Site desvenda o machismo por trás da música Música Popular Brasileira
A iniciativa te convida a analisar cada palavra dita em letras clássicas da MPB
atualizado
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O clássico carnavalesco Mulher que não dá samba é desses que sai naturalmente cantado da boca de todo brasileiro. O ritmo envolvente do sambinha deixa passar o real significado da letra: uma mulher que, se diz não, é descartada e esculpida em adjetivos nada positivos.
Chamam atenção também as letras recentes de funk e sertanejo universitário, que vêm causando reboliço com afirmações como “Tem uma câmera no canto do seu quarto, um gravador de som dentro do carro, e não me leve a mal de eu destravar seu celular com sua digital” ou “Vou te comer e abandonar”.Entre o contemporâneo e o clássico, cai no esquecimento o que já foi escrito, mas continua sendo cantado.
Buscando esclarecer o que é ou não machismo na música, nasceu o projeto MMPB – Música Machista Popular Brasileira. Nele, se encaixam não só as bossas e os sambas, mas também tudo lançado na atualidade, buscando desvendar a inocência de cada canção.
“A intenção é uma só: provocar reflexão. O que essas músicas têm em comum? Por que incomodam – ou deveriam – incomodar muito mais? Escute com atenção: o descompasso machista às vezes está só nas entrelinhas”, provoca o site.
Ao acessar, o usuário é convidado a clicar no shuffle da página. Entre muitos cliques, desvenda-se uma série de letras – algumas chegam a ser assustadoras. Ao lado de cada canção, a explicação extremamente didática do porquê da problematização. É possível também enviar uma música como sugestão. Confira!
Para refletir
Separamos algumas músicas que chamaram a atenção:
Sidney Magal – Se te agarro com outro te mato
“Se te agarro com outro
Te mato!
Te mando algumas flores
E depois escapo…(2x)
Dizem que sou violento
Mas a rocha dura (…)”
Francisco Alves – Amor de Malandro
“(…) O amor é o do malandro
Oh, meu bem
Melhor do que ele ninguém
Se ele te bate
É porque gosta de ti
Pois bater-se em quem
Não se gosta
Eu nunca vi (…)”
Bezerra da Silva – Piranha
“(…) E eu que fui dono de uma crioula
Desses tipo violão
Ela jogava baralho de ronda
Bebia cachaça e brigava na mão
Tá ouvindo piranha? (…)”
Tunico e Tinoco – Cabocla Tereza
“(…) Senti meu sangue fervê
Jurei a Tereza matá
O meu alazão arriei
E ela eu vô percurá.
Agora já me vinguei
É esse o fim de um amor
Esta cabocla eu matei
É a minha história, dotor (…)”