Tendência: jovens optam por não ingerir bebida alcoólica
Cresce a procura por drinks sem álcool e o número de jovens que escolhem não beber nem socialmente. Especialistas destacam benefícios
atualizado
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Um happy hour na quinta-feira pós expediente ou uma balada no sábado: diversos são os exemplos de eventos ou comemorações sociais que implicam no consumo de bebida alcoólica. Desde os 18 anos, quando os jovens são legalmente liberados para beber, drinks e cervejas passaram a ser associados à diversão.
A geração Z, porém, parece ser a exceção da regra. Segundo o relatório de tendências para 2023 do Pinterest, a pesquisa pelo termo “bebidas sem álcool sofisticadas” subiu 220% entre setembro de 2020 e setembro de 2022. A rede social é o endereço certo de quem busca por referências visuais, dicas ou tutoriais, então esses dados funcionam como um termômetro para o comportamento dos jovens.
Para além do Pinterest, outra rede social tem agregado os jovens que não são chegados a uns “bons drinks”. O perfil @livredoalcool, no Instagram, promete ser um “espaço de apoio e normalização da sobriedade”. Por lá, artes “instagramáveis” trazem desenhos e informações sobre os benefícios de cortar o consumo alcoólico. Julia Ferron, a criadora da página, está sem beber desde setembro de 2020.
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Pressão social
A especialista em Experiência do Usuário Tamires Correia, 29, é outra que abriu mão do álcool em prol da própria saúde física e mental. Em entrevista ao Metrópoles, ela contou que teve um “estalo” de que o consumo da substância nunca a fez bem, mas bebia para socializar.
“As ressacas sempre foram carregadas daquela sensação desconfortável de arrependimento, vergonha e ansiedade. Mas, ainda assim, o álcool era a maneira mais ‘acessível’ não só interagir e pertencer socialmente, como também de lidar com alguns sentimentos e situações”, lembra Tamires Correia.
A decisão de cortar o álcool veio com uma mudança 360º. “Junto a adoção de alguns hábitos saudáveis (voltar a me exercitar com frequência, ter uma alimentação mais nutritiva, dormir direito e etc), me veio a ideia de parar de beber. Era algo que eu sempre cogitava, mas não colocava em prática – quem nunca?”.
A jornada começou oficialmente no dia 7 de agosto de 2022. Nesses quatro meses, Tamires conta ter conhecido uma versão sua sem a substância e destaca as melhorias de um organismo sem álcool.
“Sinto que entendo as minhas limitações e tento buscar soluções mais práticas para as minhas questões: ganhei mais discernimento e clareza mental. Fisicamente, me sinto mais disposta, com menos dores de cabeça e no estômago. A pele também tem mais viço e melhor textura”, finaliza Tamires Correia.
Impacto no organismo
“Na literatura científica, não há dúvidas quanto aos malefícios do uso crônico e abusivo de álcool ao nosso organismo”, destaca a doutora Daniela Carvalho, gastroenterologista e hepatologista da clínica GastroCentro.
O uso crônico da substância, segundo a médica, pode levar à pancreatite crônica e cirrose hepática; a distúrbios neurológicos, como depressão e quadros demenciais; além de favorecer o aparecimento de doenças cardiovasculares como infarto e derrame.
A nutricionista Ruth Helena Ritter também que o álcool causa desidratação e danos ao intestino, além de promover o ganho de peso. Também citou, em entrevista ao Metrópoles, que o risco de desarranjo intestinal leva à perda de vitaminas e minerais essenciais à saúde.
“O álcool também promove o aumento do cortisol, um hormônio que, quando em excesso, pode ser gatilho para o consumo de comidas gordurosas e calóricas e favorecer o acúmulo de gordura, a perda de massa magra e a diminuição da imunidade”, finaliza a profissional.