Rei do neon: quem é o artista por trás de badalados luminosos do DF
Grande parte dos letreiros da capital é assinada pelo brasiliense Diogo Ferreira, de 37 anos
atualizado
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Os luminosos do Cine Drive-In, Páprica Burger, do ateliê de Lucila Pena e do restaurante Contê têm um detalhe em comum: a assinatura de Diogo Ferreira. O artista é considerado o maior criador de letreiros em neon do Distrito Federal. Em bate-papo com o Metrópoles, ele revelou fatos curiosos de sua carreira, literalmente, brilhante.
O brasiliense, de 37 anos, diz ter despertado o fascínio pela luz reluzente na infância. “Meu pai, Florisval Ferreira, foi um dos primeiros profissionais a trabalhar com o neon no Brasil. Ele tinha um laboratório em casa e me deixava acompanhar de perto a criação das peças. Lembro de ver os luminosos e ficar encantado”, recorda.
Após muita insistência, o pequeno entusiasta produziu, com a supervisão da figura paterna, o primeiro letreiro. “Eu tinha 9 anos na época. Devo confessar que o início não foi fácil. Elaborar peças em neon exige criatividade, conhecimentos de física, química e fiação elétrica, além de habilidade para moldar as barras de vidro. A sorte é que tive um bom mestre”, declara.
Os luminosos com o DNA de Ferreira são feitos a partir de materiais importados da Alemanha e Itália. “Os valores altos da importação recompensam. Os letreiros podem ficar acesos por 10 mil horas. A durabilidade é semelhante à das luzes de LED”, garante.
Dependendo do tamanho e do formato, as peças levam até três dias para serem produzidas. Quando questionado sobre o maior desafio de sua carreira até então, ele dispara: “Um painel em formato de polvo para uma cervejaria. Nunca esquecerei o trabalho que tive para moldar aqueles tentáculos”, brinca.
Diogo assumiu as rédeas do laboratório quando Florisval faleceu, em 2009. “Quis dar continuidade ao legado do meu pai. Mantive a forma artesanal de produção que ele tanto apreciava, mas dei um toque de modernidade à empresa”, diz.
O primeiro passo foi trocar o nome do ateliê, localizado no DF, de Luna Neon para Super Neon. O segundo foi aumentar a gama de produtos ofertados. “Passei a aceitar encomendas de peças de pequeno porte, como luminárias decorativas”, cita. Agora, um neon personalizado pelo artista pode ser adquirido pelo valor mínimo de R$ 400.
O modelo de negócio repaginado emplacou. A lista de clientes cresceu e, junto à maior visibilidade, parcerias surgiram. “Firmei collabs com craques do circuito artístico de Brasília, como os grafiteiros Toys e Omik”, destaca.
Apesar de sua maior vitrine ser a capital, ele presta serviços para outras regiões. “Aceito encomendas de todo o país. O trabalho à distância é feito por telefone e WhatsApp. No caso de painéis de grande porte, vou até o local para fazer a instalação”, conta.
Para o futuro, Diogo deseja orquestrar workshops profissionalizantes e lançar um e-commerce com os best-sellers do ateliê.
Em alta
A arquiteta Marina Alvim salienta que os neons estão em alta. De acordo com ela, o retorno da estética oitentista, vista na moda e no cinema, também tem ditado tendências de décor. “A arquitetura possui referências artísticas cíclicas que são revisitadas. Após algumas décadas, os luminosos, capazes de dar bossa a qualquer ambiente, estão de volta”, observa.
A profissional dá a dica certeira para quem quer apostar na trend. “A peça geralmente se basta e não gosta de concorrência. Por isso, invista em letreiros em um ponto-chave da casa ou do escritório, com moderação. Se a ideia é dar destaque, tenha certeza que o espaço não passará despercebido.”