Por que não é saudável famosas exibirem barriga chapada após o parto?
Desde que deu à luz Maria Alice, sua primeira filha, Virginia Fonseca posta intensa rotina de treinos, além de ostentar um abdômen definido
atualizado
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Assim como Giovanna Ewbank, Virginia Fonseca publicou fotos nas quais exibe um abdômen definido apenas dois meses após dar à luz. Em ambas as ocasiões, entre elogios e críticas, o posicionamento das influenciadoras foi questionado nas redes sociais.
Virgínia postou o registro na quarta-feira (28/7) durante o treino. Para ostentar o “tanquinho”, a esposa de Zé Felipe escreveu: “A mãe ‘tá on'”. No Twitter, milhares de internautas comentaram a respeito: “E a Virginia que mostra mais a barriga do que a filha”, “Eu amo Virginia mas ela romantizar o pós parto barriga chapada é tóxico, o tanto de gente que deve se comparar e se cobrar pra ficar semelhante no pós-parto, eu não consigo mensurar”.
Veja parte da repercussão:
O puerpério é tão difícil daí vc vê a Virgínia com 2 meses de parida com a barriga chapada da até raiva de ser pobre
— LYCYANY (@alicyanemq) July 29, 2021
A Virgínia postando foto de como tá a barriga a dela, após 2 meses do nascimento de sua bebê. Como se fosse algo super normal. Como pode? Dos mesmos criadores de: “romantizem o procedimento estético”.
— RIAAAANXS (@RonyRyan9) July 29, 2021
Afinal, é saudável exibir uma barriga chapada pouco tempo depois de um parto? A resposta é não, de acordo com especialistas da área de saúde.
O Metrópoles conversou com o psiquiatra Fabio Aurélio Leite, do Hospital Santa Lúcia Norte e membro titular da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, que falou a respeito do impacto negativo que este tipo de publicação pode ter sobre as “mulheres da vida real”.
“A gravidez não é uma doença, é uma fase, um processo que a espécie humana tem para reproduzir. Trata-se do prenuncio de uma nova vida, uma criança. Depois da gestação, existe a outra fase, a maternidade e a paternidade. Quando você coloca o corpo da mulher como a principal preocupação nesse momento, você tira o foco da criança”, explica o médico.
Diante das fotos postadas por mulheres famosos que rapidamente recuperam a forma anterior à gestação, muitas vezes em virtude de uma série de procedimentos estéticos, várias emoções negativas podem ser despertadas em quem consome o conteúdo.
Grávidas ou mães que estão em puerpério e não tem as mesmas condições sociais dessas personalidades podem sofrer uma série de consequências diante de publicações desse tipo, inclusive culpar a criança recém-nascida pelas mudanças em seu corpo.
“Pode ser gatilho para depressão e ansiedade. Algumas mulheres sentem vergonha de usar determinadas roupas, por exemplo. Já existe um cansaço nesse período, e ele pode ser agravado”, alerta.
O médico lembra que a gravidez afeta socialmente a mulher em diferentes âmbitos, considerando que, em determinado ponto, ela pode parar a atividade profissional e/ou acadêmica, além de ter toda a insegurança que a chegada do filho provoca.
“É doentio esse comportamento de estética e beleza, ter essa fixação por um corpo atlético mas não saudável. Isso pode ser patológico e requerer um tratamento. Devemos promover comportamentos saudáveis, fazer o que é certo. Mesmo mulheres que trabalham e contam com uma boa renda não terão isso. A licença-maternidade poderia ser também uma licença da rede social, para que as pessoas priorizassem outras coisas. Quando elas postam isso, prestam um desserviço para a sociedade”, considera Fábio.
“Para a sociedade machista, a mulher tem que trabalhar, ir para academia, estudar, engravidar, amamentar, acordar a noite para dar atenção a criança, fazer mestrado e ainda estar linda e maravilhosa para o parceiro… Isso é enlouquecedor, é mais um peso. O mais triste é ver uma mulher colocando a outra em cheque, mostrando que ‘nem parece que teve filho’. É cruel”, pondera o psiquiatra.
Para finalizar, o médico frisa que beleza não é sinônimo de saúde. “Muitas personalidades públicas, que precisam do corpo em sua carreira, costumam ter problemas de autoimagem, o que gera essa busca incessante pelo corpo perfeito. A vida que está nascendo não pode ser menos importante que um corpo que já existe. É normal ter mudanças durante e depois da gravidez e precisamos normalizar isso”, conclui.
A pressão na prática
Segundo a cirurgiã plástica Ivanoska Filgueira, a pressão estética sofrida pelas mulheres no pós-parto se reflete nos consultórios. De acordo com a especialista, por serem impostas a um padrão irreal nas redes sociais, muitas mães procuram o atendimento “desesperadas”.
“É muito comum a paciente estar ainda amamentando, com 60 dias de parto, e vir à consulta para saber quando poderá fazer a plástica nas mamas ou no abdômen. Elas chegam desesperadas para operar logo, quando na verdade uma série de fatores precisam ser considerados”, alerta a médica.
A médica explica que, durante a consulta, busca orientar as mulheres a respeitarem o tempo do corpo, visto que algumas modificações são normais em virtude da gravidez, fazem parte do processo e precisam de tempo para que sejam atenuadas.
“No pós-parto, a mulher fica com a imagem corporal muito distorcida com relação ao que ela tinha antes da gestação. Mulheres que ganharam bebê há menos dois meses ainda estão expostas a mudanças fisiológicas, como a aureola escurecida e várias alterações hormonais no corpo, como o inchaço. São condições que podem melhorar naturalmente”, acrescenta.
Ivanoska ressalta que a decisão de se submeter a um procedimento estético invasivo é um passo importante e deve ser considerado com cautela, não por influências externas, mas por desejo pessoal da mulher.
“Essa alteração pós-gestação é normal para todas as mulheres. Eu recomendo que a mulher esteja segura de si e se submeta a cirurgia plástica somente depois que tiverem certeza de que não terão outros filhos, para evitar a exposição a mais de um procedimento”, finaliza.
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