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Saúde mental: como manter a calma e não surtar com nova onda da Covid

Depois de alguns meses com a esperança de dias melhores, como lidar de forma saudável com novas medidas de restrições e aumento dos casos?

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1 de 1 Imagem colorida de mulher com aparência de ansiosa - Metrópoles - Foto: Uday Mittal/Unsplash

A preocupação com a saúde mental se tornou pauta principal nos últimos anos, principalmente desde o início da pandemia de Covid-19, que mudou o olhar da humanidade sobre a vida. Em um cenário de incertezas, o que parecia ser a luz no fim do túnel ainda trouxe a tranquilidade necessária: o fim da epidemia e o retorno à vida normal.

Enfrentando uma nova crescente dos casos devido à uma inesperada variante, os rumos de 2022 têm tomado ares incertos. O ano que parecia ser de esperança nos faz reviver situações do passado: medidas restritivas, aumentos de casos, proibição de shows, a volta do home office e o cancelamento do Carnaval. Nesse cenário igualmente conhecido e indesejado, como manter o equilíbrio e a saúde mental?

A ansiedade já afeta mais de 19 milhões de brasileiros e se tornou pior no último ano, devido à pandemia da Covid-19

Essa insegurança, explica o psiquiatra Luan Diego Marques, pode “dar a sensação de desestímulo”. “Principalmente na preparação de planos e metas, algo que é comum após o Réveillon, já que existe uma incerteza sobre o fim da pandemia”, disse ele ao Metrópoles.

O especialista também ressalta que essa pode ser uma reação comum nesse momento, “pois muitos acreditavam que, após a vacinação, medidas restritivas ou preocupações relacionados ao adoecimento ficariam no ano de 2021”, avalia. Essa condição foi a responsável pelo crescente aumento dos quadros de distúrbio de ansiedade e depressão em todo o mundo.

Ansiedade e depressão

De acordo com estudo publicado pela revista The Lancet, em outubro do último ano, 53 milhões novos de casos de depressão e 76 milhões de ansiedade foram diagnosticados em 2020. O Brasil mostra resultados ainda mais preocupantes já que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país é o mais ansioso do mundo.

O distúrbio também atingiu o vendedor Jonas Silva, de 35 anos, que precisou buscar ajuda psicológica ainda em 2020. “Eu fiquei sem emprego, pois o bar que eu trabalhava fechou por causa da quarentena. Foi desesperador. Minha preocupação era sempre o dia seguinte e, ao mesmo tempo, eu desacreditava de um futuro melhor vendo muita gente morrer”, revelou.

Jonas ainda contou que procurou ajuda médica quando percebeu que gostava de passar mais tempo sozinho e se sentia extremamente nervoso em situações de conflito. “Eu já estava fora de mim. Estava me tornando uma pessoa agressiva e sem paciência. Eu não sabia como seria meu futuro dali para frente e isso me assustava muito.”

Mas o medo não passou. Ainda de acordo com ele, essa preocupação voltou a ser discutida nas sessões de terapia. “Com o avanço dessa nova variante e as novas medidas de restrições, esse medo vai voltando, sabe? Pode ser que o restaurante que eu trabalho agora feche de novo e eu fique novamente sem emprego”, disse ao Metrópoles.

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2022 “is the new” 2021?

Jonas não é um caso isolado. A preocupação com o futuro voltou a ser pauta consultórios de psicoterapia de todo o país. Do ponto de vista do psicólogo Igor Barros, a vacinação e o relaxamento das medidas de restrições deu às pessoas uma “falsa sensação de que estava tudo bem e que nada aconteceria novamente”.

“A memória do ser humano é curta, é o que a gente chama de ‘memória favorável’. Ela tende a entender só o que faz bem ou o que traz um retorno positivo”, explica. De acordo com ele, as pessoas passam a criar uma nova realidade de acordo com a atual situação que ela vive, deletando, assim, os momentos ruins do passado. 

“Isso quer dizer que, nesse momento, como a população está mais ‘livre’ e vacinada, as pessoas tendem a relaxar com os cuidados e se esquecem que certas medidas são essenciais para evitar um novo lockdown ou quarentena”, avalia.

Barros ainda ressalta que é normal construir um pensamento positivista sobre situações que apresentam melhoras, mas a história pode mudar quando acontece uma reviravolta. “E foi exatamente isso que fez as pessoas voltarem a discutir a ansiedade nos consultórios nas últimas semanas”, ressalta.

Esse medo de voltar ao lugar da tristeza e da depressão é uma sensação conhecida pelas pessoas que passa a ocupar o lugar dos pensamentos de dias melhores. Por isso, ressalta o psicólogo, “é essencial manter a calma e trabalhar o positivismo, além de manter os cuidados de contenção do coronavírus.”

Como manter a calma

Para não pirar e se sentir mais tranquilo em meio aos novos casos de infecção pela variante Ômicron, confira algumas dicas do psiquiatra Luan e do psicólogo Igor para enfrentar a nova onda de Covid-19 de forma tranquila:

  • Por mais que exista esse aumento recente de casos, assegure-se na evolução do conhecimento científico a cerca do coronavirus;
  • A ciência evoluiu bastante no últimos anos e a vacina mostrou que torna as prováveis infecções mais leves, além existir mais medicamentos e protocolos para o tratamento da doença;
  • Tente se conectar com informações atualizadas e verdadeiras. Procure veículos e locais seguros para se informar, isso evita o medo e ansiedade desproporcional;
  • Lembre-se que pandemias têm seus ciclos e, por mais complexas que sejas, nenhum definiu o “fim do mundo”;
  • Tenha o hábito e desenvolva uma rotina para trabalhar a cabeça com relaxamento e memorização positiva;
  • Pratique o mindful. Tente esvaziar a cabeça de problemas do passado ou prever o futuro, se concentre no agora;
  • Se possível, faça acompanhamento psicológico para trabalhar o três pilares essenciais para uma vida harmônica: o dos relacionamentos, o do cuidado consigo mesmo e o profissional;
  • Siga as medidas de restrições indicada pelas autoridades da saúde e se vacine.
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