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Excesso de tarefas em casa faz produção de mulheres cair no trabalho

O levantamento teve como recorte o período da quarentena e foi exposto por um jornal especializado em questões femininas dos Estados Unidos

atualizado

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Mulher fazendo anotações - Metrópoles
1 de 1 Mulher fazendo anotações - Metrópoles - Foto: iStock

O período de isolamento social escancara um problema de gênero que remonta aos velhos tempos: a divisão desigual de tarefas entre homens e mulheres.

Enquanto muitos homens tiveram apenas que se adaptar ao home office em tempos de coronavírus, muitas mulheres assumiram, também, o ensino domiciliar dos filhos e as tarefas domésticas – tudo isso em um momento de extremo estresse e fragilidade emocional.

Essa realidade foi exposta por um jornal feito por e para mulheres dos Estados Unidos, o The Lily, e tem gerado grande repercussão on-line.

O portal revelou a seguinte tendência: as mulheres, que inevitavelmente assumem uma parcela maior das responsabilidades familiares, parecem estar produzindo bem menos no trabalho do que o habitual. A análise foi feita sobre o ponto de vista acadêmico.

Uma professora da Universidade Monash, na Austrália, revelou que a produção de pesquisas e artigos de mulheres caiu cerca de 50% em relação a dos homens.

A editora adjuta do British Journal of the Philosophy of Science também afirmou que nunca testemunhou um volume de trabalho tão discrepante na vida.

Isso preocupa as entidades de ensino e põe em risco a carreira das pesquisadoras femininas.

Sobrecarga

A reportagem ainda traz à tona a estudiosa Einat Lev, que se revoltou a ouvir a seguinte frase de um colega do sexo masculino: “Pelo lado positivo, [a auto-quarentena] me dá tempo para me concentrar na escrita”.

Perplexa, ela rebateu: “Isso me parece um luxo. Nem consigo imaginar”. Ao contrário do colega, cuja mulher cuida dos filhos do casal em tempo integral, Lev precisa dividir as responsabilidades sobre a filha com o marido, que trabalha full-time.

Ela se desdobra entre suas aulas on-line, projetos acadêmicos, cuidados com a casa e ensino domiciliar da pequena, de 7 anos. Assume que, sim, seu volume de pesquisas reduziu, mas isso não significa que ela diminuiu o ritmo e está aproveitando a quarentena de pernas para o ar. Pelo contrário. Ela nunca esteve tão ativa como agora.

Para provar, Lev começou a registrar as tarefas que realiza durante a pandemia, tomando nota de quantas horas ela passa com sua filha e quantas horas consegue trabalhar por dia.

Assim, se alguém apontar que ela não foi “produtiva” durante o coronavírus, ela terá os registros para provar que estão totalmente enganados.

Pandemia afeta mais a saúde mental delas

Os efeitos psicológicos da pandemia de Covid-19 afeta mais as mulheres do que os homens, de acordo estudo feito pela ONG norte-americana Kaiser Family Foundation.

Na pesquisa, as mulheres relataram como estavam se sentindo desde o início do isolamento social.

No levantamento, 53% das entrevistadas declararam que a preocupação e o estresse estão associados diretamente ao coronavírus. Entre os homens, esse número é de apenas 37%.

Ouvidas pelas ONG, muitas mulheres confessaram que se sentem mais cansadas por precisar conciliar o home office, os cuidados com os filhos e os trabalhos domésticos.

No Brasil, as mulheres ainda trabalham quase o dobro de horas que os homens nos afazeres domésticos e cuidados de parentes, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado.

O estudo, que teve como base informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), afirma que, enquanto as mulheres dedicaram, em média, 21,3 horas semanais a afazeres ou cuidados de parentes, os homens só empenharam 10,9 horas nesse tipo de tarefa.

Quando somadas as jornadas de trabalho mais tarefas domésticas e cuidado de pessoas, as mulheres trabalharam 3,1 horas a mais do que os homens: elas somam 53,3 horas semanais de trabalho, enquanto os homens trabalham 50,2 horas semanais.

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