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Xô, etarismo! Aos 60 anos, educadora do DF dá show em prática circense

Enquanto a população desenvolve diversos métodos para envelhecer bem, há ainda preconceito com quem atinge a terceira idade

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Etarismo. Mulher de 62 anos que pratica aulas de “circo”
1 de 1 Etarismo. Mulher de 62 anos que pratica aulas de “circo” - Foto: Wey Alves/Especial Metrópoles

A gente vive em um sentimento coletivo de chegar à maior idade possível. Completar 80 ou até mesmo 100 anos é quase sempre um sinal de vitória e, aqueles que conquistam tal proeza, são como vencedores do jogo da vida. Por que, então, para algumas pessoas, envelhecer é um problema?

De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), 16,8% dos brasileiros com mais de 50 anos já se sentiram vítimas de algum tipo de preconceito por estarem envelhecendo. Ou seja, não é nem preciso chegar à terceira idade (60 anos) para sentir o etarismo, maneira como a aversão a idosos foi batizada.

Mas nem todos se intimidam pela opinião alheia. Para a professora de inglês Marta Diniz de Rezende, de 60 anos, a idade nunca foi um obstáculo. “Eu me sinto jovial e quero chegar aos 70 melhor do que cheguei aos 60”, conta.

Mulher de 60 anos fazendo acrobacia circense em tecido no teto
Ao 60 anos, Marta Diniz de Rezende é adepta ao Fit Fly

“Eu penso que a idade está na cabeça da gente. Então, esquece [a questão da idade] e agradeça se você está fazendo 60 ou 70 anos. Afinal, muitos não tiveram a mesma oportunidade”, frisa.

Desafio nas alturas

Em busca de uma atividade que pudesse ajudá-la a se movimentar e exercitar o corpo, Marta decidiu dar um início a um novo desafio: fazer aulas de Fit Fly. A metodologia acrobática utiliza o tecido circense como principal instrumento e trabalha o fortalecimento muscular e o equilíbrio.

“Fiz uma aula experimental e adorei. Não parei mais. Eu me encontrei no Fit Fly. Realmente, tenho vontade de vir para a aula e de exercitar minha força ao fazer cada movimento”, declara Marta. O método, criado no Distrito Federal, foi idealizado pela brasiliense Ana Sofia Lamas.

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E se desafia em uma prática circense
Trabalhando a força e o equilíbrio, Marta é apaixonada pelo Fit Fly
Treinando acrobacias circenses, ela faz diversas poses
E desafia o etarismo
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Marta tem 60 anos

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E se desafia em uma prática circense

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Trabalhando a força e o equilíbrio, Marta é apaixonada pelo Fit Fly

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Treinando acrobacias circenses, ela faz diversas poses

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E desafia o etarismo

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Recomendada para todas as idades, a prática desafia idosos e crianças. Nas aulas, é preciso se apoiar em tecidos circenses e fazer movimentos desafiadores, como ficar de cabeça para baixo a determinada altura, girar e se equilibrar em diferentes poses.

“É gostoso fazer essas aulas e se desafiar a cada novo movimento”, diz a aluna de 60 anos ao Metrópoles

“As pessoas olham as poses que eu faço e dizem que eu sou louca. Mas eu não tenho medo das acrobacias, eu tenho medo de não conseguir ter força para fazê-las”, revela.

Pique de milhões

Mesmo aposentada, a educadora nunca parou de trabalhar. Atuando como professora de inglês em uma rede de ensino privado, Marta conta que há 41 anos desenvolve seu trabalho com paixão — sentimento que a motiva diariamente a manter o alto astral e a jovialidade.

“Gosto muito de fazer as coisas com paixão e eu acho que é por isso que sou tão encantada por essa aula”, relata. Segundo ela, a sede de viver é um dos ensinamentos cultuados em sua casa e foram ensinados pela mãe.

“Eu tenho um grande exemplo em casa que é a minha mãe. Atualmente, ela tem 91 anos e, aos 84, ela se formou pela segunda vez com uma pós-graduação”, diz, com orgulho. “Eu venho de uma família muito animada, a gente gosta de brincar, de curtir, de viajar… A vida é curta, então, a gente tem que aproveitar”, pontua.

“Eu comemorei bastante os meus 60 anos e quero comemorar ainda mais os 70, os 80, os 90…”, planeja.

Entrevista com Marta, mulher de 62 anos que pratica aulas de “circo”.

Etarismo

O termo passou a ser discutido por volta da década de 1960, nos Estados Unidos, quando a palavra ageism (idadismo, em tradução literal) foi criada pelo gerontologista Robert Butler. Ele é utilizado para definir a discriminação a partir da idade — principalmente para as pessoas com mais de 60 anos.

Conforme descrito no Relatório Mundial sobre Idadismo, da Organização Mundial da Saúde (OMS), o etarismo se refere a “estereótipos, preconceitos e discriminação direcionadas às pessoas com base na idade que têm”.

Desenho de vários bonequinhos com plaquinhas contra o preconceito
A luta contra o etarismo é o melhor caminho para o futuro

Resumidamente, o etarismo é usado para contextualizar o preconceito contra a pessoa idosa. “É o complexo de ideias e preconceitos em torno do envelhecimento. De que as pessoas mais velhas valem menos, de que envelhecer é algo negativo em geral, e que as pessoas idosas têm baixas perspectivas de realizações pessoais”, elucida a psicóloga Maria Rafart.

Crescimento da população idosa

Enquanto há quem desestimula e critica àqueles que correm atrás de seus sonhos, independentemente da idade, a população idosa segue crescendo. De acordo com dados da OMS, o mundo terá mais de 2 bilhões de idosos até 2050.

Além disso, em 2019, o número de pessoas idosas no Brasil, ou seja, com mais de 60 anos, era de 32,9 milhões — cerca de 15,5% da população total do país. À época, já existiam mais idosos em solo brasileiro que crianças de até 9 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Desenho de uma mulher morena e idosa andando em um carrinho para locomoção
População idosa segue crescendo no Brasil e no mundo

Para especialistas, é preciso se adequar para receber e contratar pessoas mais velhas, bem como criar métodos de integrá-los ao resto da equipe. “Para que pessoas de diferentes idades tenham a oportunidade de aprender umas com as outras, é importante que os resultados exijam interdependência de tarefas e funções. A integração entre eles de acontecer de forma contínua”, pontua Cristina Sabbag, sócia da Talento Sênior.

“É preciso começar a pensar em como estabelecer políticas de integração e manutenção de profissionais maduros na empresa e preparar equipes e líderes para essa realidade”, sugere Sabbag.

À frente da empresa que atua na inclusão de profissionais com mais de 45 anos no mercado de trabalho, Cristina pontua que combater o preconceito é o primeiro caminho para abrir portas para a inclusão completa e produtiva. “Essa será a melhor maneira para lidar com o futuro”, conclui.

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