Conheça Kananda Eller, influencer que desmistifica a ciência no TikTok
Kananda Eller é conhecida como Deusa Cientista por levar ciência de forma criativa e acessível aos internautas
atualizado
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A trajetória da primeira mulher a cursar medicina no Brasil, em 1887, simboliza um marco histórico na luta pela inclusão das mulheres nas ciências. Desde então, as mulheres puderam inserir-se neste campo e fazer diferença. É o caso da baiana Kananda Eller, também conhecida como Deusa Cientista.
Química, mestranda de ciências ambientais pela Universidade de São Paulo (USP) e produtora de conteúdo, Kananda se destaca não apenas por suas conquistas acadêmicas, mas também por empoderar mulheres a ocuparem lugares majoritariamente masculinos.
Devido à relevância que acumula na área, Kananda foi convidada pelo TikTok para participar do evento Mulheres na Ciência, que aconteceu nesta terça-feira (19/3), no SESI LAB de Brasília. A cientista teve a oportunidade de abordar temas como redes sociais e divulgação científica, além de bater um papo com o Metrópoles sobre o assunto.
“Minha mãe e minha avó foram duas peças-chaves pela minha paixão por ciência. Minha avó porque ela dormiu dois dias na fila do SESI, um colégio que incentiva muito esta área, para me matricular quando criança e minha mãe que sempre me incentivou a ocupar esses espaços”, relembra.
Kananda afirma que sempre teve facilidades com disciplinas como matemática e a própria química.
Porém, ela nunca teve referências de mulheres em sua família que seguiram na ciência. “Esse amor foi construído a partir de mulheres que entendiam que ali era um lugar possível”, diz.
Redes sociais, ciência e empoderamento
Com mais de 225 mil seguidores no Instagram e 117 mil no TikTok, a Deusa Cientista tem um objetivo claro em suas na internet: “Contar uma ciência que não te contam”. Ela se dedica a produzir conteúdos sobre química no cotidiano, além de compartilhar curiosidades e informações pouco conhecidas sobre cientistas.
O propósito por trás disso é combater a desinformação e promover uma visão mais ampla e inclusiva da ciência. Por isso, a mestranda acredita que as redes sociais desempenham um papel fundamental na divulgação científica e no empoderamento devido à sua democratização.
“Muitas narrativas foram silenciadas e a internet é um espaço que pode fazer com que elas existam. Hoje em dia, conseguimos expandir muito a fala de mulheres, negras e indígenas. Qualquer pessoa com um celular na mão consegue transmitir alguma informação”, afirma Kananda, ao Metrópoles.
Curadoria dos conteúdos
Questionada sobre a escolha dos conteúdos que compartilha nas redes sociais, a Deusa Cientista conta que uma de suas principais fontes de inspiração é a leitura, principalmente de obras feitas por homens e mulheres negras.
“Esse é o meu ponto de partida: descolonizar a minha cabeça, porque eu entendi que meu trabalho é trazer referências de estar fora dessa caixa ‘colonizadora’ que aprendemos nas instituições. O meu primeiro movimento é olhar para os meus ancestrais para entender o que eles estão falando”, salienta.
Em seguida, a produtora de conteúdo sistematiza os assuntos para levá-los de forma criativa e acessível aos internautas. “Eu gosto de falar da ciência no geral, mas também de ensinar as pessoas coisas que não foram ministradas para gente. A ciência está em tudo, mas muita gente não percebe”.
“Aproveitem as oportunidades”
Apesar de ser uma área em que não se costuma ver muitas mulheres atuando, muitas delas conseguem superar as barreiras e contribuir significativamente para o avanço da ciência. Como Kananda está inserida neste meio, ela aconselha fortemente este público a seguir seus sonhos.
“Aproveitem todas as oportunidades que tiverem. Viva essa vida acadêmica, tenham sede de conhecimento. Uma coisa que eu sempre vejo assim, pelo menos comigo, são barreiras, como “não vai por esse caminho” ou “este lugar não existe”. Se este lugar não existe você pode criá-lo”, finaliza.