Pet terapia. Cachorros visitam pacientes do Hospital de Apoio
A interação terapêutica com cachorros tem transformado o clima do centro de saúde, que oferece cuidados paliativos a pessoas com doenças graves
atualizado
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Deitado na cama do hospital, José (nome fictício) encara o teto. Nos olhos, o reflexo do corpo cansado e doente há meses. Ele respira com dificuldade e quase nunca sorri ou fala. O quarto onde José está internado fica no Hospital de Apoio, na Asa Norte. As quintas-feiras costumam ser momentos de alívio nessa rotina. É quando os animais do projeto de pet terapia visitam pacientes.
Os corredores do centro de saúde ganharam mais vida desde que a iniciativa começou, há quase 3 meses. Cachorros vão aos quartos das pessoas para momentos de carinho e interação. José senta-se na cama para receber o labrador Enzo. Suas mãos enrugadas acariciam o pelo do animal e logo um sorriso se abre. “Ele é tão bonzinho e comportado”, fala, com dificuldade. Depois dali, Enzo vai alegrar os quartos ao lado.
Os voluntários que fazem parte da ação são os tutores dos cachorros. Os animais passam por uma avaliação de saúde rígida, tudo para garantir o bem estar deles mesmos e dos humanos. São 60 pessoas envolvidas na ação, coordenada pela veterinária Nayara Brea.
Ainda não consolidamos os dados, mas os pacientes têm abraçado o projeto com muito carinho. Muitos recebem alta e reclamam porque não vão ver mais os cachorros. Aqueles que continuam no hospital contam que o melhor dia da semana é a quinta-feira – quando recebem a visita dos pets
Nayara Brea
A visita dos cachorrinhos leva cerca de 15 minutos. É o suficiente para fazer a diferença. Os pacientes podem fazer carinho e brincar com os amigos caninos. Além do cuidado paliativo, o hospital também oferece apoio a pessoas em recuperação de doenças ou de sequelas após acidentes.
“Esses dias, a esposa de um rapaz chorava muito. O marido dela estava em coma e não reagia aos estímulos das visitas. Após o contato com os cachorros, ele esboçou um sorriso. Isso a deixou tão feliz. Ela nos contou que voltou a acreditar que o esposo estava aqui e que, de alguma forma, estava lutando”, completou Nayara.
Esse tipo de tratamento é conhecido como pet terapia ou Terapia Assistida por Animais (TAA). Além dos cães, outros animais como coelhos e tartarugas também podem participar.
O fonoaudiólogo André Pessoa é um dos profissionais que compõem a equipe médica voluntária no projeto. Ele explica que a terapia com animais faz parte de um processo do HAB que tem o intuito de oferecer tratamentos cada vez mais humanizados aos pacientes.
“A Pet Terapia proporciona um momento de convivência e experiência sensorial para os pacientes em reabilitação. O objetivo deste tratamento é oferecer mais conforto e acolhimento, porque quando se sentem mais felizes o resultado do tratamento é mais positivo e rápido”, diz André.