Brasileiras relatam episódios de xenofobia e assédio no exterior
Perfil Brasileiras Não Se Calam publica histórias de mulheres que moram fora do Brasil e já sofreram preconceito por causa da nacionalidade
atualizado
Compartilhar notícia
“Elas são de uma raça? São da favela”. A fala preconceituosa de uma participante do Big Brother Portugal, direcionada a brasileiras, repercutiu no fim de junho e expôs a discriminação sofrida por mulheres que deixam o Brasil para morar fora.
A situação ocorrida no reality, infelizmente, é frequente. Motivado pela episódio, um grupo de mulheres criou um perfil nas redes sociais, batizado de Brasileiras Não Se Calam, no qual publicam relatos de dezenas de expatriadas que já viveram situações de assédio, xenofobia e preconceitos por causa de sua nacionalidade.
Para evitar ataques, as criadoras do movimento preferem manter o anonimato tanto delas quanto das colaboradoras. “Nosso objetivo é chamar atenção para o número de casos deste tipo que, infelizmente, ainda são muito frequentes, e acabar com os estereótipos que acompanham as mulheres brasileiras por onde vão”, explicam.
“O problema não são as nossas roupas, o nosso corpo, nosso sotaque, nossa sexualidade, nossa simpatia ou o nosso sorriso, e sim a xenofobia e os estereótipos que ainda estão no imaginário social, e que muitas vezes nos precedem”, emendam as idealizadoras, em uma publicação.
Relatos
Para responder a todas as interações, traduzir os relatos para inglês e postar nas redes sociais, o grupo conta com 12 voluntárias. Em apenas uma semana, o perfil recebeu mais de 10 mil curtidas. Em grande parte delas, as mulheres desabafam sobre situações que, além de constrangedoras, podem ser classificadas como criminosas. “Estava em uma festa e enquanto esperava minha bebida, um colega que sabia que sou brasileira passou a mão na minha perna e foi levantando a minha saia”, contou uma colaboradora.
“Um cliente veio ao restaurante onde trabalho e pediu algo que estava fora do menu. Quando neguei, ele começou a gritar, me mandando voltar para o Brasil, que aqui não é a minha terra, que viemos só ‘poluir’ Portugal”, denunciou outra.
A maioria das experiências ocorreram em Portugal, mas também há depoimentos enviados dos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Dinamarca e Espanha.
O objetivo maior da campanha é sensibilizar esses países sobre a necessidade de adotar medidas para conter esses episódios. Na maioria das vezes, abafados e normalizados.
“Se você é mulher brasileira e já passou por alguma situação desse tipo, envie o seu relato por DM ou e–mail e publicaremos na página de forma anônima. Se você é homem e quer ajudar mas não sabe como, nos escute, divulgue, compartilhe, se informe e use sua voz para desconstruir conceitos preconceituosos e ultrapassados. Vamos juntos”, incentiva o grupo que administra a página.
Ver essa foto no Instagram