Artesãs do Paranoá conquistam brasilienses com lindos produtos de crochê
A iniciativa consiste na venda de peças em crochê que podem ser adquiridas pelo Instagram, em loja virtual e por telefone
atualizado
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O projeto Artesãs do Paranoá surgiu a partir do anseio de voluntárias em transformar realidades e mudar o destino de mulheres em situação de vulnerabilidade social. Criada em janeiro do ano passado, a iniciativa consiste na venda de peças em crochê, com lucro revertido para as próprias artesãs e, também, para bancar os custos da produção.
De acordo com uma das criadoras e coordenadora geral do projeto, Meiriane Nunes Amaro, esse foi o caminho encontrado para empoderar mulheres e as inserir no mercado de trabalho. “Quando elas se veem capazes de conseguir sustento a partir do próprio ofício, é muito enriquecedor. Elas se tornam uma inspiração de força de vontade para as filhas e começam a acreditar em si mesmas. Tudo muda, até a atitude com os parceiros”, conta.
As peças em crochê são variadas, desde porta-celular e porta-lápis a ecobags, ursinhos e cachepôs, carro-chefe da produção. Os fios utilizados são o náutico, que é impermeável, e o fio de malha reciclado.
Cada um dos itens rende elogios por onde passam. Além do público que as acompanha nas redes sociais, personalidades famosas do Distrito Federal já atestaram publicamente a qualidade dos produtos. É o caso da empresária Moema Leão e da influenciadora digital Denise Gebrim.
Amante de moda e decoração, Denise conheceu o projeto em pesquisa na internet sobre décor com flores. Vislumbrada com a beleza dos produtos, ela comprou quatro cachepôs. Além de lindos, eles servem para inúmeras utilidades. “As peças são muito bem feitas, é algo que, realmente, se vê a qualidade. Gostei mesmo!”, comenta a blogueira, que acredita na importância da iniciativa para a vida das artesãs e de outras mulheres em situação de risco.
As criações podem ser adquiridas pelo Instagram, na loja virtual e pelo telefone (61) 99660-0049.
História
Meiriane Nunes Amaro atua como voluntária no Paranoá há mais de 20 anos. “Em todo esse tempo, sempre percebi que, de 50 famílias, 48 são lideradas por mulheres. São elas que ‘carregam o piano’ nas comunidades carentes”, conta a aposentada e filantropa.
Inconformada com a ausência de oportunidades para essas pessoas, ela teve a ideia de adicionar outra função ao voluntariado que exerce. “O trabalho assistencial não corta o ciclo da pobreza nas famílias. Isso acontece com a promoção social, quando se consegue renda como fruto do próprio trabalho”, pondera.
Após tentativas frustradas de conseguir apoio empresarial, a solução surgiu em uma conversa despretensiosa com uma amiga que também participa da iniciativa. “Depois que decidimos começar o Artesãs do Paranoá, partimos para a ação. Ensinamos as mulheres a arte do crochê contemporâneo em aulas semanais no próprio núcleo assistencial”, relembra Meiriane.
“Entre as voluntárias, nenhuma era crocheteira. Ainda assim, fomos em busca do nosso melhor. Chegou um momento que, após uma trajetória bem sucedida no lado profissional, sentíamos a vontade de empoderar outras mulheres, ajudar como podíamos”, conta.
Atualmente, 13 alunas participam das oficinas. O período de capacitação durou em torno de seis meses, de janeiro a julho de 2019, mês em que começaram as vendas em feiras do Distrito Federal, como a Feira da Lua. Até então, os materiais eram todos doados pelas voluntárias. Cada artesão recebe 60% do que produz, contam com registro profissional.
Novo cenário
A pandemia do novo coronavírus também afetou o funcionamento da iniciativa, que teve que se reestruturar. Assim como outros tipos de escolas e ambientes educativos, as aulas passaram a ser a distância, sem nenhum tipo de reunião presencial. O produtos eram recolhidos por motoboys.
“Entre as voluntárias, todas tem mais de 60 anos e ainda temos gás para ajudar a sociedade”, conta Meiriane.
O projeto foi indicado ao Prêmio Mulher Transformadora, que visa reconhecer mulheres que contribuíram para o desenvolvimento da responsabilidade social. A aposentada participa do concurso junto com outros nomes de peso, como Alice Thümmel Kuerten, à frente do Instituto Guga Kuerten.
“Somos a sementinha da transformação. Ficamos muito felizes de termos sidos reconhecidas. Sonhamos em fazer uma cooperativa formal e colocar mais mulheres dentro do corte de renda. Já temos lista de espera, no entanto, estamos indo devagar por causa da Covid-19”, finaliza.