Da mais clara à retinta: veja dicas para cuidar da pele negra na seca
A rotina de cuidados com a pele negra na seca deve atender às exigências específicas da derme; veja dicas de dermatologistas
atualizado
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Os cuidados com a pele durante o calor e a seca são essenciais para reduzir o risco de queimaduras solares, prevenir irritações e melhorar a uniformidade da cútis. Caso contrário, podem desencadear complicações como fissuras e textura escamosa. No caso da pele negra, é preciso atenção redobrada para atender às exigências específicas da derme.
De acordo com a médica dermatologista Luanna Caires, a pele negra tende a ser mais ressecada no corpo devido a uma perda de água transepidérmica. Por outro lado, pode parecer mais oleosa no rosto por conta da barreira epidérmica robusta, aliada à atividade sebácea normal.
“A maior quantidade de melanina e o menor tamanho dos corneócitos fazem com que a pele negra pareça mais brilhante, criando a impressão de oleosidade. Essa percepção pode não estar diretamente relacionada a uma maior produção de sebo, mas, sim à maneira como a luz reflete na superfície da pele”, explica Caires.
O dermatologista André Moreira Lemes, especialista em pele negra, explica ao Metrópoles que, como a pele negra perde mais água naturalmente, “é mais comum que sofra mais com o clima seco e doenças que levam ao ressecamento, como a dermatite atópica”.
Apesar das particularidades, Luanna diz que não se deve generalizar a afirmação de que a pele negra é mais oleosa ou seca do que a branca. “Fatores como clima, estilo de vida e genética também afetam a pele, tornando essencial a abordagem de cuidados personalizada e adaptada às necessidades individuais”, emenda.
Uso de sabonetes e esfoliantes
Cada tipo de pele exige produtos específicos. Além de considerar as características da derme, recomenda-se estar atento às estações do ano. Segundo a dermatologista Luanna, o uso de sabonetes, especialmente os que têm propriedades adstringentes, pode piorar o ressecamento da pele negra durante os períodos de seca.
“Sabonetes suaves, sem fragrâncias ou sulfatos, são recomendados. Além disso, apenas um banho ao dia e evitar água quente são outras medidas eficientes. Esfoliantes devem ser usados com cuidado e quando orientado, optando por versões suaves, e sempre seguidos de uma hidratação para evitar a remoção excessiva da barreira lipídica”, ensina.
Proteção solar
A melanina oferece uma proteção contra a radiação ultravioleta. No entanto, isso não é suficiente para prevenir danos ocasionados pela exposição excessiva ao sol. O uso diário do protetor solar é imprescindível, e o melhor tipo é aquele que o paciente usa, defende André Moreira.
“Protetor é teste. Às vezes, a gente acerta, às vezes não, principalmente se ele tiver cor. Existem muitas marcas no mercado, com diferentes faixas de preço. Costumo recomendar mais sobre a maneira correta de usar: três vezes ao dia pelo menos (lembrando que o protetor faz a ação de duas a três horas)”.
Caso a pessoa sue muito ou entre na água, o dermatologista recomenda aplicar novamente. “Para quem tem manchas como melasma, eu prefiro os protetores com cor”, salienta.
Quais ativos evitar em um rótulo
Embora muitas vezes sejam pequenos, os rótulos de cosméticos são importantes para detalhar o modo de uso e, principalmente, trazer informações sobre o produto, como os ativos. A dica de André Moreira é “passar longe” de hidratantes ricos em etanol (álcool), pois essa substância piora o ressecamento.
“Destaco que existem álcoois chamados de cadeia longa (cetílico, por exemplo), que são mais seguros. Outro item a ser observado é a fragrância. Hidratantes muito perfumados geralmente contém diversas substâncias para conferir este odor, e as fragrâncias podem irritar a pele.”
Adaptação da rotina de cuidados em regiões mais secas
Em regiões de baixa umidade, como o Distrito Federal, a rotina de cuidados com a pele negra deve focar em minimizar a perda de água transepidérmica.
“Isso pode ser feito utilizando hidratantes matificantes na face e mais fluidos, que criam uma barreira protetora na pele”, afirma Luanna.
Já no corpo, hidratantes mais potentes devem ser cuidados na lista. Componentes como ureia, ceramidas, pantenol, ácidos graxos essenciais, manteiga de karité, lactato de amônio, óleo de esqualeno, extratos botânicos, como aloe vera e aveia coloidal são boas pedidas.