Aldi Flosi explica o que é decoração afetiva, novo conceito de design
O consultor de estilo e expert em finalização de projetos dá dicas de como atualizar os ambientes
atualizado
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Uma bagunça interessante. É assim que Aldi Flosi, consultor de estilo e expert em finalização de projetos, define seu processo de produção. Apaixonado pelo conceito chamado de decoração afetiva, o paulista busca nas peças de família, flores naturais, composições inusitadas, mobiliário vintage e curadoria de obras de arte, a melhor maneira de contar histórias e ambientar espaços.
Depois de marcar presença em edições da CasaCor em São Paulo e no Rio de Janeiro, Flosi faz sua primeira participação no evento brasiliense. De olho no mercado da capital, ele confessa que nunca participou de um projeto local e quer estreitar os laços com Brasília. Em sua segunda visita a cidade, o especialista sócio do escritório carioca Yamagata Arquitetura bateu um papo com o Metrópoles sobre memória, identidade e claro, decoração afetiva. Confira:
Uma decoração particular
“A ideia de misturar a poltrona com a mesinha e o sofá e apresentar isso como design de interiores é um conceito totalmente ultrapassado. Os designers de interiores mais vanguardistas da atualidade criam identidade através de referências universais que não sejam obrigatoriamente de decoração e arquitetura. Moda, arte popular brasileira, cultura pop e artesanato são elementos agregados. A decoração legítima, afetiva e particular carrega uma composição que revela a identidade do proprietário em cada cantinho.”
Espaços que contam histórias
“Sempre digo que a decoração tem que ter a cara de quem vive naquele endereço. A identidade da pessoa precisa estar registrada no espaço de alguma forma. Costumo dizer também que ao receber amigos em casa, o importante não é impressioná-los e despertar o desejo de consumo daquela peça igual a que você tem, e sim gerar identificação para deixá-los ainda mais à vontade no seu ambiente particular. Isso não é possível indo a uma loja, escolhendo a vitrine toda e replicando o cenário em casa. Essa atmosfera íntima não é vendida. É preciso viajar, garimpar, ganhar presentes de gente que te conhece, pesquisar, agregar folhas, galhos e livros. Tudo isso humaniza espaços”.
Decoração afetiva X conceito mais acessível
“Uma peça garimpada, que foi resgatada na casa da mãe ou da avó tem um valor que não é contabilizado num projeto ou reforma. Então de certa maneira o conceito da decoração afetiva pode sair mais em conta. Mas isso não é regra. O orçamento, como em todo projeto arquitetônico, é definido pelas escolhas dos clientes”.
Velho X Retro X Vintage
“Alguns clientes e profissionais não sabem diferenciar o que é o velho, vintage e retrô. Sabe dizer apenas se gosta e não gosta. Se é bonito ou não é bonito. Se ele gostaria de comprar ou não. E parte importante do meu trabalho é repassar esse tipo de informação. Tive um cliente que costumava dizer: “Detesto coisa velha”. Outra questão que pega é a memória. Tem gente que valoriza a memória afetiva que os objetos são capazes de transmitir, mas muitas pessoas não gostam de fazer esse resgate por conta de um passado negativo. Tudo é legítimo na minha opinião”.
Ponte entre publicações X arquitetos X decoradores
“Comecei minha carreira no varejo em São Paulo. Após a faculdade me especializei em finalização de projetos e consultoria de estilo. Trabalhei durante sete anos na Casa Cláudia assinando a produção dos ambientes que eram publicados na revista. Era o responsável pela edição visual de matérias, capa e especiais atuando diretamente junto a fotografia. Esse período me rendeu vários contatos com editores, jornalistas e produtores. Atualmente, o que faço é a ponte entre escritórios de arquitetura e design e publicações especializadas. Produzo o conteúdo para eles, ofereço o que mais combina com a linha editorial de cada veículo e sugiro os projetos. Por sua vez, as revistas publicam os conteúdos na íntegra ou não. Dentre os veículos com os quais trabalho estão Casa Claudia, Kaza, AD Espanha e México, Casa Vogue, Arquitetura e Construção”.
Por onde começar?
“Independentemente da estética do móvel, acho importante levar em consideração a marca do tempo, a história da peça, da onde ele veio. Se pertenceu ao seu avô, se você demorou muito para comprar e trabalhou muito para adquirir a peça, se é uma herança com bagagem histórica… tudo isso rende trocas afetivas. Quando começo a fazer uma pesquisa busco informações de cada objeto. Desde a maneira como os materiais oxidam, a relação de como esse apartamento/casa está inserido no prédio/entorno. Até a história do bairro pode servir como referência”.
Confira na galeria de imagens alguns projetos assinados por Flosi que seguem o conceito da decoração afetiva: