Rainha Elizabeth: por que sentimos a morte de quem não conhecemos?
Especialista avalia motivos do luto pelo falecimento de alguém que sequer conhecemos pessoalmente. Entenda
atualizado
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A morte da rainha Elizabeth nesta quinta-feira (8/9), aos 96 anos, pegou os súditos de surpresa, deixando milhares de pessoas em luto não apenas no Reino Unido, mas em todo o mundo.
Admiradores se posicionaram em frente ao Palácio de Buckingham em homenagem à monarca. Muitas pessoas usaram as as redes sociais para manifestar seus sentimentos, em todo o globo. Mesmo quem nunca conheceu a avó de William e Harry se sentiu entristecido com a notícia.
O que explica, então, esse sentimento de luto por quem não conhecemos? O neurocientista Fabiano de Abreu Agrela explica. Segundo o expert, isso ocorre porque os seres humanos formatam engramas, que são memórias do que pensamos, vemos e sentimos de forma mais íntima. “Quando uma pessoa é famosa, formamos esses dados com base na repetição, consolidando e reforçando esses engramas de maneira mais convicta”, pontuou, em nota.
De acordo com o pós-PhD em neurociência, quando essa celebridade é vista de forma admirável, as marcas mentais são formatadas com a influência de bons sentimentos, o que está vinculado a uma boa lembrança.
“Quando ela morre, sentimos como se a conhecêssemos pessoalmente, pois reforçamos essas memórias sobre ela com influência positiva. E de certa forma a conhecemos, do jeito que a moldamos, às vezes sem defeitos, como algo quase perfeito”, elucida Agrela.
Segundo o neurocientista, ao vermos uma pessoa fisicamente, ela fica armazenada na memória com intensidade diferente de quem se vê apenas pelas telas. No entanto, o impacto do luto pode ser similar a depender da importância que se deu àquela pessoa.
“O que distingue é a racionalidade sobre ter contato físico ou não, mas o sentimento varia pelas circunstâncias sobre a pessoa e sobre a própria personalidade de quem está sentindo. Depende do quão emotivo é esse indivíduo e das próprias variáveis individuais”, finalizou.