Quarentena: compras on-line crescem 40%, mas cuidado com excessos
Para lidar com o tédio e a ansiedade da quarentena, há quem use o comércio on-line como distração. Comportamento, porém, é arriscado
atualizado
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Com a necessidade do isolamento social causada pelo novo coronavírus, shoppings e lojas de rua fecharam as portas. A compra on-line, então, foi o meio que muitas pessoas encontraram para suprir a ânsia pelo consumo, ainda que não fossem adeptas dessa modalidade.
Ofertas, delivery com entrega grátis, promoções diversas e facilidade de pagamentos são medidas que enchem os olhos dos consumidores. Porém, comprar excessivamente pode ser um tiro no pé neste período de quarentena.
Segundo os números apresentados pelo Compre & Confie, empresa especializada em inteligência de mercado, foi registrada uma alta de 40% nas vendas feitas pela internet no Brasil em março.
Para a psicóloga Sirlene Ferreira, esse desejo sem freio de comprar itens, mesmo sem necessidade, é uma maneira de aliviar a tensão e a ansiedade durante o confinamento social.
“A quarentena é limitante e, ao mesmo tempo, abre espaço para entrar em contato com o desconhecido. Nesse momento, se não houver nenhum apoio para lidar com as emoções, a mente do indivíduo tende a descompensar”, alerta a especialista.
Autocontrole na web
Fatura alta no cartão, excesso de objetos e estratégias esconder sacolas são alguns dos sintomas que identificam que a pessoa está comprando demais, argumenta a psicóloga.
A fim de não cometer atos excessivos nas compras durante a quarentena, a especialista ensina uma medida simples, mas efetiva. Separe dois dias para retirar roupas e acessórios que não utiliza mais do armário. Você se surpreenderá com a quantidade de peças que acumula e, provavelmente, pensará duas vezes antes de fazer outro gasto.
“O mais indicado é que a pessoa procure um apoio psicológico, mas, se o momento não for oportuno, se desapegar de mercadorias inúteis é o primeiro passo”, elucida.
Solidão on-line
A frequência em adquirir produtos pela internet não é algo novo na vida da monitora de atendimento Eliana Mota, de 32 anos. A brasilense faz compras on-line pelo menos seis vezes por mês.
Entre as mercadorias preferidas estão tênis, comida e livros, principais gastos que aparecem para pagar no final do mês. Entretanto, durante a quarentena, ela garante que a busca por produtos na web não aumentou.
“Por conta das restrições do coronavírus, foi necessário rever as minhas economias. O contato virtual com os amigos mais próximos aliviam a tensão de ficar em casa”, relata.
Por sua vez, o carrinho de compras do analista de sistemas Gabriel Torres, de 22 anos, está sempre com novas mercadorias. Foi a maneira que ele encontrou de equilibrar a saúde mental neste momento.
“De uma capinha de celular a um broche qualquer. Faça a maioria das minhas compras em sites e aplicativos. Isso me ajuda a encarar o falta do que fazer no confinamento”, conclui Gabriel.
Outro lado
Do outro lado da tela, o empresário Luiz Alberto Aguirre está à frente de dois e-commerces, Cor da Beleza e Nova Técnica Virtual.
Apesar do aumento das vendas on-line, Luiz relata que em ambos os comércios obteve uma baixa de 20% e 30%, respectivamente, se comparados os meses de fevereiro e março. Para ele, a crise econômica influenciou no rendimento.
“A incerteza que impera a sociedade em relação à economia prejudicou muito o volume de acesso ao site”, lamenta.
Sócia da empresa, Talita Araújo garante que, apesar dos poucos pedidos, as mercadorias solicitadas estão sendo entregues de maneira mais rigorosa nesse período.
“A pandemia não está impactando os prazos de entrega. Estamos em dia com os envios. A maior preocupação se dá na higienização dos produtos e das embalagens”, conclui.