Conheça voluntárias que ajudam mulheres vítimas das enchentes no RS
Voluntárias de todo o Brasil se uniram para ajudar mulheres vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul; conheça algumas delas
atualizado
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O atual cenário de chuvas e cheias no Rio Grande do Sul resultou em mais de 580 mil pessoas desalojadas. Embora os homens sejam a maioria entre as vítimas, mulheres e crianças enfrentam grandes dificuldades e vulnerabilidades, necessitando de suporte adequado para enfrentar a crise humanitária.
Nas últimas semanas, o Ministério das Mulheres recebeu denúncias de abusos a meninas e mulheres em abrigos no RS. Há ainda relatos de vítimas abandonadas por seus parceiros e enfrentando desconforto ao usar os banheiros ou dormir. Mesmo em meio a um desastre, a segurança das mulheres não está garantida.
Para tentar contornar a situação, algumas mulheres se uniram a fim de ajudar as vítimas dessas violências. Uma delas é a advogada de Canoas (RS) Marianne Calixto que, com outras voluntárias, fundou o primeiro abrigo exclusivo para mulheres e crianças.
“Quando começaram a surgir relatos de abusos nos abrigos, não vi outra forma de trabalhar a prevenção. É muito gratificante ouvir o quão seguras elas se sentem no nosso abrigo. Nosso papel é oferecer privacidade e tranquilidade”, conta Marianne ao Metrópoles.
Segundo a advogada, é preciso que as mulheres se unam para ajudar umas às outras. “Nós sabemos o que sofremos e em quais situações estamos em risco. As mulheres precisam trabalhar juntas nessas pautas tão sensíveis, somos potência quando nos unimos”, afirma.
Primeiro abrigo
Antes de colocar em prática o primeiro abrigo exclusivo para mulheres e crianças de Canoas, Marianne entrou em contato com a ex-BBB Marcela Mc Gowan, que trabalhou como voluntária em um dos hospitais da cidade. Ela também teve acesso aos casos de abuso e se uniu à causa. O abrigo nasceu no dia 8 e, em dois dias, já havia atingido a lotação máxima, de 60 pessoas.
O alojamento funciona com o apoio do Instituto Survivor, idealizado pela influenciadora Duda Reis e advogada Izabella Borges, e da ONG #MeTooBrasil, fundada por Marina Ganzarolli. As instituições atuam na prevenção e acolhimento de mulheres em situação de violência doméstica, assédio e abuso sexual.
“Além dos relatos, a gente observou diversas mães solos e famílias monoparentais femininas com crianças que poderiam estar em abrigos exclusivos. Naquele momento, não tinha nenhuma iniciativa nesse sentido, então a gente lançou uma campanha e, logo em cima, veio a criação do abrigo”, diz Ganzarolli.
Parcerias
Segundo Mariana, outros abrigos exclusivos foram fundados no RS. A parceria entre o Instituto Survival e #MeTooBrasil, por exemplo, fez com que Novo Hamburgo também recebesse um alojamento para mulheres.
“Estruturamos outro abrigo em Novo Hamburgo — esse 100% operação do Instituto Survival e #MeTooBrasil. Trata-se de um abrigo que está 100% em funcionamento, com cerca de 50 mulheres e crianças. Nós que estamos por trás desse projeto”, conta.
Para Mariana, é necessário garantir que essas mulheres e crianças tenham acolhimento qualificado por um período que se estenda a essa resposta de emergência. “Esse é o ponto que estamos trabalhando agora com o projeto SOS Mulheres e Crianças Rio Grande do Sul”, emenda.
A união faz a força
Marianne não é a única atuando na linha de frente dessa causa. Carla Zanella, coordenadora do coletivo Emancipa Mulher, também tem contribuído ativamente para socorrer a população, oferecendo o suporte necessário às mulheres e crianças afetadas.
Além de receberem doações em espaços físicos do projeto, a organização também aceita contribuições financeiras via chaves PIX. Segundo a socióloga, o projeto está trabalhando em muitas frentes, como distribuição de absorventes, alimentos e roupas, visitas a abrigos e criações de campanhas.
“Além das violências que ocorrem durante esses momentos, elas também são as mais responsáveis com o trabalho do cuidado e, agora, pelas organizações dos espaços. Então, a gente atua em diversas áreas, não só recebendo doações, como visitando abrigos femininos para saber das principais demandas”, comenta.
Protocolo
Carla conta ao portal que o coletivo também foi um dos responsáveis pela organização e criação de um protocolo e recebimento de denúncias de violências em abrigos no RS. A ideia é oferecer um espaço para as vítimas, além de estabelecer diretrizes e uniformizar o funcionamento dos abrigos.
“Participamos ativamente da campanha de organização do protocolo e fomos uma das primeiras organizações que identificou a necessidade de ações como essa. Assim, os abrigos saibam como agir diante dessas situações”, afirma a ativista.
O documento prevê o atendimento multidisciplinar com profissionais de várias áreas. Outra questão é sobre o acolhimento, que deverá garantir ‘‘a existência de serviços de abrigos exclusivos para mulheres e seus filhos, com equipe de profissionais exclusivamente mulheres.’’
Veja como ajudar
Instituto Survivor
Instagram: @institutosurvivor
PIX: 49.437.173/0001-60
#MeTooBrasil
Instagram: @brasilmetoo
Telefone: 0800-020-2806
Emancipa Mulher
Instagram: @emancipamulher
PIX: emancipamulher@gmail.com (em nome de Carla Zanella)