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Designer de Ceilândia vai expor na Feira do Móvel de Milão

Marcelo Bilac tem uma marcenaria no Pôr do Sol e, por anos, trouxe à vida peças de outros designers. Agora, brilha com os próprios projetos

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Marcelo Bilac – designer
1 de 1 Marcelo Bilac – designer - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Todos os anos, a Itália recebe designers e arquitetos do mundo inteiro para o mais importante evento de design do mundo. A Feira do Móvel de Milão, que apresenta sua 56ª edição entre os dias 4 e 7 de abril, movimenta toda a cidade e são muitas as mostras paralelas que enchem as ruas da metrópole europeia. Uma delas é a Brazil S/A, que tradicionalmente apresenta o que o país tem de melhor aos compradores e formadores de opinião do mundo inteiro.

A organização da mostra faz uma curadoria com designers brasileiros e, este ano, Brasília terá um representante em terras italianas: o designer Marcelo Bilac, 38 anos, com o banco Cavalete. O assento da peça é de cedro proveniente de resíduos florestais e o vergalhão é reaproveitado da construção civil.

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Banco Cavalete

 

No ano passado, a marcenaria de Marcelo produziu os móveis que o designer brasiliense Aciole Félix levou para Milão e, na Itália, Bilac conheceu o pessoal da organização do evento. Este ano, recebeu um convite para participar da seleção. Enviou três projetos e o banco Cavalete foi escolhido para viajar e se apresentar na Brazil S/A.

Marcelo nem sempre esteve à frente dos desenhos produzidos na marcenaria que fundou com um amigo, em 1999. Até hoje, na verdade, o carro-chefe da empresa é a produção de móveis planejados e de peças de designers locais. Faz pouco tempo que Marcelo começou a transformar seus próprios sonhos em realidade.

Localizada em uma chácara no Pôr do Sol, em Ceilândia, o galpão da Marcenaria Unique divide espaço com a casa do designer e de um dos funcionários mais antigos. Um detalhe desperta atenção: os portões estão sempre abertos para as crianças da rua brincarem no campinho de futebol.

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Para criar as peças e atender à demanda, Marcelo e sua equipe já criaram máquinas

 

O designer nasceu em Brasília, mas passou a adolescência em Cuiabá. Estudou desenho industrial, e, aos 20 anos, voltou para a capital. Abriu, com o amigo Paulo, a marcenaria em Taguatinga Norte, na Praça do Bicalho. Mas esse tipo de atividade ocupa espaço, e, em 2001, os dois compraram a chácara no Pôr do Sol.

Em 2014, por estarem na Confederação das Indústrias e filiados ao Sindicato da Madeira e do Mobiliário do DF, se aproximaram do Sebrae e foram convidados a criar produtos para participar da exposição Brasil Original, no ParkShopping. Marcelo e Paulo desenvolveram quatro peças e entraram no mundo do design.

“Às vezes, a gente não acredita na própria capacidade, e depois percebe que tem condições de fazer igual ou melhor. Produzir peças de outros designers foi muito legal e me estimulou a criar os meus próprios desenhos. Eu estava com a faca e o queijo na mão”, conta Marcelo.

Foi aprendendo com o trabalho dos outros que o designer definiu um conceito para as peças que iria criar. Embora não devessem seguir uma mesma linha estética, deveriam ter em comum a sustentabilidade. “É importante trabalhar com o reaproveitamento, hoje tudo é muito descartável. Dá pra fazer uma peça bonita com material que seria descartado, que ia virar lixo, fumaça. Conseguimos trazer a matéria-prima de volta à vida”, explica o designer.

E foi assim que nasceu o banco Cavalete, que vai nascendo um banquinho feito com o pistão de amortecimento de um carro, que nasceram biombos, mesas de centro, cadeiras e outros bancos. “Ainda não ganhei nenhum dinheiro com design, mas pelo menos me divirto!”

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Banquinho com haste de pistão automotivo

 

E agora esse trabalho vai além-mar representar o país. E, mais do que isso, representar Brasília. Marcelo considera que a peça tem a cara da cidade, definida por ele como um canteiro de obras que não tem fim. “Acho que, mais do que nunca, o Brasil consegue exportar produtos com a nossa cara, sem copiar, estamos criando uma identidade. Essa peça me deixa feliz, tem a cara de Brasília e essa pegada de sustentabilidade. É como um filho, né? Estamos conseguindo mostrar a cara de Brasília para o mundo.”

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