Ponto a ponto: designer Jader Almeida lança poltrona Celine
O catarinense esteve na Hill House para o lançamento de sua nova poltrona, Celine, e conversou com o Metrópoles sobre seu trabalho
atualizado
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Aos 36 anos, o arquiteto Jader Almeida é um dos mais conhecidos expoentes do desenho de mobiliário do Brasil. Sucesso por aqui e também internacionalmente, o designer é um homem direto, assim como seus produtos. Nada de rodeios, firulas ou gordurinhas. Vai direto ao ponto.
Desde 2008, vem colecionando prêmios: recebeu diversas menções no Prêmio Museu da Casa Brasileira (um dos mais importantes do país) e também em competições americanas e alemãs. Em 2015, apareceu na lista da Architetonic que elege os 200 arquitetos e designers mais populares do mundo.
Vende seus produtos não só em terras brasileiras, mas também em lojas na Europa, nos Estados Unidos e até na Nova Zelândia. O feedback, conta, é o melhor possível: afinal de contas, as pessoas são pessoas em qualquer lugar do mundo e seu trabalho pensa, em primeiro lugar, no usuário. “As peças são extensões do corpo”, explica.
Em Brasília para o lançamento de seu último trabalho, a poltrona Celine, Jader conversou com o Metrópoles sobre sua visão e seu trabalho. Em uma grande área da Hill House, (loja especializada em mobiliário brasileiro no CasaPark) estão expostos seus produtos e fica claro que o arquiteto é, além de tudo, eclético. Há poltronas, sim, mas também cadeiras, mesas, bancos, luminárias. Tudo com o ar minimalista e sofisticado que cerca suas peças.A poltrona Celine
“Ela tem essa ideia de braços abertos. O que é uma cadeira ou uma poltrona, se não o acolhimento? Quando se olha de frente para uma peça de assento, presta-se atenção na pessoa, não no móvel. De costas, ela torna-se uma extensão do corpo. É como uma prótese que te veste.
O uso da madeira
“Gosto pela própria resposta plástica do material. Sem contar que a madeira envelhece com dignidade. Daqui a 100, 200, 300 ou mil anos, se ela for armazenada correta, estará intacta, com toda a sua forma, propriedades mecânicas, físicas e visuais.”
O conceito de “brasilidade”
“Acho muito vazio, tolo e sem sentido. Brasilidade para mim é ser brasileiro. Sempre me perguntam onde está o Brasil no meu trabalho? Eu sou brasileiro e basta. Não vejo uma característica que une todos os designs nacionais, não acredito que exista uma regra. Somos uma cultura jovem, em evolução e construção.”
Sucesso internacional
“O feedback dos países nos quais estamos é quase um uníssono. O que se ouve aqui, se ouve em Nova York, Londres, Nova Zelândia, Suíça. O design tem que ser universal. Faço design para pessoas, independente se são japonesas, brasileiras ou inglesas. Por isso, a aceitabilidade é muito grande. O neozelandês fala que os produtos vão de encontro ao estilo de vida deles. Para os suíços, as peças se adaptam muito bem nas casas dos alpes ou nas áreas urbanas. O inglês gosta da maneira como os móveis se relacionam e se portam. O baiano se encanta com ele porque é leve. O carioca se atrai pelo despojado. O paulista diz que é minimalista. Mudam as palavras, mas o sentido permanece.”
Importância do trabalho
“Design tem o objetivo de fazer parte da cultura material do nosso tempo. É um testemunho daquilo que vivemos, da tecnologia que dispomos, de como pensamos e como interpretamos o mundo. Mas, no fim, é para seres humanos.”