Respeitar nome social reduz riscos de suicídio e depressão, diz estudo
A pesquisa investigou as consequências positivas de pessoas trans serem chamadas como preferem em diversos ambientes do cotidiano
atualizado
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Nome social não é frescura. Como uma pessoa é chamada reflete seu gênero. Para quem não se identifica com o sexo de nascença, a questão é ainda mais relevante. Um estudo americano prova esse ponto e conclui que respeitar a alcunha escolhida diminui as taxas de suicídio e depressão na comunidade trans.
Os pesquisadores conversaram com 129 jovens transgêneros, transexuais e com identidades diferentes de cis, como agênero e gênero fluido. A pergunta principal era relativa a quais contextos o nome social é aceito na vida deles, buscando saber se essas pessoas são chamadas como gostariam em casa, no trabalho, na escola e com os amigos.
Quem pode usar o nome escolhido em mais ambientes apresenta até 71% menos sintomas de depressão, pensa 34% menos em suicídio e tem o risco de tirar a própria vida reduzido em 65%, em comparação aos entrevistados que são constantemente chamados de outras formas.
A pesquisa traz novidades e reforça a necessidade de falar sobre saúde mental. Um estudo do National Center for Transgender Equality revela que 40% das pessoas trans já tentaram acabar com a própria vida e uma pesquisa da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, aponta para o fato de essa comunidade pensar em suicídio 14 vezes mais em comparação à população geral.
“Ter o nome social respeitado é de suma importância para a nossa vida em sociedade, porque quando temos a nossa alcunha de registro exposta é muito desconfortável e humilhante”, afirma a atriz Ariel Pimenta, de 22 anos, trans. A psicóloga Camila Altavini aponta que quando a pessoa não é chamada como gostaria pode apresentar quadros de depressão e outros sofrimentos mentais.
Segundo a psicóloga, utilizar um nome condizente com a identidade de gênero é fundamental e traz sentimentos de segurança, respeito, identidade e inserção na sociedade. “Ser chamado de outra forma leva o indivíduo a acreditar que sua vida não tem propósito e valor. Muitas vezes, isso está ligado a pensamentos suicidas”, alerta.“Não ter o nome respeitado ainda tem acontecido comigo, porque nem todos os órgãos fizeram essa alteração. Eles me chamam não somente pelo registro, mas também no masculino, ignorando totalmente a minha leitura social enquanto mulher”, conta Ariel.
Alguns passos, como a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de permitir alteração no gênero e adoção do nome social no título de eleitor, mostram que o progresso talvez esteja a caminho. “Quanto maior o número de ambientes nos quais o nome social pode ser adotado, mais forte é a saúde mental”, garante Stephen T. Russel, um dos autores da pesquisa, ao Huffpost americano.