“Nunca foi sorte”, diz manicure mais famosa do país ao Metrópoles
Roberta Munis já teve o trabalho estampado na capa da Vogue, da Elle e da Glamour. Em entrevista, ela fala sobre carreira e autoaceitação
atualizado
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Pense em uma cantora pop. Anitta, Ludmilla, Iza e Gloria Groove vieram à mente? Agora, pense em atrizes, apresentadoras e influenciadoras digitais de grande destaque no país. Bruna Marquezine, Marina Ruy Barbosa, Sabrina Sato, Juliette Freire e Maisa Silva foram lembradas, não? O que todos esses nomes têm em comum, além da fama, é o apreço pelo talento de Roberta Munis, nail artist queridinha também das revistas de moda e beleza mais importantes do Brasil.
A lista de clientes é longa, assim como a trajetória rumo ao sucesso. Filha de cabeleireira e administrador, Roberta cresceu nos salões de beleza da mãe e herdou a aptidão para gerenciar o próprio negócio do pai. “Sempre fui muito criativa e tive habilidades manuais, mas demorei a reverberar esse meu lado artístico por meio das unhas”, declara ao Metrópoles.
A história bem-sucedida da manicure mais famosa do país, cuja a primeira cliente estrelada foi Karol Conká, começou em 2013, após o falecimento do pai. “Muito abalada pela morte dele, minha mãe parou de trabalhar e estava quase entrando em depressão. Percebi que precisava largar tudo para cuidar dela. Foi quando encontrei uma casa para ela ao lado da minha e propus de abrirmos um salão de beleza juntas. A ideia era a minha mãe cuidar do cabelo das clientes e eu me dedicar à venda de peças feitas à mão, em uma lojinha nos fundos do estabelecimento”, conta.
A alta rotatividade de manicures no espaço, no entanto, incentivou a paulistana a assumir essa função. “Falava para a minha mãe que não abrimos as portas para dar errado. Então, mesmo sem intimidade alguma com o alicate, decidi assumir o posto de manicure, uma das profissionais mais requisitadas do salão, e acabei me encantando pela profissão”, diz.
Fruto de muito suor, cada vitória é lembrada com carinho pela profissional, atualmente com 35 anos. “Abrimos um estúdio bem pequenininho, com móveis doados, e fomos ampliando conforme fui me especializando na nail art“, revela. Aplicada e perfeccionista, Roberta passava as horas livres pesquisando cursos e tendências nas redes sociais. “As clientes gostavam do resultado, mas eu queria me aprimorar. Certa vez, peguei o cartão de crédito emprestado com uma cliente para pagar uma especialização em alongamento de unhas no valor de R$ 1.800. Nunca vou esquecer da generosidade dela”, rememora.
A primeira cliente famosa de Roberta foi Karol Conká, seguida de Taís Araújo. “Tive a oportunidade de trabalhar com elas ao entrar em contato com a stylist Anna Boogie por meio das redes sociais. Pensei: ‘Ela ainda não sabe, mas precisa do meu trabalho'”, brinca. “Felizmente, a Anna curtiu a minha arte no Instagram e me convidou para fazer um clipe com Karol e Taís em 2016. Naquela época, as produções de moda eram acompanhadas de uma unha totalmente sem graça, francesinha no máximo. Resolvi mudar essa história, entender o propósito de cada trabalho e desenvolver, em conjunto com a equipe de arte, unhas ‘fora da caixa'”, continua.
Outro divisor de águas na carreira da artista foi o encontro com o maquiador Henrique Martins. “Ele enxergou o meu potencial em um trabalho para uma revista pequena e me chamou para uma ação publicitária com a dona Hermínia, interpretada por Paulo Gustavo. Acabei entrando para a equipe fixa do humorista, realizando todos os jobs da icônica personagem”, relata.
A morte do comediante, logo, foi devastadora para ela. “As manicures tendem a ser invisíveis em um set de filmagens, subestimadas mesmo. Mas o Paulo Gustavo sempre me viu. Ele era aquele tipo de pessoa que te olha e te enxerga, sabe? Sempre me fazia rir e sentir à vontade. Uma perda imensurável”, lamenta.
Questionada sobre a sua produção mais marcante até então, Roberta hesita. “Talvez a nova capa da Elle holográfica com Bruna Marquezine. Tive total liberdade criativa em meio a uma equipe extraordinária”, destaca.
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E com quem falta trabalhar? “Beyoncé”, responde, aos risos. “Também Ney Matogrosso e Elza Soares”.
Para o futuro, Roberta deseja apenas administrar melhor o tempo para conseguir promover cursos pelo país, transferir o estúdio com a mãe (atualmente especializado apenas em unhas) para um espaço maior e lançar a própria linha de produtos. “Já vendo unhas postiças personalizadas para clientes de todo o Brasil, mas seria um sonho ter uma linha inteira só minha, com esmaltes e acessórios”, detalha, enaltecendo a força que a nail art ganhou em todo o mundo nos últimos anos.
Apesar de ter ao menos três horários por semana dedicados a celebridades, a designer também atende anônimas. “Minha agenda é cheia, mas basta marcar um horário com um mês de antecedência. Há pessoas excelentes da minha equipe para atender a todos também”, exclama. O valor dos serviços pode ser consultado neste link.
Sobre a relação com os famosos, ela diz: “Frequento a casa de muitos deles, mas tento não forçar nenhuma relação, mantendo uma postura bem profissional. Diria que sou amiga apenas de Duda Beat e Sabrina Sato, com quem troco confidências. Mas a verdade é que já me sinto extremamente feliz quando personalidades como Manu Gavassi e Claudia Raia me recebem com carinho em um set“.
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Para as manicures de todo o Brasil, Roberta manda um recado: “Nunca foi sorte! Talvez o bullying na infância por causa do meu excesso de peso tenha me fortalecido e me feito entender que eu precisava me destacar de outras maneiras na vida, por meio do talento e do trabalho, por exemplo. A realidade é que cheguei onde cheguei devido à minha dedicação e persistência. Devido à minha vontade de ir além. E todas nós somos capazes disso, de mudar a realidade financeira de nossas famílias e alcançar a realização profissional por meio das unhas. Treine e não desista dos seus sonhos. Seja a melhor naquilo que faz”, finaliza.
Hoje, Roberta trabalha não apenas com a mãe, mas também com a irmã e a sobrinha. Situado no bairro do Limão, na zona norte de São Paulo, o estúdio delas foi furtado na madrugada dessa quarta-feira (26/5), um dia antes desta entrevista. Apenas bens materiais foram levados, e não a “garra” da família de trabalhar.