Mães vendem leite materno para homens por até R$ 480 e causam revolta
Mães que estão em período de aleitamento usam uma plataforma on-line para vender o leite excedente e acabam mirando em clientes homens
atualizado
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Um novo “ramo profissional” tem chamado atenção em Londres, na Inglaterra. Desde que o país começou a enfrentar uma crise econômica no último ano, ingleses começaram a procurar formas de gerar uma renda extra. Na intenção de superar o momento difícil, britânicas que estão amamentando deram início a um novo negócio: venda de leite materno na web.
De acordo com uma reportagem realizada pelo Daily Mail, algumas mães estão vendendo o litro do próprio leite por até 76 libras, o equivalente a R$ 480. Em plataformas de vendas como a Only The Breast, mulheres anunciam o leite — e homens fazem postagens sobre o interesse no líquido.
Na rede, uma mulher chamada Robyn anunciou a venda do leite e, junto ao anúncio, colocou uma foto dos próprios seios. Ao tabloide, a mulher disse que já recebeu propostas de homens para que ela os amamentasse, um tipo de fetiche sexual.
“Fico feliz em vender meu leite materno para os homens, desde que eles não queiram beber direto da fonte”, declarou a moça.
“Muitos homens já alegaram que queriam o leite por ‘questões de saúde’, mas, no final das contas, eles queriam fotos dos meus seios para acompanhar”, contou ao jornal britânico. Além dela, há outras dezenas de mulheres que se cadastram na plataforma com esse intuito.
Com uma breve pesquisa no Only The Breast, é possível ver várias postagens de mulheres do mundo inteiro que buscam vender o leite excedente da maternidade. Ainda que muitas busquem ajudar outras mães que não conseguem amamentar por alguma razão, as postagens mais visualizadas são as voltadas a homens.
Uma mãe chinesa intitulada Sam e que vive na região sul do País de Gales anunciou a venda de seu leite por R$ 356 o litro para “pessoas que desejam comprar para uso alternativo/homens”.
A prática tem sido repudiada nas redes sociais. Vale ressaltar ainda que, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) condena a prática de venda de leite materno. Pela legislação brasileira, tecidos, órgãos e fluidos corporais – como leite, sangue e saliva – não podem ser comercializados. Mães, pais e responsáveis que precisam do alimento para suas crianças devem procurar o banco de leite mais próximo.
Leite materno faz bem para adultos?
Apesar de muitos homens alegarem que procuram pelo “produto” para a própria saúde, médicos alertam que não há provas dos benefícios do leite materno para adultos.
“A gente sabe que o leite materno é um alimento muito importante e possui uma composição nutricional que gera capacidade nutritiva e energética para os bebês. Mas não é verdade que ele pode gerar estímulos na fase adulta”, desmistifica Marco Vinicius Fernandes, obstetra e mastologista especialista em amamentação do Hospital Anchieta de Brasília.
“Ele é chamado de alimento completo. Acreditamos que talvez seja por isso que algumas pessoas acreditam que ele possa ter ouro ou alguma mágica que gere longevidade ou estimule questões na fase adulta, o que não é verdade”, salienta.
O médico explica que a composição do leite por si só já justifica o seu estado não benéfico para pessoas adultas. Essencialmente, conforme detalha o profissional, o leite materno é composto de carboidrato, um tipo de açúcar que é a lactose, uma pequena porcentagem de gordura, proteínas e outras moléculas. Sais minerais e água concluem sua composição.
“Com isso, a gente entende que, para o adulto, esse leite pode ter o efeito inverso que tem em um bebê (ou seja, trazer malefícios), principalmente se levarmos em consideração que algumas pessoas podem desenvolver intolerância à lactose, já que esse é o principal açúcar que compõe o leite materno”, elucida.
Além disso, há outros riscos vinculado a esse consumo, como a transmissão de doenças. “Essa questão da ‘amamentação cruzada’ pode transmitir doenças como hepatite e HIV”, conclui o obstetra.
