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James Franco vai do céu ao inferno após acusações de assédio

O ator ganhou o Globo de Ouro de melhor ator, mas perdeu o prêmio no SAG e nem foi indicado pelo Oscar

atualizado

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SAG 02
1 de 1 SAG 02 - Foto: Getty Images

Domingo, 7 de janeiro. O turbilhão de Hollywood girava em torno dos movimentos “Time’s Up” e #MeToo, nos quais as mulheres colocavam um basta em abusos sofridos por décadas na indústria do cinema e televisão.

Naquela noite histórica, as emissoras de TV transmitiram o que ocorria no Hotel Beverly Hilton, em Los Angeles, para o mundo. Era o dia delas, ocupado eventualmente por homens, muitos deles claramente sem saber o que fazer, como se posicionar e qual seria sua função ali.

James Franco, na ocasião, ao subir ao palco para agradecer a escolha como melhor ator por seu trabalho “Artista do Desastre”, foi discreto. Carregava, na lapela do paletó, um broche do “Time’s Up”, contudo. Horas depois, o Twitter já trazia notícias azedas para Franco. Pelo menos cinco garotas vieram a público, pela rede social, revelando momentos nos quais o ator teria abusado sexualmente e psicologicamente delas.

“Artista do Desastre”, nome do filme estrelado e dirigido por ele, que estreia no circuito brasileiro nesta quinta-feira (25/1), tornou-se o próprio Franco. Basta trocar a preposição. Tornou-se um artista em desastre, numa espiral que suga para baixo da qual nenhum dos outros acusados foi capaz de escapar.

Franco saiu do céu, seu melhor momento artisticamente, condecorado pela crítica internacional que vota no Globo de Ouro para ser esnobado pelo Sindicato dos Atores no SAG Awards, realizado semanas depois. Até mesmo a sua presença foi questionada. Ouviu-se, nos bastidores, que Franco só estaria ali porque tinha certeza que ganharia o prêmio. O vencedor foi Gary Oldman, pelo trabalho em “O Destino de Uma Nação”.

Franco evitou se posicionar a respeito das acusações. Em entrevista ao “The Late Show”, apresentado por Stephen Colbert, da emissora norte-americana CBS, poucos dias após o Globo de Ouro, falou sobre o caso, mas esquivou-se das acusações. “Houve algumas coisas no Twitter. Mas eu não li. Ouvi falar delas. Não faço ideia do que eu fiz para Ally Sheedy (uma das atrizes que o acusaram). Eu a dirigi em uma peça na Broadway, mas só me diverti com ela. Tenho o máximo respeito e não faço ideia de por que ficou magoada. Ela apagou o tweet, eu não sei, não posso falar por ela”, disse.

E, em retrospecto, o “Artista do Desastre” está bem distante do desastre pessoal e profissional diante do qual o americano está agora. No seu auge, digamos, como ator, Franco vive o fundo do poço pessoal. Uma contradição, aliás, que combina com “Artista do Desastre”, o longa que retrata a trajetória de Tommy Wiseau, o estranho sujeito que criou o pior melhor filme do mundo com “The Room” — um trabalho que, de tão ruim, tornou-se cult.

É um fim trágico para “Artista do Desastre”, que acabou esnobado pelo Oscar e deve ter sua vida útil encurtada nas temporadas de premiações por culpa das atitudes de Franco. Em “The Room” o que seria o fundo do poço de Wiseau — um drama que foi encarado como uma comédia — virou sua redenção. Improvável, contudo, que Franco saia dessa tão cedo.

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