O segredo para um casamento duradouro é a igualdade de gêneros, aponta estudo
Pesquisa da Universidade de Stanfor indica que, geralmente, são as mulheres que tomam a iniciativa de se separar, pois o casamento heterossexual, como instituição, privilegia os homens
atualizado
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Um estudo feito por um professor da Universidade de Stanford, Michael J. Rosenfeld, e noticiado pela revista Super Interessante descobriu que 69% das vezes, é a mulher quem dá início ao processo de divórcio, contra 31% dos homens.
Segundo o pesquisador, as mulheres são mais infelizes no casamento como instituição, mas quando o casal apenas “junta as escovas de dente”, sem papéis, o índice de separação é equilibrado em ambos os sexos. “Entre os casais não casados, ambos os sexos pedem o término de forma igual. Enquanto isso, nos casais casados, as mulheres são predominantes entre os que querem romper pois são menos felizes no casamento. Uma possível razão para isso é que o casamento heterossexual, como instituição, privilegia os homens”, afirma Rosenfeld.
Em entrevista para o Metrópoles, a advogada de família Flávia Adriana Ramos (TS Advocacia e Consultoria, em Sobradinho-DF), com 18 anos de carreira, concorda com a afirmação, mas com um porém: na maioria de seus casos apurados, as mulheres tentaram previamente manter o matrimônio como instituição. “Quando a mulher chega pleiteando o divórcio, já tentou a mantença do matrimônio. Quando chega no ponto de ir em frente com o processo, ela já pesou na balança os prós e os contras e a necessidade de resolver de divórcio de outra forma”, afirma Flávia Adriana Ramos.
Segundo o IBGE em 2014 (últimos dados apurados), no Brasil, foram concedidos em 1ª instância cerca de 262.332 divórcios, sendo destes 5.901 somente no Distrito Federal – com predominância de casais entre 35 e 39 anos. Os motivos são variados.
Nos casos em que a advogada Flavia Adriana Ramos atuou, três motivos são predominantes. “Infidelidade ainda é um grande marco, seguido de problemas financeiros e incompatibilidade de gênero, que afeta demais a convivência matrimonial. Muitas mulheres decidem por se divorciarem para resolver uma série de outros problemas, às vezes querem evitar o uso da Lei Maria da Penha, quando ainda têm liberdade de deixar a relação.”
Igualdade de gênero nos pedidos e a insegurança com o futuro dos filhos
Ainda assim, segundo a advogada, durante os seus anos de carreira a constante de pedidos de divórcio tem sido razoavelmente equilibrada, apesar do aumento palpável apontado nos últimos anos. Entretanto, a separação amigável ainda é rara: sempre há um lado mais disposto a solicitar direitos, bens ou outros motivos que levem ao fim da pacificidade.
“São raras as ocasiões em que o divórcio é consensual e amigável”, ela afirma. Em se tratando de filhos, é pior ainda. Segundo dados do IBGE, 2.888 dos 5.901 pedidos de divórcio em 2014 foram feitos por pais com filhos ainda menores de idade. Desses, 1.014 foram de filhos maiores de idade, 535 com filhos maiores e menores de idade e 1.461 sem filhos.
A pensão alimentícia é um agravante nas decisões de separação. “Não deixa de ser um ponto problemático de forma alguma. Em um casal em que ela não está no mercado de trabalho, geralmente a oferta é de auxílio é durante o período em que ela está fora do mercado de trabalho. A decisão pode também ser oposta”, afirma.
Independência ou separação
A pesquisa do professor Michael J. Rosenfeld ainda afirma que “o casamento não se moderniza”. No Brasil, por exemplo, mesmo que as mulheres trabalhem com a mesma carga horária de seu parceiro de sexo masculino, ela ainda passa um total de 26 horas por semana cuidando do lar, contra 10 horas oferecidas pelo homem. O segredo para um casamento duradouro é a igualdade de gêneros.
“Cansadas, elas optaram pelo divórcio. Já os relacionamentos não matrimoniais seriam mais igualitários porque a mulher sofre com menos cobranças das famílias e da sociedade”, afirmam trechos da pesquisa.
Na contrapartida, em 2014 foram registrados 18.508 casamentos e 129 destes foram homoafetivos. Elas também passaram a diz “sim” com em média 35 anos, ao invés da média de 39 anos registrada no ano anterior. Já nos homens, a média de idade para se casar fica em 35 anos.