Jovem descreve como é viver com anorexia sexual
Síndrome do pânico, ansiedade excessiva e taquicardia fizeram parte de sua rotina. “É como a anorexia, que você tem nojo da comida. Eu tenho nojo do contato físico”, explica
atualizado
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A americana Liz Jackson (nome fictício) não faz sexo há anos. Segundo um relato pessoal, publicado na revista Marie Claire americana, ela sofre de anorexia sexual. “Eu não consigo me lembrar onde eu ouvi este termo pela primeira vez, mas me lembro bem como me senti: doente e aliviada, simultaneamente”, conta.
“Anorexia sexual trata-se de um extremo medo e ansiedade sem limites quando o assunto é intimidade e situações de atividade sexual. Eu tenho isso. Do mesmo jeito que pacientes que sofrem de anorexia se privam de alimentação, pacientes com anorexia sexual se privam de sexo”, explica. “Muita gente confunde anorexia sexual com assexualidade, deduzindo que os dois resultam na falta de interesse em atividade sexual. A anorexia sexual não aparece especificamente em um catálogo de Diagnóstico e Estatísticas de Desordem Mental, mas é considerada uma doença psicológica. E é devastadora.”Em seu relato, Jackson conta o que gerou seu trauma, aos 23 anos. Um ex namorado a deixou por outra mulher, mas manteve o relacionamento com as duas. Sentindo-se desvalorizada e traumatizada, a jovem, que já sofria de síndrome do pânico e extrema ansiedade, passou a transferir seus ataques de pânico para situações sexuais.
“A última vez que tentei transar foi no verão de 2010. Eu concordei, depois de muita insistência, em sair com um rapaz que conheci por meio de amigos. Saímos algumas vezes e eu curtia bastante sua companhia. Entretanto, eu sofro de ansiedade extrema – particularmente sobre relacionamentos – e já havia traumas antigos. Uma tarde, ele me buscou no trabalho e após uma tarde relaxante e divertida, nos vimos na cama. Quando as coisas começaram a tomar iniciativa, meu corpo imediatamente se fechou em tensão. Eu sentia que não conseguia respirar. Comecei a chorar.
Eu pensava: o que estou fazendo? Será que eu realmente gosto deste cara? Lembra o que aconteceu a última vez em que você tentou fazer isso? Doeu. Pare com isso. Agora.
‘Saia de cima de mim!’, gritei e o empurrei enquanto enxugava minhas lágrimas e buscava ar. Ele obviamente atendeu meu pedido e tentou fazer de tudo para me acalmar. Expliquei que estava tendo um ataque de pânico e ele se desculpou incansavelmente. Quando minha respiração voltou ao normal, nos vestimos e eu disse que queria ir para casa. Ele ofereceu me levar, mas eu preferi pegar o ônibus. Enquanto esperávamos, ele perguntou: “Isso realmente não vai funcionar, não é?”
Eu balancei a cabeça negativamente, disse adeus e nunca o vi novamente. Nunca mais tentei fazer sexo de novo.”
A jovem sofre de anorexia sexual há mais de uma década. Ela conta ainda que um dia precisou conversar com sua família sobre o assunto. “As pessoas não acreditavam em mim”, contou. Apesar de buscar tratamento, Jackson sente dificuldade em falar sobre o problema.
Falar sobre minha anorexia sexual me faz sentir destruída, como se eu fosse ficar para sempre sozinha. É mais do que o medo da rejeição, é algo real e é de partir o coração.
, contou.
Apesar de sofrer diariamente, ela conta que ainda tem esperança de superar seu trauma e encontrar alguém que mude sua concepção. “Quando contei para uma amiga uma vez ela disse: isso é exatamente o que eu sofri por anos e não conseguia imaginar o que estava errado comigo… Imediatamente me senti aliviada e, ao mesmo tempo, esperançosa. Temos uma personalidade parecida e ela está em um relacionamento maravilhoso. Ver que ela foi capaz de superar me faz acreditar que um dia conseguirei também.”
Veja o relato completo – em inglês – no site da Marie Claire.