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Milagre: após infecção, mulher é amputada e luta por próteses

Helenice “Milagrinho” teve sepse após uma infecção urinária. Suas chances de sobreviver eram de 1%, mas ela e a família nunca perderam a fé

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Mike Sena/Especial para o Metrópoles
Helenice Milagrinho, sobrevivente da Sepse, posa com a família
1 de 1 Helenice Milagrinho, sobrevivente da Sepse, posa com a família - Foto: Mike Sena/Especial para o Metrópoles

A manhã do dia 11 de julho de 2019 parecia como qualquer outra para a professora Helenice Nunes, exceto por um mal-estar que a acompanhava havia alguns dias e se agravou naquela fatídica quinta-feira. De atestado da escola onde atuava como coordenadora, ela chamou um carro e resolveu ir sozinha ao hospital. Foi a última vez que a mineira radicada em Brasília viu sua casa pelos dois meses seguintes.

Em seu prognóstico, as dores e indisposições que sentia não pareciam nada grave. Mas, ao passar por exames, a educadora descobriu que os sintomas indicavam o agravamento de uma infecção urinária. O quadro conhecido como sepse, infecção generalizada ou septicemia é potencialmente fatal e, no caso de Helenice, tinha comprometido praticamente todos os órgãos.

Ao interná-la na unidade de terapia intensiva (UTI), os médicos alertaram para a família que o caso era grave e que suas chances de sobreviver não passavam de 1%. Ainda assim, dependiam da amputação dos quatro membros. Um procedimento delicado e que mudaria a vida da moradora do DF de forma definitiva.

Em coma induzido, foi a família que teve de tomar rapidamente a decisão, visto que parte das mãos e dos pés de Helenice começaram a necrosar. “Um dia, um enfermeiro me disse para tomar cuidado ao passar pomada nas mãos dela. Disseram que podia cair nas minhas mãos. Fiquei apavorada”, conta a caçula Maria Luiza.

Apesar da gravidade e contrariando todas as previsões médicas, a cirurgia de remoção ocorreu bem. Mas, até que Helenice pudesse retornar à sua casa, a família viveu um verdadeiro drama que comoveu a todos, incluindo integrantes da equipe médica.

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Há um ano, a moradora do DF não imaginava que sua vida mudaria completamente
Ela tinha 1% de chance de sobreviver e teve choque séptico (estágio mais grave da infecção, com comprometimento de parte dos órgãos)
Contrariando as previsões médicas, ela se recuperou e mantém o mesmo sorriso de antes
Pintar telas ajuda no desenvolvimento motor e cognitivo, além de ser um passatempo da professora aposentada
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Helenice "Milagrinho" com as filhas Maria Luiza e Maria Helena

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Há um ano, a moradora do DF não imaginava que sua vida mudaria completamente

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Ela tinha 1% de chance de sobreviver e teve choque séptico (estágio mais grave da infecção, com comprometimento de parte dos órgãos)

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Contrariando as previsões médicas, ela se recuperou e mantém o mesmo sorriso de antes

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Pintar telas ajuda no desenvolvimento motor e cognitivo, além de ser um passatempo da professora aposentada

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“Logo após a cirurgia, teve um dia em que ela estava com a febre muito alta. Os médicos haviam tentado de tudo. No desespero, comprei um saco de gelo e coloquei em cima dela. Todos já estavam tão sensibilizados com o caso que deixaram a gente fazer isso. Só queria abaixar a temperatura dela, mesmo com o risco de pneumonia. Logo depois, a febre diminuiu e o médico chorou com a gente, tamanha a alegria”, lembra Maria Luiza.

Milagrinho

Quando acordou, Helenice tinha um novo sobrenome: “Milagrinho”. Foi assim que ela ficou conhecida por médicos e enfermeiros no hospital. O apelido faz jus não só pela história comovente que protagonizou, mas pela força, resiliência e bom humor com que lida com a nova condição. E, claro, pela determinação para voltar a ter uma vida “normal”.

“Quando me dei conta, fiquei um dia inteiro pensativa, calada. Demorou para a ficha cair, até porque a sensação é de que as mãos e os pés ainda estão lá. Ninguém acreditava que eu ia acordar, os médicos disseram que se eu sobrevivesse, teria problemas cognitivos, ficaria ‘lesada’. Não tive nada disso. Sei que é um milagre e sou feliz de estar viva, em casa, com a minha família”, diz.

“Foram dois milagres. O primeiro da vida, e o segundo, o da aceitação, o jeito como ela lida com as coisas. Como ela mesma diz, aos risos, ‘vão se os dedos e ficam os anéis’”, acrescenta o marido, Islande Braga.

Casal de Idosos sentados na mesa do Fausto e Manoel em Brasília (DF) e bebendo cerveja
Há pouco mais de um ano, Helenice tinha uma vida como a de muitas pessoas. Trabalhava como professora, era ativa e gostava de sair para curtir o casamento de 35 anos

 

“Um dia, cansada daquele procedimento médico em que os enfermeiros vêm e fazem perguntas para testar se você está pensando bem, resolvi fazer uma brincadeira. Quando perguntaram quem era meu marido, disse que era o papa João Paulo II. Depois disse que tinha três filhos e eles perceberam que algo estava errado. Continuei: Maria Luiza, Maria Helena e o escambau”, brincou Maria.

“Todo mundo caiu na risada e ela pediu desculpa ao médico. Ele disse que não tinha problema. Durante todo esse tempo no hospital, tudo o que ele queria era poder ouvir a voz dela, fazendo piada, então… Aquilo era muito gratificante”, completa Maria Luiza.

Bom humor e exemplo de superação

Para além da história comovente, Helenice chama atenção nas redes pelo jeito despachado e bem humorado com que lida com a deficiência.

Aposentada definitivamente das atividades como professora, ela ocupa seus dias com sessões de fisioterapia, psicólogo e terapia ocupacional. Quando está em casa, passa parte do tempo pintando telas com ajuda de um suporte fixado aos braços, para treinar o sistema motor.  A rotina tem sido compartilhada nas redes sociais  para ajudar a família a vencer mais uma etapa.

Isso porque a missão, agora, é adquirir as quatro próteses para que Helenice possa fazer coisas simples do dia a dia, e ter uma vida mais independente. Contudo, o equipamento é caro e eles tentam arrecadar R$ 600 mil com ações divulgadas no Instagram.

“Temos muita esperança. O pior já passou. Com fé, vamos conseguir esse dinheiro também”, acredita a filha mais velha, Maria Helena.

Como ajudar

O exemplo de superação e a habilidade em sorrir, mesmo nas adversidades, chamou atenção de famosos como o jogador de futebol Reinier Jesus, ex-Flamengo e atual meio-campo do Real Madrid.

Ele também é de Brasília e soube da história por meio de amigos em comum. Para ajudá-la, a família do atleta entrou em contato e doou uma chuteira autografada, que está sendo rifada para ajudar na aquisição das próteses.

Além das chuteiras, a família também sorteia um iPhone e arrecada recursos no site Vakinha.com. Quem tiver interesse em contribuir pode obter informações no Instagram ou no próprio site de ajuda social.

Mensagens de apoio e compartilhamentos, que possam levar  a ação ao conhecimento de mais pessoas, também são bem-vindas. “A história da minha mãe é de fé. É um milagre mesmo. Mas também serve de alerta para não negligenciarmos doenças comuns”,  finaliza Maria Luiza.

 

Chuteiras do jogador Reinier Jesus, do Real Madrid, que está sendo rifada por Helenice Milagrinho
Chuteiras do jogador Reinier Jesus estão sendo rifadas para ajudar na compra das próteses. Também é possível ajudar por meio da Vakinha que a família está promovendo. Equipamentos custam R$ 600 mil

 

 

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