dedica a preservar os corpos por mais tempo no velório, evitando a decomposição
atualizado
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Carolina Maluf conquistou as redes sociais em razão da sua profissão peculiar: ela é tanatopraxista. Para quem não está familiarizado com o termo, essa profissão se dedica a preservar o corpo por mais tempo no velório, evitando a decomposição.
A técnica da tanatopraxia chegou ao Brasil apenas em 1990. A ideia é assegurar que o corpo não sofra o processo de decomposição até o sepultamento ou cremação. “Trata-se de um profissional que atua na conservação de cadáveres e assepsia para proporcionar à família um velório seguro”, explicou Carolina à revista Marie Claire.
Segundo a mulher, sua paixão pela área começou quando tinha apenas oito anos. Na época, seu avô era anatomista e técnico de preparo da Universidade de São Paulo (USP). Como ele preparava animais e corpos para estudos, Carolina assistiu a muitos trabalhos. Foi aí que teve certeza sobre a área que iria atuar.
Com mais de 17 anos de experiência no setor, Carolina atualmente ministra cursos e já formou mais de 4 mil alunos para o mercado. “Comecei há 18 anos, era difícil ainda mais para mulheres”, contou a paulistana, dizendo que sempre teve muita convicção sobre a profissão.
“É um verdadeiro artesanato. Deixar o feio, belo. A morte tem muitas faces desagradáveis e quando observada de perto tem uma beleza única. A tanatopraxia vai muito além de somente preparar um corpo. É oferecer cuidado e zelo aos familiares enlutados, é garantir um luto digno e respeitoso”, relatou à Marie Claire.
Rotina “com os mortos”
A rotina de Carolina conta com procedimentos que englobam a troca de fluidos do corpo e reparo de face em corpos acidentados. Além disso, há a escolha das flores no caixão e a maquiagem dos corpos, que é feita de acordo com o desejo da família para evitar frustrações.
Segundo a maquiadora, a parte mais legal é ensinar e cuidar dos corpos. Por outro lado, lidar com o ego tem sido um obstáculo. “Eu não sei se atribuo isso a essa era da internet onde as pessoas precisam mostrar a que vieram. Mas é muito chato lidar com as pessoas que disputam para ver quem é o melhor preparador”.
Uma coisa que Carolina evita ao máximo é fazer tanatopraxia em pessoas conhecidas. Ela também nunca se acostumou com o mau cheiro dos corpos. “Minha sensibilidade olfativa chegou num ponto onde meu único vício são perfumes. Eu sou apaixonada por perfumes e adquiri o hábito por conta disso”, finalizou.