Influenciadora indígena compartilha rituais de beleza: “A terra cura tudo”
We’e’ena Tikuna compartilha cuidados com a pele e cabelos e os segredos para uma gravidez sem estrias
atualizado
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Pode até parecer que os cuidados corporais e o ritual de beleza seja uma coisa moderna e estruturada nos últimos anos na sociedade, mas não é bem assim. A história do skincare é antiga e recheada de segredos ancestrais que foram passados de geração em geração, inclusive pelos índios, povos nativos das terras brasileiras.
A história começa há cerca de 5 mil anos, quando existem registros da criação das primeiras máscaras faciais, na Índia. No Brasil e nas comunidades indígenas, o uso de produtos naturais sempre foi um costume que, infelizmente, não possui datas registradas, por terem sido tradições passadas pela oralidade, relembra We’e’ena Tikuna (que significa “onça que nada para o outro lado do rio” e se pronuncia Veena), nascida na tribo Tikuna Umariaçu, em 1988, no Amazonas.
“É uma tradição do nosso povo o banho de lama. Minha avó sempre dizia para eu e meus irmãos nos afundarmos nessa lama, normalmente de terra preta, esperar secar e então nos lavarmos”, recorda, em entrevista ao Metrópoles.
Cuidados desde a infância
Com pele e cabelos impecáveis, We’e’ena compartilhou um pouco dos cuidados cultivados pelo seu povo. Para a tribo Ticuna, um marco na vida da mulher é a menstruação. Desde o momento anterior à menarca, as anciãs da aldeia observam as meninas da tribo e já sabem quando elas terão o primeiro ciclo menstrual.
“Quando elas menstruam, por volta de 9 e 12 anos, a menina é retirada da aldeia e fica isolada por um período de 15 a 30 dias, quando ela aprende tudo o que precisa saber para cuidar do seu corpo e se preparar para a vida adulta”, relata. Esse momento é chamado de ritual da Menina Moça.
Cuidados e menstruação
O ciclo menstrual também é sinônimo de cuidado para as mulheres da tribo Ticuna. Entre as crenças e rituais, há uma série de costumes, principalmente no que diz respeito à alimentação. É proibido, por exemplo, o consumo de carne vermelha, alguns tipos de peixe, frutas que dão gases (caso da banana, maçã e uva) e ovo. Alimentos como minguau, batata assada e chás, por sua vez, estão liberados.
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Skincare
Em meio a férteis terras, os ticunas sempre extraíram tudo que precisavam do solo. E não foi diferente com os cuidados corporais. “Temos muita terra vermelha, branca e preta na aldeia, e sempre usamos lama para passar no corpo e no rosto”, ressalta Weeena.
De acordo com a ticuna, cada uma dessas cores têm um efeito no corpo. A lama, à qual ela se refere, é, na verdade, a argila que forma quando mistura o pó a um pouco de água. “Se o rosto está oleoso ou surge uma espinha, passamos a mistura com o pó da areia branca e rapidinho ela seca”, conta.
Já o pó da terra preta, por exemplo, pode ser usado para tirar o excesso de pele morta. O resultado também é o mesmo com o uso da esponja vegetal no corpo. Para os dentes, a índia conta que o uso do carvão sempre foi habitual em terras indígenas.
Cuidados com o cabelo
Segundo ela, existe um segredo ancestral para manter os fios brilhosos. “Usamos o líquido do jenipapo com a babosa. Misturamos até formar um creminho, deixamos de molho e passamos no cabelo”, conta. Para a hidratação, a babosa – ou aloe vera – é a queridinha. “Deixa o cabelo bem hidratado e brilhante”, ressalta Wee’e’ena.
Skincare na gravidez
Grávida de oito meses, a ticuna também compartilhou os cuidados que tem com o seu corpo neste período. “O que eu mais uso são os óleos para evitar as estrias”, relatou. Desfilando uma barriga sem qualquer marca das linhas, We’e’ena conta que faz o uso diário de graxas de alguns animais, como peixe, cacarejar ou tartaruga. Além desses, o óleo de copaíba e de andiroba são adotados por ela no período gestacional.
Formada em nutrição, ela investe, sempre, em tudo que for natural. “A terra cura tudo”, defende. Outro segredinho é recorrer ao sebo de holanda (sebo de carneiro) para evitar o melasma na gravidez.
Onde encontrar?
Apesar de ainda ser difícil conseguir produtos que sejam originalmente ticunas, devido ao difícil acesso até a cidade, a nutricionista indicou uma linha de produtos 100% naturais e veganos que faz uso diário.
A marca Seiva Cosméticos Naturais nasceu de forma caseira e com o conceito de cosméticos livres de substâncias agressoras à saúde e ao meio ambiente, além de não utilizar espécies de frutas e flores em extinção ou fazer testes animais.
No site, é possível encontrar diversos óleos, cremes e argilas que levam os compostos citados por We’e’ena.
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