Saiba como superar a sensação de ano perdido e aproveitar 2020 sem pirar
Especialistas dão dicas para conquistar objetivos ainda neste ano
atualizado
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O ano de 2020 não foi como o planejado mas, certamente, não passou em branco. A pandemia do novo coronavírus transformou planos e metas, exigindo adaptabilidade de todos às novas perspectivas sociais e econômicas causadas pela doença. Com as mudanças repentinas, é comum ter a sensação de tempo perdido, potencializada com a chegada de outubro, pontapé para o último trimestre do ano. No entanto, esperar pela chegada da vacina e prender-se ao passado pode afetar o proveito dos dias que restam.
De acordo com a psicóloga e pós-graduanda em análise comportamental Jéssika Neris, ainda é possível riscar sonhos da listinha feita em janeiro. Se esse é seu objetivo, a melhor maneira é reconhecer que todas as pessoas foram impactadas pela Covid-19, de formas diferentes. Segundo ela, em um ano com mais de 149 mil vidas brasileiras perdidas, “ter sobrevivido a esse contexto já é um passo muito grande”.
“Não tem sido um ano fácil. Essa situação só nos faz perceber o quanto não estamos no controle da maioria das coisas. Lidar com a frustração de não ter cumprido com os objetivos que havíamos propostos lá no início do ano se tornou um exercício para mantermos a nossa saúde mental”, explica Jéssika.
A psicóloga clínica Juliana Campos Queiroz afirma que o primeiro passo é construir planos e pensamentos alternativos.
“As repercussões socioeconômicas e relacionais causadas pela pandemia são inéditas, complexas, desafiadoras e, com certeza, problemáticas. No entanto, o ser humano carrega consigo a capacidade de ser resiliente: lidar com os obstáculos e adversidades de forma positiva”, salienta a especialista.
Juliana ressalta que também é importante reconhecer as pequenas conquistas possíveis diante de um cenário totalmente novo – e não sentir culpa por isso. Segundo ela, ficar mal por ter realizações em um cenário de vulnerabilidade social no país ocorre por conta da solidariedade e empatia que cada pessoa tem dentro de si.
Conforme acrescenta Jessika, colocar as ações das pessoas em caixinhas de bom ou mau, excluindo as nuances da vida, acentua o sentimento de culpa.
“Não é porque você não foi tão atingido ou tenha superado a situação com mais facilidade que isso te torna uma pessoa ruim. Celebrarmos as nossas pequenas conquistas é um poderoso instrumento na nossa regulação emocional”, garante.
Sem pressa e com os pés no chão
A expectativa para 2021 é a chegada da vacina, a retomada da economia e o retorno ao “antigo normal”. Porém, são fatores que não estão garantidos com a virada de ano. De acordo com as psicólogas, manter os pés no chão e focar no aqui e agora é essencial para evitar outras frustrações.
O Metrópoles, em conjunto com as especialistas, selecionou dicas para dar a volta por cima e conquistar os objetivos desenhados em janeiro.
Elas garantem: se focar, vai dar tempo!
- Analise como foi o seu ano: olhe para trás e liste as conquistas e acontecimentos que te marcaram. Essa ação ajuda a diminuir a régua desproporcional com que, frequentemente, as pessoas medem o próprio valor. “Em meio às adversidades, o que você fez por si? Às vezes, somos muito duros com nós mesmos. Posso te dizer que sobreviver a este ano já é uma grande vitória”, diz Jessika;
- Após esse momento de autoanálise, liste como esses eventos contribuíram no crescimento pessoal e ressignifique momentos considerados ruins. “Quais são os seus valores e objetivos? Quando os identificamos fica mais fácil de perceber se o que estamos construindo hoje tem coerência ou não. E lembre-se: nenhum sofrimento é eterno”, elenca;
- Em seguida, liste os sonhos e projetos que ainda podem acontecer em 2020. Escolha os principais e desenvolvam um plano de ação, visualizando prazos, cenários e resultados;
- Planeje o próximo ano apenas quando estiver bem – e se desejar. “Quando adquirimos a consciência de que as coisas irão fugir do nosso controle, de que nem tudo depende exclusivamente de nós, passamos a olhar a vida de uma forma mais leve e inteligente”, explica Jéssika;
- Cuide de sua saúde mental. Buscar auxílio profissional e manter fortalecida a rede de apoio, composta por familiares e amigos, ajuda a regular a intensidade das emoções e a potencializar atitudes resilientes, qualidade essencial num cenário pandêmico.
