Sem álcool, sexo e celular: entenda o que é o “jejum dos prazeres”
A prática, que tem feito sucesso nos últimos meses, traz uma série de benefícios à saúde emocional
atualizado
Compartilhar notícia
Já ouviu falar no jejum dos prazeres? A prática que fez sucesso entre os trabalhadores do Vale do Silício em 2020 consiste em se desconectar de prazeres externos, temporariamente, com o intuito de atingir maiores graus concentração e produtividade durante o período “out”.
De acordo com o médico psiquiatra Leonardo Rodrigues da Cruz, essa premissa parte do fato de que “somos bombardeados diariamente por vários pequenos estímulos, que produzem uma recompensa e são altamente viciantes”, explica. Um ciclo virtuoso, esse circuito libera dopamina, promove sensação de prazer e incentiva a busca por repetição.
“Seriam incluídos prazeres como comidas, jogos, uso excessivo de internet, pornografia, álcool e drogas”, explica o profissional do Instituto Meraki – Saúde Mental.
Dopamina
A prática, também chamada de “jejum de dopamina“, tem o intuito de melhorar a performance em outras atividades, como trabalho ou educação. Estudos levam em consideração o fato de que essas fontes de prazer tiram o foco e a produtividade.
“A dopamina é um neurotransmissor necessário para o sistema de recompensa, mas também para o funcionamento de várias funções cerebrais”, explica Leonardo.
“A prática foi adaptada por Cameron Sepah de uma técnica da terapia cognitivo-comportamental chamada controle de estímulos, bastante utilizada na dependência química”, ressalta o especialista.
Essa foi uma das causas que levou a estudante de medicina Verônica Rocha, 26 anos, a fazer pequenos jejuns durante a semana. No caso dela, as redes sociais são os maiores responsáveis por tirar seu foco. “Eu desligo meu celular e fico sem acesso à nada. Preciso focar nos meus estudos”, conta ao Metrópoles. De acordo com a estudante, estabelecer uma rotina sem acesso às redes sociais faz total diferença.
“É incomparável quando desligo o telefone com esse intuito. São cerca de cinco a sete horas por dia longe dele e consigo, além de estudar todo o conteúdo necessário, terminar antes do horário previsto e ainda dormir um pouco mais cedo”, conta.
Saúde mental
O fator psicológico também pode ser associado aos benefícios que esse jejum proporciona. A pandemia trouxe, além do isolamento social, aumento dos níveis de ansiedade, depressão, insônia e burnout. “Muitas pessoas buscaram formas de aliviar o desconforto, intensificando o uso de ferramentas digitais, de álcool e de drogas”, salienta Leonardo.
As redes sociais e o álcool foram um dos maiores gatilhos durante a pandemia de Covid-19. Durante os meses de isolamento, os brasileiros tiveram um aumento de 2% no consumo exagerado de bebidas alcóolicas. Quanto às redes, o país chegou a registrar, em 2020, 81% da população conectada, um aumento de 7% em comparação ao ano anterior.
Para psicóloga Juliana Mendes, esse “jejum é importante porque geralmente tentamos desviar nossas dores reais para hábitos que trazem uma sensação momentânea de prazer”, explica, a respeito da situação muito comum durante os dias de isolamento social.
“Ao fazer um ‘detox’ dos prazeres temos a chance de descondicionar comportamentos que funcionam como uma espécie de bengala. Assim, podemos tanto abrir espaço para tratarmos o que de fato precisamos, quanto instalar novos hábitos que sejam saudáveis”, ressalta.
A advogada Amanda Carrilho, 26 anos, que passou seis meses longe das redes sociais para focar nos estudos de um determinado concurso, salienta como teve sua autoestima e saúde emocional beneficiadas por esse afastamento, principalmente, do Instagram.
“Eu ficava muito engatilhada por coisas que via no Instagram. A gente sabe que a vida de ninguém é perfeita, mas lá parece que é. No primeiro momento, sempre achamos que estamos para trás comparados aos outros e, ainda que se raciocine depois e perceba que está tudo bem, o primeiro pensamento é de se comparar e sentir pior”, conta.
Durante o detox, Carrilho elenca que, além do foco, também sentiu uma mudança no seu emocional: “Senti que minha autoestima ficou melhor porque eu me comparava menos, olhava menos para vida dos outros e acabava olhando só pra minha vida.”
Reconexão
A ideia é que o jejum reduza os estímulos nocivos e permitam uma reconexão consigo mesmo, com um estilo de vida mais saudável. “É reduzir a exposição aos gatilhos que fazem com que as pessoas se engajem em comportamentos negativos que geram recompensa”, ressalta Leonardo.
A psicóloga Juliana Mendes ainda indica a busca por outros recursos mais saudáveis, como a prática de atividade física regular, psicoterapia e meditação.
Quer ficar por dentro das novidades de astrologia, moda, beleza, gastronomia, comportamento e bem-estar e receber as notícias direto no seu Telegram? Entre no canal do Metrópoles:https://t.me/metropolesastrologia