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Trancistas do DF resgatam raízes afro e ampliam o mercado de beleza

Além de trabalhar a autoestima das clientes, os salões afro oferecem uma forma de resistência e de se conectar com a cultura

atualizado

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Jacqueline Lisboa/Especial para o Metrópoles
Brasília (DF), 19/04/2019. Trancistas do DF. Salão Rainha de Sabá. Local: Conic, Asa Sul. Foto: Jacqueline Lisboa/Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), 19/04/2019. Trancistas do DF. Salão Rainha de Sabá. Local: Conic, Asa Sul. Foto: Jacqueline Lisboa/Metrópoles - Foto: Jacqueline Lisboa/Especial para o Metrópoles

Trança de raiz, crochê, box braids, twist, dread, adornos metálicos e apliques em cores vibrantes… Muito mais do que se sentir bonita e renovada com uma mudança capilar, os salões afros oferecem também um local de irmandade e um resgate à ancestralidade negra.

O mercado de centros capilares específicos para esse público ainda é pequeno no Distrito Federal, mas algumas iniciativas começam a pavimentar o caminho para que esses salões sejam cada vez mais comuns. As principais trancistas, como são chamadas as profissionais especializadas em diversos tipos de tranças, da capital são também empreendedoras e donas do próprio negócio.

Nos últimos anos, o segmento vem ganhando cada vez mais visibilidade e isso reflete no aumento da demanda, o que pode ser explicado pelo movimento de resistência negra. “O cabelo não é apenas uma parte do corpo, mas uma forma de expressão dessa cultura e identidade afro. A valorização do crespo é bem positiva, porque antes o alisamento era uma forma de ser aceita na sociedade racista”, aponta a doutoranda em políticas públicas e pesquisadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros Marjorie Nogueira Chaves.

A pesquisadora também reforça que essa procura identitária não é uma moda, porque não tem um propósito mercadológico. Além disso, Marjorie comenta o impacto do movimento negro na indústria da beleza. “O mesmo setor que antes produzia alisantes precisou se reinventar para atender aos cabelos crespos”. Os salões afros são outra vertente desse negócio que deve começar a crescer devido a essa valorização da cultura negra.

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As redes sociais, segundo a pesquisadora, com certeza ajudam a dissipar e agilizar esse movimento. “Existe agora uma juventude empoderada e capaz de repensar os procedimentos estéticos”, fala. “Esse apreço tem sido relevante, porque o que antes era feio e desinteressante passou a ser um reconhecimento de si mesma. O uso do cabelo afro tem feito bem para a autoestima feminina”.

Ana Paula Nascimento abriu o Salão Afro Rainha de Sabá em 2007 e virou referência na cidade. Na época, ela e a irmã, Rose Costa, atendiam na Asa Norte. “Como o público de lá não era voltado para cabelo afro, viemos para o Conic, que é o centro dessa procura”, conta. A mudança foi realizada em 2008.

O negócio sempre foi focado em fios crespos, demanda que as duas irmãs sentiram na pele devido a dificuldade de achar um salão capaz de trabalhar os próprios cabelos. “Tudo era muito focado em alisar e chapar as madeixas”, lembra Ana. O carro chefe do local começou com trança e evoluiu para um leque cheio de opções do penteado, além de dreads, corte, relaxamento e hidratação para crespos.

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O local é especialista em tranças
E outros procedimentos
O Salão Afro Rainha de Sabá é focado em cabelo crespo
Nos últimos 12 anos, elas aprimoraram várias técnicas
A equipe é focada e entrega um trabalho de qualidade
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As irmãs Rose Costa e Ana Paula Nascimento comandam o estabelecimento, fundado em 2007

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O local é especialista em tranças

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E outros procedimentos

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O Salão Afro Rainha de Sabá é focado em cabelo crespo

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Nos últimos 12 anos, elas aprimoraram várias técnicas

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A equipe é focada e entrega um trabalho de qualidade

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Ana Paula Nascimento

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Rose Costa

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Os penteados variam do básico ao mais incrementado com cores e adornos metálicos

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Outro objetivo das irmãs era criar um ambiente confortável para as clientes. “Para nós, negros, é raro ir a um salão e encontrar só pessoas da nossa cor, com alta qualidade de serviço, e se sentir bem. Minha realização pessoal é fazer da empresa um pequeno lar”, afirma Ana. O clima de família se dá também pelas irmãs trabalharem com duas primas e terem contratado duas trancistas estrangeiras.

Ana Paula revela dar preferência a profissionais de fora do Brasil. “Estamos com duas funcionárias nascidas na Guiné Bissau. O padrão da trança internacional tem outro nível, o trabalho delas é minucioso e de alta habilidade”, elogia. A trancista aponta que em Brasília existe uma certa dificuldade em se aprender a fazer penteados para cabelo afro.

Não há na cidade, uma escola especializada em trança e assuntos afros. Em praças como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador já existem centros específicos. Eu e minha irmã somos autodidatas, buscamos conhecimento no mercado e em vídeos na internet

Ana Paula Nascimento

A proprietária da Chance Creative Agency e cliente do Rainha de Sabá Monique Correa escolhe frequentar o salão afro por se sentir mais confortável e ter mais confiança nas profissionais do local. “Esse mercado da trança tem tudo para crescer. Precisamos desmistificar o cabelo crespo. Para mim, fazer uma trança é como um penteado de casamento: é especial e tem um propósito diferente do comum”, afirma.

Nega do Pixain
Nega do Pixain, outro salão afro referência no DF, abriu as portas em Taguatinga há cerca de quatro anos motivado pela necessidade de sustento. “Meu marido havia se acidentado e tínhamos um bebê, então comecei a atender em domicílio. Depois de um tempo tive outra filha e tinha que levá-los comigo para fazer atendimentos nos fundos da igreja onde congregava”, lembra a trancista e maquiadora profissional Quezia Costa.

Na época, ela fez uma página no Facebook para mostrar os penteados que fazia inspirada por celebridades americanas. Com a boa movimentação da página, Quezia uniu forças com a irmã, a trancista Queren Hapuque, e abriu o salão.

Muito além do estilo, a trancista encara o próprio negócio como uma forma de se conectar com a cultura negra. “Encontramos nas box braids, laces e outros estilos uma forma de elevar nossa autoestima e resistência. Empoderamos mulheres negras para serem elas mesmas, mas com vários estilos e aparências”.

Afro Itinerante de Brasília
“Sempre pensei em empreender. Como todo jovem de periferia, conseguir um primeiro emprego parecia um pesadelo”, conta Layla Moreno, CEO da Afro Itinerante de Brasília. Durante os estudos, a trancista vendeu bijuterias, chocolates, brigadeiros e cupcakes, enquanto desenvolvia a habilidade de fazer penteados.

Layla conseguiu uma vaga em um salão do Conic, mas a experiência passou longe do esperado. “Quando saí de lá, as clientes não me largaram mais. Comecei a atender em domicílio, uma delas me chamou para fazer parceria em um salão e estamos aqui até hoje”, fala.

A colaboração deu tão certo que o negócio cresceu e hoje emprega mais três pessoas. Na Afro Itinerante, o penteado mais pedido é a box braids. Além dele, Layla também trabalha com cabelos em transição, outros tipos de trança – como a raiz e a crochê – e vê que o cuidado com o cabelo afro tem um papel fundamental no amor próprio das clientes. “Devolve a autoestima e é prático porque elas já acordam prontas. É incrível poder retornar algo tão delas e permitir que elas se sintam confiantes novamente”, afirma.

 

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Box braids da @flaviamgodinho ? Nossa agenda de janeiro já está aberta para marcação a partir do dia 14! Mande mensagem para (61) 992289669. #boxbraids #boxbraidsbrasil

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Confira alguns dos penteados mais procurados:

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Box braids
Dread com cachos nas pontas
Trança crochê
Dread de lã colorida
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Trança de raiz

Reprodução/@afroitinerantedebrasilia
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Box braids

Reprodução/salemmitchell
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Dread com cachos nas pontas

Reprodução/@negadopixain
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Trança crochê

Reprodução/@shyanhazel
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Dread de lã colorida

Reprodução/@afroitinerantedebrasilia

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