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Vaporização vaginal: saiba tudo sobre a técnica natural de limpeza

Apesar de não ter provas científicas do benefício da prática, mulheres que experimentaram afirmam ter bons resultados

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Mulher segura flor em frente à calcinha - Metrópoles
1 de 1 Mulher segura flor em frente à calcinha - Metrópoles - Foto: iStock

O cuidado com a região íntima é um hábito que as mulheres cultivam em diversas culturas ao redor do mundo. Algumas técnicas passam de geração em geração. Outras, fazem parte de “modinhas”. Entre as opções mais naturais que têm ganhado destaque, chama atenção o banho de vapor com ervas medicinais (conhecido popularmente como vaporização vaginal).

A prática entrou no radar wellness depois que a atriz norte-americana Gwyneth Paltrow afirmou ser adepta. Conheça mais sobre a atividade:

A vaporização vaginal ou vaporização do útero, como é conhecida em ciclos de ginecologia natural,  nada mais é que um banho de vapor envolvendo ervas aromáticas na região genital feminina. No procedimento, a mulher se senta sobre um recipiente com água quente misturada à ervas aromáticas, permitindo que a vagina receba a vaporização.

Clínicas, spas e centros de beleza nos Estados Unidos e na Inglaterra cobram entre R$ 180 e R$ 200 pela vaporização, apesar do serviço não ser aprovado pelas respectivas agências regulatórias de saúde. No Brasil, kits de ervas para fazer a técnica em casa custam a partir de R$ 10, se comprados em feiras populares.

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Para fazer a vaporização vaginal, é preciso de uma banqueta de apoio, ervas e uma cumbuca para colocar a infusão

 

A terapeuta holística Jéssica Portes, 24 anos, conheceu a vaporização quando começou a estudar sobre ginecologia natural. “Minha experiência, desde o início, foi maravilhosa e o processo mexeu muito comigo e minha sensibilidade. Após a primeira vez, tive um sonho muito significativo de memórias de quando eu estava no útero da minha mãe e isso me deu uma consciência de que a prática vai muito além da questão física”, compartilhou. “Nos dias que eu faço, me sinto muito conectada com o meu eu feminino e meu lado não racional”, afirma.

A terapeuta costuma fazer por conta própria e também orienta mulheres que nunca fizeram no centro clínico do Guará 1. “Sugiro porque é uma prática curativa para o feminino e a mulher. Não atua só fisicamente, pois trabalha também o energético, o espiritual e o emocional”, defende.

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A escolha das ervas a serem utilizadas devem estar ligadas a suas características e o objetivo da mulher

 

Já o primeiro contato da bióloga e terapeuta Christielle Rezende, 34 anos, foi há três anos, quando buscava um tratamento natural para uma desordem ginecológica. “Fiquei três anos sem menstruar e os ginecologistas suspeitaram que eu estava com indícios de castração química por excesso de anticoncepcional. O único tratamento que eles indicaram foi tomar outra pílula hormonal, então decidi procurar alternativas”, relembra.

Uma das opções que ela encontrou foi a vaporização. “Comecei a fazer pra mim. Fiz um tratamento de 28 dias de limpeza, depois fazia uma vez por mês, na lua nova. Cerca de oito meses depois, minha menstruação desceu”, conta. Depois dos bons resultados, ela se encantou e decidiu fazer cursos para se capacitar e ajudar outras mulheres.

Hoje, Christielle possui um espaço terapêutico, chamado Botica’s do Cerrado, localizado na 509 Norte, com uma tenda específica para mulheres que tenham interesse em fazer a vaporização. A terapeuta guia a montagem manual do buquê de ervas que serão utilizadas. O momento é acompanhado de músicas e mantras. Christielle recomenda ainda o uso de saias longas e meias para proporcionar a sensação de aconchego. “É bom pra tratar tanto queixas ginecológicas, como a parte emocional, se  reconectar com o ventre sagrado e a energia feminina”. O tratamento está incluso na consulta, que custa R$ 100.

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Artemísia, sálvia e camomila são as ervas mais utilizadas por Christielle

 

A estudante Ana Gabrielle Ramos, 22 anos, resolveu experimentar a vaporização após ser diagnosticada com adenomiose, doença que causa cólicas intensas e fluxo menstrual excessivo. “Os remédios já não faziam mais efeito e comecei a procurar métodos naturais. Participei de uma oficina sobre Ginecologia natural e conheci a vaporização. Na primeira experiência já me senti melhor, como se estivesse fazendo uma limpeza. Hoje não tenho mais os sintomas que antes me incomodavam”, comemora.

Ela costuma fazer no próprio quarto com uma bacia, óleos essenciais, ervas e música para relaxar. “Fervo a água, coloco em um balde, adiciono óleos essenciais e ervas, fico de cócoras em cima do balde sem encostar na água e uso uma coberta para abafar o vapor. Fico até sentir a água esfriando, geralmente 20 minutos”, compartilha. Ana acredita ser um ótimo meio natural para aliviar sintomas e controlar dores.

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Relaxamento, conexão consigo mesma e meditação são partes da vaporização

 

A terapeuta holística Mayara Árvore, 29 anos, também conheceu a vaporização nos estudos da profissão e de ginecologia natural. “Tudo que eu prego, tenho que experimentar. Preciso também ter responsabilidade curativa comigo para estar bem e poder ajudar os outros”, explica.  Conforto é a palavra que define a experiência de Mayara. “É um tempo para você, no qual você fica completamente conectada com seu corpo. Eu tenho muitos insights e respostas sobre mim”, conta.

Ela faz a ressalta de que nem todas as ervas são recomendáveis e é preciso estudo para usá-las bem. Mayara indica a camomila e acrescenta que, além de acalmar, a erva cura memórias e culpas. “Eu acredito que quando a gente se cuida, nos libertamos como mulher”, revela. A terapeuta define a prática como um auto de cuidado.

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Apesar de as praticantes relatarem benefícios, médicos e pesquisadores não possuem comprovações científicas da eficácia e acreditam no efeito placebo

 

A ginecologista, Giani Silvana Schwengber Cezimbra afirma que não há nenhuma evidência científica de que a vaporização tenha algum benefício para a saúde. “A tonificação da vagina, vendida pela prática, depende do estímulo à musculatura pélvica, vaginal e do períneo. Da mesma forma, ao esquentar a vagina aumenta-se o risco de proliferação de alguns tipos de bactérias, que podem causar sintomas desagradáveis, além de fungos, causadores da candidíase”, explica.

A médica ainda credita os benefícios do procedimento, experimentados pelas praticantes, ao efeito placebo. “Significa que a técnica pode apresentar resultados graças aos efeitos psicológicos oriundos da crença da pessoa que está usando o método ou tratamento, como uma autossugestão. O efeito placebo é um efeito psicológico real e muito comum”, defende.

Sobre a higiene íntima, a ginecologista afirma que a vagina e o útero se mantém limpos sozinhos. “A flora vaginal é composta por vários tipos de micro-organismos, que são naturais ao corpo e essenciais para o bom funcionamento do sistema genital feminino. Se destruirmos as bactérias, passamos a uma maior predisposição a infecções oportunistas. Quando fazemos limpezas vaginais internas ou mesmo aumentamos a frequência da higiene vulvar, estamos agredindo a flora normal”, ensina.

Para cuidados íntimos, ela recomenda o uso de água e sabonete neutro, nos banhos diários, calcinhas de algodão, roupas que sejam mais leves e permitam uma boa ventilação também ajudam a manter a temperatura e a umidade em equilíbrio, além de manter uma alimentação balanceada, sono com qualidade e investimentos em outros aspectos que promovam uma boa saúde em geral são sempre importantes.

A vaporização é contraindicada para grávidas ou mulheres com suspeita de gravidez. Também não é aconselhável fazer durante a menstruação, crises de candidíase e por quem usa o dispositivo intrauterino (DIU).

 

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