Psicóloga explica o que é e como terminar um relacionamento abusivo
Mesmo quando há vontade e noção da relação tóxica, muitas pessoas têm dificuldade em colocar um ponto final
atualizado
Compartilhar notícia
Não é incomum encontrar relatos, principalmente de mulheres, que passaram por um relacionamento com abuso emocional, psicológico ou, em casos extremos, até físico. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 43 milhões de mulheres sofreram algum tipo de violência do próprio parceiro no último ano. A situação tem feito famosos exporem relações pouco saudáveis e alertarem sobre os riscos.
Duda Reis, por exemplo, contou que foi agredida física e psicologicamente pelo seu ex-noivo, o cantor Nego do Borel. A modelo fitness Mayra Cardi também falou de traições e manipulações do marido, Arthur Aguiar. Reclamações comuns nesse tipo de situação acabam se tornando um padrão.
Na última semana, quem decidiu falar sobre relacionamentos traumáticos foi a influencer Gabi Brandt. Em entrevista ao PodCats ela revelou que era traída, manipulada e chantageada para não terminar com o ex-namorado, o modelo Gui Araujo. Ainda de acordo com ela, demorou cerca de um ano desde o momento em que ela percebeu que estava em namoro abusivo até dia do fim definitivo.
Mas, afinal, por que é tão difícil sair de um relacionamento abusivo?
De acordo com a psicóloga Maria Rafart, quando a pessoa percebe que está em uma relação tóxica, sair pode ser um grande desafio, mesmo quando há vontade. Além do medo e do psicológico abalado, a vergonha de pedir ajuda e de expor a situação para os outros pode atrasar o término.
“Um relacionamento abusivo funciona como uma teia: os fios são tecidos e trançados. Muitas vezes, uma pessoa só se dá conta de que está dentro quando os fios a apertam, e ela não consegue mais se mexer”, explica.
“Os elementos de manipulação têm mais força sob ‘o elo mais fraco da relação’, que acaba cedendo e acreditando nas promessas e chantagens”, disse ao Metrópoles. “Podemos identificar vários tipos de violência, que conforme a trama, cruzam-se entre si. Nesse processo, cria-se uma pessoa dependente, com autoestima baixa e que acha que não é capaz de realizar práticas do cotidiano sem ajuda”, continua.
Ela ainda explica que movimento desse tipo de relacionamento é cíclico: “O príncipe vira sapo quando, por exemplo, tenta controlar determinada situação, como a presença da vítima em redes sociais, saídas com amigas ou até mesmo a sua vida financeira.”
Dependência emocional
Outro fator desenvolvido, com o passar do tempo, é a dependência emocional. “O medo do abandono costuma ser um desses sintomas. Assim como Gabi, muitas mulheres pensam que suas vidas serão piores se ficarem sozinhas”, pontua. Ainda na entrevista, a influencer relatou que o ex-namorado repetia frases que a diminuía e a ameaçava quando a pauta do término surgia.
“Teve uma fase que eu passei da dependência e comecei a pensar ‘preciso sair desse relacionamento, socorro’. Só que eu não conseguia”, disse, no programa.
Rafart ainda relembra que algumas acreditam na melhora do parceiro e “essa aposta faz com que elas permaneçam durante anos em relações abusivas. A pessoa abusada passa a acreditar que é incompetente para lidar com as próprias emoções e que não pode mais viver sozinha”, conta.
Os traumas
A saúde emocional e psicológica também pode ser completamente abalada. “A autoestima é a mais prejudicada e golpeada”, alega Rafart. “A pessoa pensa que vale pouco e que é incapaz para muitas coisas, como se relacionar afetivamente com outra, e até ter renda própria”.
A especialista relaciona esse dano ao cansaço e energia direcionada para fazer com que a relação dê certo. “Tudo é voltado para a relação e esse estresse continuado pode causar depressão, ansiedade e até fobia social. Fazer terapia ajuda a ressignificar o próprio valor e a estimular a capacidade de se reerguer”, alerta.
Ver essa foto no Instagram
O que fazer?
Para a especialista, quem percebe que está nesse tipo de relacionamento deve contar com uma rede de apoio e proteção em que confie. “Ou seja, os amigos e parentes próximos. Eles podem e devem ser o elemento de apoio principal”, indica Rafart.
Ela ainda defende que haja uma comunicação clara sobre o relacionamento, para que “recaídas” não aconteçam.
Quer ficar por dentro das novidades de astrologia, moda, beleza, bem-estar e receber as notícias direto no seu Telegram? Entre no canal do Metrópoles: https://t.me/metropolesastrologia