metropoles.com

Por que é importante desenvolver a inteligência emocional em crianças

A ferramenta estimula a empatia, a resiliência, a autogestão e muitas outras habilidades-chave para o crescimento dos pequenos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
letícia1
1 de 1 letícia1 - Foto: null

Lidar com frustrações, colocar-se no lugar do outro, saber ouvir “não”. Do momento no qual saímos do útero à hora da morte, tomar decisões e conviver com nossos pares serão atividades intermináveis. “A inteligência emocional é a ferramenta que temos para lidar com as adversidades da vida”, define Mario Louzã, psiquiatra especialista em Psiquiatria Geral pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Quando trabalhada desde a infância, a habilidade torna-se natural na vida adulta — gerando indivíduos equilibrados e, consequentemente, felizes.

A capacidade de tolerar frustrações e digerir emoções é, segundo Louzã, crucial para que a criança entenda como é o mundo real, em oposição ao universo de fantasia comum da infância. “A inteligência emocional vai permear o desenvolvimento da criança tanto quanto outras características mais concretas, como o desenvolvimento neuropsicomotor.”

A infância, na verdade, é um período especialmente fértil para o aprendizado de conceitos importantes, como empatia e tolerância. De acordo com a neuropsicóloga Thaís Quaranta, a criança deve ser ensinada a se importar com os sentimentos dos outros desde pequena.

“Se ela bate ou morde o amiguinho, é mais adequado dizer que o colega está triste pelo fato de ter doído e machucado, do que simplesmente obrigar a criança a pedir desculpas”, exemplifica. Pedir desculpas apenas por pedir não ajuda a reconhecer ou a se colocar no lugar do outro”, orienta Thaís.

Na ciência, a inteligência emocional é estudada há anos. Pesquisadores da Universidade da Georgia, nos Estados Unidos, descobriram que pessoas mais altruístas e afetivas são mais habilitadas para reconheceram estados emocionais dos outros, graças à grande atividade em regiões importantes do cérebro, como a junção temporoparietal e o córtex pré-frontal medial.

Por outro lado, quando uma área cerebral chamada giro supramarginal, responsável por nos ajudar a regular o egoísmo, está em pleno funcionamento, a falta de empatia não só pode ser identificada, como corrigida. Ao mesmo tempo, danos nessa região reduzem de forma significativa a capacidade de se colocar no lugar do outro.

No universo infantil, desenvolver a inteligência emocional ajuda, por exemplo, a lidar com o bullying. Letícia Dantas Amaral, 10 anos, é outra menina depois das aulas sobre autoconhecimento. “A maior mudança é que ela está muito mais focada, tomando as próprias decisões. E está mais feliz com esta posição”, descreve a mãe da garota, Chris Dantas. “O bullying continua, mas o sofrimento não. Ela está mais empoderada.”

Chris Dantas é arte-educadora há mais de 25 anos e coordenadora do Espaço Arte há uma década. O local oferece um programa artístico de inteligência emocional infantil, no qual as emoções dos pequenos são trabalhadas por meio da música, teatro, dança e artes plásticas.

“A base da inteligência emocional é o autoconhecimento, e a arte, por si só, trabalha isso”, explica Chris Dantas. A ideia do curso é desenvolver, a partir do conhecimento de si mesmo, autogestão, resiliência e empatia.

Ter inteligência emocional, de acordo com a educadora, é, entre outras coisas, a capacidade de fazer escolhas — e de lidar com elas. “Nossa proposta é ensinar desde os 3 anos de idade como gerenciar as próprias emoções”, define Chris.

Autoconhecimento indispensável
Para Dante Sassi Lignelli, 7 anos, entrar em contato com conceitos de inteligência emocional também foi benéfico. Com autismo leve, o menino sofria para se enturmar na escola. “Nas brincadeiras, ele é sempre o ‘bobinho’ ou o que tem de correr atrás dos amigos”, conta a psicóloga Lisa Sassi, 45 anos e mãe de Dante. “Quando ele está feliz, ele canta. Se abraçava alguém, especialmente se fosse um menino, sofria bullying.”

6 imagens
Dante Sassi Lignelli, 7 anos, e sua irmã Uva Sassi Lignelli, 6
Dante Sassi Lignelli, 7 anos, na colônia de férias
A arte-educadora Chris Dantas e Uva Sassi Lignelli, 6 anos
Uva Sassi Lignelli, 6 anos
1 de 6

A inteligência emocional ajudou Letícia Dantas Amaral, 10 anos, a lidar melhor com o bullying

Junior Alves/Agência 2i
2 de 6

Dante Sassi Lignelli, 7 anos, e sua irmã Uva Sassi Lignelli, 6

Junior Alves/Agência 2i
3 de 6

Dante Sassi Lignelli, 7 anos, na colônia de férias

Junior Alves/Agência 2i
4 de 6

Junior Alves/Agência 2i
5 de 6

A arte-educadora Chris Dantas e Uva Sassi Lignelli, 6 anos

Junior Alves/Agência 2i
6 de 6

Uva Sassi Lignelli, 6 anos

Junior Alves/Agência 2i

A colônia de férias voltada para o desenvolvimento emocional de crianças foi um divisor de águas na vida do garoto. “Lá, ele mexeu com plantas, participou de ‘shows de talentos’ com as crianças. Isso ajudou muito a autoestima dele. Senti um crescimento em sua autonomia. É sutil, mas o vi mais inteiro. Mais tranquilo”, descreve Lisa. Até as disputas com a irmã, Uva Sassi Lignelli, 6 anos, diminuíram.

Comandada por uma equipe de psicanalistas, psicólogas, professoras e coachs, a Academia CrêSER também tem como foco a inteligência emocional infantil. “A maneira mais eficaz de ajudar crianças nesse processo é trabalhar com a família, pois esse é o principal ambiente de formação dessa identidade e seus valores”, ensina Robervânia Feitosa, pedagoga e coach.

Segundo Robervânia, crianças que não conseguem lidar bem com a frustração, com baixa autoestima, necessidade de chamar atenção, de fazer birra e com dificuldade de expressar seus sentimentos, por exemplo, precisam ser observadas de perto. “É necessário ler as entrelinhas do comportamento apresentado e identificar qual necessidade não foi suprida e qual habilidade precisa ser trabalhada.”

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comVida & Estilo

Você quer ficar por dentro das notícias de vida & estilo e receber notificações em tempo real?