Positividade tóxica, como a de Tiago Abravanel no BBB, abala relações
Psicóloga analisa como a necessidade de olhar sempre “o lado bom da vida”, como o participante do reality, pode prejudicar a saúde mental
atualizado
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Manter o pensamento sempre voltado para o lado bom da vida nem sempre é sinônimo de felicidade. No BBB22, Tiago Abravanel virou assunto nas redes sociais com o apelido de “inimigo do entretenimento”, por tentar, a todo custo, preservar boas relações e evitar conflitos.
Em vários de seus posicionamentos, o artista defendeu o “fim da discórdia” e até definiu um tema para a edição: autoconhecimento e autoaceitação. Embora, de fato, tais assuntos sejam fundamentais, Abravanel levantou o debate sobre a importância de ter um olhar crítico, também, sobre a positividade.
Desvalorizar ou sufocar sentimentos negativos, em uma tentativa de impor a si mesmo — ou aos outros — uma atitude falsamente positiva; desvalorizar um sentimento verdadeiro, mesmo que ruim; ou silenciar e tentar sufocar emoções negativas, são atitudes que caracterizam a chamada positividade tóxica.
Apesar da necessidade de rever conflitos e exclusão como sinônimos de entretenimento, “todos os sentimentos precisam ser vivenciados, para que sejam elaborados e, assim, deem espaço para novas sensações”, explica a psicóloga Karlla Lima.
“Enfiar positividade goela abaixo pode não ser um bom caminho, até porque aquele sentimento negativo entalado pode gerar sintomas e traumas”, completa a profissional. “Existe um receio das pessoas de ter sentimentos considerados negativos, mas para que os positivos possam vir, muitas vezes, o que é ruim precisa ser vivenciado”, completa.
Conflitos e diálogo
No caso de um reality show como o Big Brother Brasil, existem pessoas com realidades, histórias e formas de ver o mundo diferentes. Portanto, é natural que surjam conflitos. Mas, quando as câmeras entram em cena e milhões de espectadores se posicionam por trás da tela, tudo tem um peso muito grande.
“Podemos ver a positividade tóxica no comportamento de alguns dos participantes, pelo medo do cancelamento, de que os outros julguem alguma fala ou que sejam vistos como pessoas negativas”, argumenta a profissional. Os conflitos vão existir e, depois que ocorrem, o melhor caminho é conversar sobre o assunto.
Em busca de respostas
Em muitos casos, quem pratica a positividade tóxica tem a intenção de motivar o outro. Porém, nem sempre o efeito é esse. No caso de uma situação difícil de frustração ou chateação, é natural que haja o desejo de compartilhar aquele fato com alguém, não com o objetivo de que o outro resolva, mas para verbalizar, pensar sobre o assunto e ser acolhido.
É das diferenças, naturais de qualquer relação entre seres humanos, que nasce o conflito. O local de chegada, guiado pelo diálogo, é a compreensão e um aprofundamento dos laços a partir da empatia. Como orienta a psicóloga, a maneira mais saudável de lidar com frustrações e sentimentos negativos é sentindo. Se permita sentir, chorar, gritar, xingar e, principalmente, dar nome aos sentimentos para que eles possam passar.
“Algumas situações não terão um lado positivo e acontece. Ao se deparar com elas, tente identificar que sentimento aquilo te causou, sinta, compartilhe. Essa é a forma saudável de lidar com aquilo. As frases motivacionais nem sempre farão sentido ou irão amenizar a dor de quem sofre.”
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