Polêmica à vista: economia criativa troca a rua pelo shopping
Eventos famosos por acontecer em espaços urbanos e abertos, criaram filiais nos shoppings e estão causando polêmica na comunidade cultural. Entenda a polêmica
atualizado
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Nos últimos cinco anos, os eventos de ocupação urbana invadiram os espaços públicos do Distrito Federal. Os fins de semana e feriados dos brasilienses saíram de quatro paredes e passaram a ser, com o pé na grama, nas feiras de moda, gastronomia, música e decoração, espalhadas por todo o DF.
Quem mais sentiu a debandada dos clientes foram os shoppings – destino quase certo de uma considerável parte da população. Mas, há algum tempo, os centros comerciais decidiram reconquistar o público – antes – fiel. E passaram a organizar, eles mesmos, com curadoria dos criadores dos famosos eventos de rua, as suas próprias feiras.
“Os shoppings precisam se reinventar para não cair no ostracismo”, diz Maíra Garcia, gerente de marketing do Brasília Shopping. Por isso, a marca tem criado eventos para voltar a ser um ponto de parada nos fins de semana dos brasilienses.
Em fins de semana quando os shoppings recebem os eventos, há um acréscimo médio de 10% de circulação e 20% no consumo das lojas, restaurantes e estacionamento. As lojas dos shopping estão aproveitando o movimento e criando promoções para atrair mais consumidores.
Continuamos oferecendo conforto, conveniência, segurança e um preço diferenciado. Quando se alia à eventos de ocupação pública, a mistura dá certo.
Maíra Garcia
A medida, entretanto, causa polêmica nas rodas culturais. “Quando você passa um evento de ocupação urbana para o shopping, ele se descarateriza. O movimento se transforma em consumo e nada mais”, avalia o curador de arte Renato Acha.
Percebi que o público e os expositores das feiras se tornaram mais consumistas. Quem paga por um stand consegue expor no evento. Não existe uma escolha apurada
Renato Acha
Os organizadores do evento, entretanto, acreditam que as duas formas de trabalhar podem coexistir. os curadores deram novos nomes e uma nova roupagem às feiras, para se adaptarem a um novo público e local.
Além de ocupação urbana, temos preocupação em desenvolver a economia criativa do Distrito Federal. Quando levamos um pequeno produtor brasiliense para um dos metros quadrados mais caros do país, estamos ajudando ele apresentar o trabalho para um publico que geralmente não vai aos nossos eventos de rua
Miguel Galvão, coordenador do Picnik
Miguel também acrescenta que nos shoppings, responsáveis por toda a estrutura, os expositores não precisam pagar para participar com seus trabalhos, diferentemente do que acontece na rua, onde é preciso colaborar com custeio de estrutura e produção.
Por serem grandes, os centros comerciais financiam projetos engavetados por falta orçamento. “Conseguimos, por exemplo, oferecer workshops gratuitos ao público ministrados por palestrantes que muitas vezes não podem ser custeados pelo orçamento dos eventos que realizamos em espaços abertos”, conclui.
SERVIÇO
- MERCADINHO DO BRASÍLIA
Local: Área externa do Brasília Shopping – Entrada das torres
Data: sábado (12/9)
Horário: 9h às 15h
Entrada livre e gratuita - CATAVENTOS
Local: Praça Central Park Shopping – 1° Piso
Data: sexta (11/9) a domingo (13/9)
Horário: sexta e sábado, das 12h às 22h; domingo, das 12h às 20h
Entrada livre e gratuita