Ao fazer o enxoval, mentalize: roupa é roupa, não importa a cor.
Normal aquela ansiedade na gestação para saber logo o sexo do bebê e sair comprando roupinhas e mantas. Azul para eles, rosa para elas. Pura bobagem. “A gente fica apegada, eu mesma fiz isso no começo”, confessa a jornalista Carolina Vincentin, uma das fundadoras da revista AzMinas. “Além disso, é muito difícil não achar nada que não seja de frufru para menina e de temas clichê, como caminhãozinho, para meninos. Hoje sei que é uma bobagem. Roupa é roupa, o neném não se importa”, frisa.
Cozinha também é lugar de menino.
Com dois meninos em casa, um de poucos dias e um de 2 anos, faz parte da vida de Carolina Vincentin ensiná-los que a cozinha é um espaço para todo mundo em casa. “Quando eu vou cozinhar, coloco um banquinho para o mais velho acompanhar e ajudar. É educativo, porque posso mostrar as coisas da cozinha, e é bom para ele entender que ali é um espaço dele também, e não só da mãe ou de uma figura feminina. Com 2 anos, tem coisa que ele consegue fazer. Ele leva o prato sujo na pia, ele pode juntar os brinquedos esparramados pela sala”, enumera Carolina
Dê um basta em comentários machistas.
Muitas vezes eles vêm sem maldade, e saem de amigos, familiares, vizinhos. “Quando você tem um filho menino, é muito comum, por exemplo, se ele conhece uma bebê da mesma idade, as pessoas comentarem ‘ah, vão namorar…’. Não. Eles são amiguinhos”, diz Carolina Vincentin. “Quando digo isso, as pessoas acham que é ciúme de mãe, mas não tem nada a ver. A gente sexualiza as crianças muito cedo. Eu nem sei do que ele vai gostar quando crescer, se de menina ou se de menino”.
Tarefas domésticas também devem ser feitas por homens.
Lavar a louça, fazer compras, cozinhar, passar, cuidar dos filhos são atividades que devem ser de responsabilidade dos moradores da casa, sejam eles homens ou mulheres. É assim, por exemplo, na casa da assessora de imprensa Larissa Garcia, 26 anos. Ela trabalha durante o dia, o marido, Renato Alves, 27 anos, é músico e trabalha à noite. Por isso, o pai costuma fazer as tarefas domésticas e ficar com o filho do casal, Raul, 2 anos e 4 meses. “Com certeza quando chegar a hora certa vamos delegar tarefas como lavar a louça para o Raul”, explica Larissa.
Brinquedos não têm gênero.
Ou não deveriam ter. Propaganda da cozinha da Barbie, da máquina de costura ou máquina de lavar sempre mostram uma menina com o brinquedo em cor de rosa. Por que não aparecem meninos cuidando do bebê ou cozinhando no pequeno fogão? As marcas de brinquedos parecem estar presas em 1940, com seus brinquedos “de menina” e brinquedos “de menino”. Larissa diz que faz questão do filho brincar com os brinquedos que ele quiser. Por isso, ao encontrar a prima é normal brincar de boneca e passar batom. “Deixamos ele bem livre para brincar de qualquer coisa e fazemos questão de explicar que não tem diferença entre os brinquedos” conta.
Não deixe os familiares mais velhos recriminarem a criança.
Pessoas mais velhas podem ter sido criadas em um universo machista e elas vão querer se intrometer na forma como você resolveu educar os seus filhos. Não permita. Faça tudo que puder para não incentivar o discurso machista. “Muitas vezes o avô ou avó podem reprimir comentando que tal atitude é de menina, tal atitude é de menino, e eu procuro explicar que não é bem assim. Falo pro meu filho que a criação foi diferente, mas que ele pode fazer sem se preocupar com rótulos”, relata Larissa Garcia.
Nunca chame atenção de uma menina por ela ser mandona, encoraje-a a ser líder.
Dificilmente alguém vai dizer para um menino que ele é mandão. Mas há várias meninas que são taxadas e incentivadas a sumir com qualquer atitude de liderança, para se encaixar dentro de um padrão. Esse tipo de ensinamento passa o impressão que mulheres não podem mandar ou serem ambiciosas. As crianças internalizam a mensagem e assim entendem que meninas e mulheres devem se submeter a ordem de um homem. Existem
campanhas internacionais para acabar com o comportamento — Beyoncé inclusive é a porta-voz da mensagem — e encorajar que as mulheres sejam líderes.
Acompanhe que tipo de filme, seriado e livros o seus filhos estejam consumindo.
Pergunte aos seus filhos que tipo de conteúdo cultural eles estão procurando. Avalie com eles como as mulheres são representadas nessas histórias. A ideia é que seja uma conversa e não uma bronca. Por fim, mostre livros, filmes, seriados que tenham a mulher como protagonista e mostrem os personagens femininos em posições fortes e sensíveis. Assim, as crianças vão conhecer histórias de mulheres interessantes e quebrar padrões de comportamento.