Neta registra o cotidiano de esquecimentos da avó com Alzheimer em ensaio fotográfico
Com delicadeza, imagens mostram processo solitário de desconstrução da personalidade, causada pela doença
atualizado
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Com amor e sensibilidade, uma fotógrafa norueguesa registrou os momentos de vida da avó com a doença de Alzheimer. Britt M, como ela se identifica, eternizou o cotidiano para mostrar a transformação na vida da avó, que era uma pessoa ativa e forte, antes do diagnóstico.
Com a doença, ela se esqueceu das atividades mais básicas, como se alimentar. Também não se lembrava do nome da neta. As fotografias mostram esse processo de desconstrução de quem ela era.
Leia o texto de apresentação do projeto de Britt M.
“Eu tinha uma avó que era sempre tão forte. Sempre tão assertiva e sempre tão contente. Eu tinha uma avó que viveu por mais de 20 anos após o falecimento de seu marido, que manteve suas rotinas normais, todos os dias. A avó, que tinha orgulho em se vestir bem, convidando pessoas para uma xícara de café e que regava seus vasos de plantas duas vezes por semana.
Minha avó vestia malha em sua cadeira perto da janela, sempre usava chinelos dentro de casa e disse que fazia suas orações todas as noites, antes de ir para a cama sozinha. Então, um dia, eu tinha uma avó que não era forte, nem assertiva. Eu tinha uma avó que esqueceu de comer. Esqueceu-se de alimentar os pássaros. A avó ocasionalmente teve um tempo difícil para lembrar quem eu era.
Mas, apesar do fato de que sua compreensão sobre o mundo estava indo embora, mesmo que sua memória estivesse desmoronando e os seus dias fossem mais cinza do que coloridos, ela ainda manteve as suas rotinas.
Minha avó faleceu pacificamente, não muito tempo depois. Eu estava lá quando aconteceu. Esta é a minha representação artística do que parecia ver alguém tão perto de mim lutar com a escuridão, estranheza e a solidão de perder sua memória. Um retrato de como eles tentam desesperadamente segurar as poucas coisas familiares que deixaram, só para sentir como a pessoa que eram uma vez, mais uma vez.”