Maioria das denunciantes de violência doméstica fica desabrigada
Sobreviventes de situações de violência têm que voltar aos abusadores ou dormir nas ruas. Dados são do Reino Unido
atualizado
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A violência contra mulher é uma epidemia no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o país registra uma agressão do tipo a cada quatro segundos. O problema, no entanto, não é exclusivo e extrapola as barreiras do território nacional. É, por exemplo, uma das principais causas de falta de moradia no Reino Unido.
Segundo o governo britânico, em 2019, quase 24 mil vítimas de violência doméstica ficaram desabrigadas. Sem o apoio dos familiares e de entidades estatais, as sobreviventes têm apenas dois destinos: voltar aos abusadores ou buscar refúgio nas ruas.
Para as mulheres inglesas, assim como para as brasileiras, o governo não oferece todo o suporte e apoio necessários. Os conselhos locais só são obrigados a fornecer moradia para as vítimas desse tipo de abuso se elas puderem provar que são mais vulneráveis do que os “sem-teto comuns”.
Uma das britânicas que fugiram de seu abusador afirma ter sido solicitada por um oficial de abrigo a enviar uma carta assinada pelo agressor, na qual ele afirma ter, de fato, a estuprado.
“É incrivelmente difícil provar a vulnerabilidade porque é difícil obter as evidências necessárias”, assume Hannah Gousy, chefe de política da entidade de caridade inglesa Crisis, em entrevista ao jornal The Guardian.
As autoridades locais estão tentando mudar esse triste cenário. Instituições de caridade fazem lobby por uma mudança na lei para que qualquer pessoa desabrigada por esse motivo seja considerada uma prioridade na busca por asilo. A expectativa é que a proposta seja avaliada ainda neste ano.