Mulheres e finanças: confira um guia prático para começar a investir
Se você quer multiplicar seu patrimônio, mas está esperando acumular uma fortuna para isso, saiba que a melhor hora para começar é agora
atualizado
Compartilhar notícia
Aprender a investir é coisa de milionário (com ênfase no termo masculino), pode te fazer perder dinheiro e demanda praticamente um doutorado em economia. Se você é mulher, provavelmente, já ouviu algum desses mitos sobre o universo dos investimentos. A linguagem das finanças realmente assusta, contudo, a aplicação de recursos é uma ferramenta, relativamente simples, que te permite se resguardar e não ficar propenso à insegurança financeira, criada, por exemplo, por uma crise global de saúde como a pandemia de Covid-19.
Em suma, a ideia básica é aplicar dinheiro ou outros tipos de recursos para gerar mais dinheiro. Parece simples, e realmente é. O que costuma distanciar a maior parte da população brasileira do mercado financeiro, em especial as mulheres, são crenças limitantes perpetuadas por séculos, e um vocabulário restrito a uma parcela seleta da sociedade.
Na visão de Fernanda Ribeiro, co-fundadora da Conta Black — fintech criada para desburocratizar o acesso aos serviços financeiros —, essa discrepância de gênero no letramento financeiro é estruturada sobre desafios culturais, que reforçam que “as meninas não são boas em matemática”, mas que são, de fato, condutas enraizadas no preconceito.
“O grande problema é que existe um estereótipo de que mulheres e números são grandes inimigos, o que muitas vezes nos impede de adentrar ao universo de investimento de uma maneira mais efetiva. Eu gosto de enxergar o copo cheio, e sim, cada vez mais estamos adentrando nesse mundo”, pondera.
A visão otimista da profissional também se reflete em dados. O número de investidoras nas principais modalidades do mercado financeiro do país cresceu significativamente nos últimos anos. Em abril de 2021, elas atingiram a marca de 1 milhão de CPFs cadastrados na bolsa de valores, segundo dados do relatório de perfil de investidores pessoas físicas, divulgado pela organização.
Nos últimos quatro anos, esse número deu um salto. Para efeitos de comparação, entre 2009 e 2016, a quantidade de investidoras chegou a cair de 136.062 mil para 130.265 mil no período. Entre 2017 e 2020, contudo, o crescimento foi de quase 500%, de 141.738 mil para 847.585 mil.
Saúde financeira
Dominar a linguagem dos investimentos, segundo a especialista, se reflete em mudanças positivas além da cartela de ativos. “Quando você começa a investir, automaticamente cria uma necessidade de autodisciplina e conhecimento das suas finanças”, frisa Fernanda.
Como resultado, a mulher que transita no mercado financeiro passa a se programar melhor em termos econômicos, o que reflete diretamente na saúde financeira. Portanto, considerando o cenário global que posiciona a mulher, em termos monetários, em maior situação de vulnerabilidade, dar os primeiros passos em investimentos “é uma ferramenta essencial para a construção da autonomia feminina”.
Para Cibele Schuelter, 49, começar a investir foi quase instintivo. Desde criança, ela aprendeu a guardar o próprio dinheiro em uma poupança — o caminho natural, após guardar as moedas no cofrinho. Porém, com o tempo, ela foi aprimorando a própria cartela de ativos com opções mais atrativas.
“Em primeiro lugar, eu acredito que investir te proporciona uma segurança de vida. Como mulher, você passa a não depender de ninguém, ter mais liberdade, ter uma vida independente”, frisa a consultora na área de educação. “Esse controle também vem do comportamento. A minha vida é como uma empresa, eu tenho total controle do que entra e do que sai, financeiramente”, completa.
Marco zero das finanças
De acordo com as especialistas, começar a investir depende de pilares fundamentais. Amanda Dias, criadora da plataforma Grana Preta, ressalta que o aspecto primordial é manter o controle sobre as próprias finanças. Com um diagnóstico em mãos, você saberá qual é seu ponto de partida.
“Será que o que você ganha realmente não dá pra nada? Ou você tem uma torneirinha de gastos invisíveis aberta aí na sua casa?”, questiona a coach financeira.
O primeiro passo para chegar a esse panorama é calcular seu custo de vida. Ele é resultado da soma do valor monetário dos bens que são essenciais à sua sobrevivência básica. “Dominar esse montante e analisar quanto da sua renda atual é gasta com ele, é o ingrediente fundamental para o seu sucesso financeiro”, ensina.
Se o seu custo de vida requer 70% ou menos da sua renda, você está no caminho certo. Com um pouco de planejamento e disciplina, em pouco tempo, você estará fazendo incursões pelo universo dos investimentos.
Metas, objetivos e planos
Com o domínio dos gastos, a próxima etapa é identificar seu perfil de investidor. Ele é definido pelo conjunto de características pessoais que determina como você lida com segurança, liquidez e rentabilidade dos investimentos, e é dividido nas categorias conservador, moderado ou agressivo.
Munido de informações sobre quem você é como investidor, o planejamento fica mais simples. Para começar, defina seu objetivo e trace metas para alcançá-lo. É importante que elas estejam próximas à sua realidade. Sabendo onde você quer chegar, os caminhos que te levarão ao sucesso são mais certeiros.
“É a sua meta que define o tipo de carteira de investimentos que você deveria ter, e não o contrário”, frisa Daiane Mohr, especialista em investimentos da Warren.
Também é importante estabelecer um valor fixo e qual será a frequência de aplicações. O montante mínimo é bem menor do que você, provavelmente, imagina. Pode ser R$ 30, R$ 100, R$ 500. O que fizer mais sentido e couber no seu orçamento.
“O investimento do momento”
Embora publicações e promessas nas redes sociais definam tipos de ativos como “o investimento do momento”, a alternativa que vale a pena está sempre associada ao seu perfil e realidade. Porém, as informações que você provavelmente leu, sobre estar “perdendo dinheiro” na poupança, tem fundamento.
Atualmente, “qualquer modalidade de investimento rende mais do que a poupança, visto que a premissa de qualquer investidor é buscar investimentos que rendam no mínimo 100% do CDI. Falando a grosso modo, manter o dinheiro parado rende apenas 70% desse índice”, defende Amanda Dias.
Ou seja, a regra de cálculo de rendimento da poupança a torna bem menos atrativa que as outras opções para sua reserva de emergência. No caso desse tipo de aplicação, Dias recomenda o tesouro Selic e os Certificados de Depósito Bancário (CDB), ativos de renda fixa, como alternativas seguras para quem quer, realmente, ver rendimentos adequados.
Confira tipos de investimentos para iniciantes:
- CDB (Certificado de Depósito Bancário)
Altamente recomendado para investidores de perfil conservador, ele envolve um risco menor e tem a mesma segurança da poupança, mas oferece um índice de rentabilidade muito mais atraente.
Esse é um título de renda fixa emitido pelos bancos e caixas econômicas, que funciona como uma espécie de empréstimo para os bancos, visando captar dinheiro para financiar suas atividades. Em troca, o investidor recebe a quantia aplicada mais o juro acordado no momento do investimento.
- Tesouro Direto
Trata-se de uma alternativa de investimento diversificada, pois oferece títulos com diferentes tipos de rentabilidade (prefixada, ligada à variação da inflação ou à variação da taxa de juros básica da economia – Selic), diferentes prazos de vencimento e também diferentes fluxos de remuneração.
Com pouco mais de R$ 30 você já pode investir no Tesouro Direto. Não é preciso nem muito dinheiro para começar a investir nem ser um especialista em investimentos.
- Fundos de investimentos de renda fixa
Um fundo de renda fixa funciona como uma carteira de investimentos segura com rendimentos previsíveis e baixa oscilação, como CDBs, títulos públicos e outros. Ela é administrada por um gestor profissional.
Na prática, eles permitem que você invista em vários produtos de renda fixa a partir de um único investimento. O seu fundo pode ser composto por títulos privados e públicos.
- LCI (Letra de Crédito Imobiliário)
Considerado de baixo risco, esse é um título de renda fixa que pode ser emitido por instituições autorizadas pelo Banco Central, com objetivo de financiamento do setor imobiliário.
A aplicação é mais indicada para objetivos de médio e longo prazo, uma vez que tem um período de carência – a partir de 90 dias. Ou seja, não é recomendado retirar o valor antes do período contratado.
Quer ficar por dentro das novidades de astrologia, moda, beleza, bem-estar e receber as notícias direto no seu Telegram? Entre no canal do Metrópoles: https://t.me/metropolesastrologia.