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Queridinha dos famosos, cirurgia lipo lad é alvo de polêmica no Instagram

Influenciadores e especilistas se questionam sobre os limites da negociação de parcerias comerciais entre médicos e celebridades da mídia

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Lipo lad vira febre nas redes sociais
1 de 1 Lipo lad vira febre nas redes sociais - Foto: Reprodução

Desde que Ludmilla, Brunna Gonçalves, Flayslane e mais uma dezena de famosas usaram as redes sociais para exibir abdomens esculpidos pela nova lipo lad, a busca pelo procedimento no Google dobrou. Consequentemente, as clínicas estéticas também perceberam um aumento no número de pacientes interessados, com alta de cerca de 70% nos últimos meses. 

Para além dos influenciadores que transformaram a intervenção em objeto de desejo, há uma parcela se questionando sobre a necessidade de divulgá-la nas redes sociais, principalmente quando há uma negociação envolvendo parcerias comerciais, a famosa permuta.  Afinal, quais os limites éticos envolvendo a atuação de médicos e influencers?

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Brunna Gonçalves é dançarina
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A cantora Ludmilla antes e depois da lipo lad

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Brunna Gonçalves é dançarina

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Gretchen fez lipo lad recentemente

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Polêmica

Uma das personalidades a dar seu ponto de vista foi a fundadora do Movimento Corpo Livre, Alexandra Gurgel. Xanda, totalmente bem resolvida com seu corpo, compartilha dicas de aceitação e amor-próprio on-line. Ela contou aos seguidores que se submeteu a uma lipo há oito anos, quando vivia brigando com a própria aparência. A cirurgia deixou marcas no corpo e na alma.

“Sua vida vai ser melhor com uma cinturinha? Eu também achei isso e me ferrei. Não foi coincidência três meses depois da lipo eu tentar suicídio. A busca pelo corpo perfeito transformou o formato natural do meu corpo para sempre. E acabou com a minha saúde mental durante 26 anos. O Brasil é líder em cirurgias plásticas no mundo. Imagina se fosse mais acessível?”, questionou.

 

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Sua vida vai ser melhor com uma cinturinha? Eu também achei isso e me ferrei! Não foi coincidência 3 meses depois da lipo eu tentar suicídio. A busca pelo corpo perfeito transformou o formato natural do meu corpo pra sempre. E acabou com a minha saúde mental durante 26 anos. O Brasil é LÍDER em cirurgias plásticas NO MUNDO! Dados atuais! Imagina se fosse mais acessível? Apenas CUIDADO! Não é sobre não fazer plástica, mas sobre trabalhar o autocuidado e repensar se aquilo é uma vontade sua genuína. Em tempo: eu fiz todos os tratamentos do mundo pra curar as fibroses na época (na mesma semana já), desde carboxiterapia, drenagem linfática, ultrassom etc! Mesmo assim não resolveu! A cultura da dieta, a supremacia da magreza nos afasta do nosso corpo natural, do nosso biotipo. Ficamos reféns do sistema, agora só outra lipo me tira todo esse problema gerado. A troco de que? Será que hoje eu teria feito? Meu corpo sempre foi perfeito. Eu era feliz e não sabia! Enfim gente, reflexões. Eu com todo privilégio que tenho (ganhei a lipo) sofro sequelas de um procedimento errado. Não faça isso com você! E se for fazer algum procedimento: POR FAVOR pesquise muito antes! Autocuidado é isso! CUIDAR DA SUA VIDA! Ela é sua, não do outro 😉

Uma publicação compartilhada por Alexandra Gurgel (Xanda) (@alexandrismos) em


Motivada pelo relato da colega, Joana Farias, mais conhecida como Jojoca, também repercutiu o assunto. “Eu venho vendo várias blogueiras divulgando um procedimento estético chamado lipo HD, que é um lance de tirar gordura, igual a lipo. Só que ela deixa você com quadrado na barriga como se você fosse atleta. As pessoas estão divulgando isso como se fosse uma drenagem linfática. ‘Ai gente, olha só aqui minha barriga com quadrados, fiz lipo HD, nessa clínica tal e o procedimento foi desse jeito…’”, iniciou ela.

“Só que cara… Você já ouviu dizer que alguém morreu de drenagem linfática? Ou alguém que passou uma semana de cama, porque fez uma drenagem linfática? Assim, esse vídeo não é para falar: ‘Não façam procedimentos estéticos. Pelo contrário. Se você quer fazer, faça”, continuou.

Depois de alertar os internautas sobre casos em que intervenções estéticas já levaram o paciente à morte, Jojoca pediu aos influenciadores que tivessem mais atenção com o conteúdo que postam. “Será que eu preciso fazer esse procedimento por permuta? Será que eu preciso divulgar isso para milhares de mulheres e meninas inseguras que vão achar que desse jeito elas vão ficar mais felizes, mais seguras? Vocês acham justo? Eu não acho”, opinou.

Opinião de especialista

Apesar de considerar a lipo lad segura, o cirurgião plástico João Darques, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, também não concorda com a divulgação da técnica por meio de parcerias comerciais.

“O corpo e o organismo funcionam de forma diferente em cada pessoa. Quando você faz uma permuta, você transforma um procedimento médico em um produto, um objeto. E fica obrigado a entregar determinado resultado para o paciente. Isso é muito negativo para a especialidade, que perde sua essência de cura e tratamento”, defende o médico.

Ele chama atenção, ainda, para a distorção dos valores divulgados pelos influenciadores. “Tem blogueira dizendo que o procedimento custa R$ 50 mil sendo que o valor médio é R$ 20 mil, dependendo da técnica e do que for realizado. Às vezes, até menos”, pontua.

Limites nas redes

Questões médicas à parte, a divulgação excessiva de procedimentos estéticos também tem impacto na autoestima dos internautas. Para Issaaf Karhawi, doutora em comunicação e pesquisadora digital, essa problemática reforça a importância de se regulamentar o mercado de influenciadores.

“Se lembrarmos da televisão, há limites do aceitável na publicidade. Na internet, não. Ainda hoje, parece que a rede é uma terra sem lei, ‘o velho oeste da mídia’. E não pode ser. O Conselho Federal de Medicina é muito claro no que se refere a publicização de tratamentos médicos por parte dos profissionais da área. A permuta com os influenciadores é quase que burlar esse sistema. No outro lado da troca, o lado do influenciador, não há qualquer tipo de regulamentação”, opina.

Embora fazer o procedimento seja uma prerrogativa de todas, Issaaf acredita que divulgá-lo envolve questões mais complexas.

“A proibição da publicidade infantil na tevê é resultado de muita pressão de diversos segmentos da sociedade, iniciativas privadas, organizações sem fins lucrativos que amparadas no estatuto da criança e do adolescente… Eles conseguiram definir certa regulamentação para esse mercado. Isso aconteceu com a indústria do cigarro, anos atrás e, mais recentemente, até a publicidade de bebidas alcoólicas tem se redefinido. É preciso, sim, repensar esses espaços midiáticos também no digital e cobrar posturas mais éticas dos envolvidos”, finalizou.

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