Campanha denuncia violência contra a mulher nas músicas brasileiras
A Prefeitura de São Leopoldo elencou letras que incitam agressão e machismo e publicou imagens de mulheres segurando cartazes
atualizado
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Como parte das campanhas de conscientização do Dia Internacional da Mulher, a Prefeitura de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, decidiu mostrar como a música brasileira trata as mulheres de forma pejorativa e violenta.
Danusa Alhandra, secretária de Políticas para Mulheres do município, conta que a ideia surgiu com a polêmica da música “Surubinha de leve” (“Só surubinha de leve com essas filhas da puta / Taca bebida, depois taca a pica e abandona na rua”), de MC Diguinho. As servidoras começaram a pesquisar se esse tipo de letra só aparecia em funks e se deparou com um cenário muito maior.
Elas encontraram exemplares de músicas machistas, sexistas e que incitam a violência contra a mulher. “Concluímos que não acontece apenas no funk. Está em toda a música brasileira: samba, rock, axé, música romântica, sertaneja. Até Noel Rosa”, diz Danusa.A secretária explica que colocar a culpa somente no funk é uma forma de aumentar o preconceito contra o ritmo cantado nas favelas e na periferia. “Como está em todos os estilos musicais, a violência e a cultura de ver a mulher de forma submissa está em toda a sociedade, na classe média, na alta, na baixa”, explica Danusa.
Uma galeria com as fotografias viralizou nas redes sociais e teve mais de 50 mil compartilhamentos. As imagens também estão expostas na sede da Prefeitura de São Leopoldo, mas devem seguir para as escolas do município. A campanha fez tanto sucesso que moradoras e outras servidoras se ofereceram para posar para novas fotografias.
Segundo a Prefeitura, a campanha não quer acusar ou criminalizar os artistas, mas promover a reflexão sobre as letras e discursos.