Jornalista Luanda Vieira diz ter sofrido racismo em salão de beleza de SP
Em entrevista ao Metrópoles, influenciadora digital deu detalhes sobre o caso, ocorrido em 6 de maio no Studio Lorena
atualizado
Compartilhar notícia
“Não deixe confortável quem te desrespeita.” Foi com essa máxima que a jornalista Luanda Vieira, de 33 anos, expôs o caso de racismo que sofreu em um salão de São Paulo. Em publicação nas redes sociais na última semana, a influenciadora digital deu detalhes sobre o caso, ocorrido em 6 de maio no Studio Lorena, situado no bairro Jardins, área nobre da capital paulista.
A denúncia, feita em um vídeo postado no Instagram, veio acompanhada da reflexão de que, após anos com medo de expor a própria opinião, era hora de entrar em alguns debates e falar a respeito do crime pelo qual passou.
Luanda alega ter sido abordada por um profissional do estabelecimento que comentou, de forma pejorativa, sobre a presença dela no salão, supostamente a confundindo com uma antiga funcionária, também negra. Na entrevista abaixo, concedida com exclusividade ao Metrópoles, ela detalha o episódio. Veja:
Outro lado
A reportagem entrou em contato com o Studio Lorena. Por meio de nota, os sócios do estabelecimento, Fernanda Queiroz e Luís Silva, afirmaram que a empresa irá passar por uma “ transformação de cultura interna”.
Confira, na íntegra:
Na sexta-feira, o Augusto agiu de forma que julgamos errada sim ao confundir e comparar a Luanda com a Miriã, já que essa conexão se deu por ambas serem negras e usarem o mesmo estilo de penteado e tranças (que era um penteado que a Miriã usava na época que trabalhava aqui com a gente – há 5 anos).
Isso nos mostra o quanto precisamos trazer o debate racial com mais afinco aqui para dentro, já que nossa proposta enquanto espaço não é a de fazer comparativos entre pessoas, mas sim ser um ambiente onde todos se sintam acolhidos e bem. Não esperávamos mesmo que pudesse acontecer, ainda mais vindo do Augusto, que está com a gente desde o dia 01 do salão (há 11 anos) e que nunca nos deu motivos para duvidarmos dos seus princípios e caráter.
Por aqui a gente acredita que a mudança perante os nossos problemas sociais se constrói juntos, ouvindo e conversando ao invés de apenas afastando, pelo menos para aqueles que merecem uma segunda chance.
Por fim, vale deixar claro que em hipótese alguma a surpresa do Augusto se deu pelo fato de ter “uma mulher negra ali sentada fazendo as unhas” (citação do vídeo). Isso não é nenhuma surpresa para gente que está aqui todos os dias. E, @luandavieira: Você trouxe o fato de que no fim da nossa ligação eu ressaltei a sua educação ao escrever a mensagem e ao falar comigo ao telefone para me contextualizar em seu vídeo como racista. Poxa, sério?
Te dando o contexto do lado de cá, eu trouxe isso porque pude sentir o lugar de dor que você estava naquele momento e, ainda assim, teve toda a sabedoria do mundo para trazer essa conversa com as meninas na recepção, no whats e depois na ligação comigo de um modo construtivo. E isso é raro, independente da cor da pele. Continuo elogiando a forma que você veio até nós, bem como a atitude de trazer a conversa para a internet. Mesmo infelizmente tendo a nossa marca envolvida, a gente também acredita que é preciso sim conversar mais e mais.
Se, de alguma forma estamos melhorando em alguns aspectos enquanto humanidade, é porque hoje temos a possibilidade de conversarmos, que tantas outras gerações não tiveram. É por isso que a gente está aqui para essa conversa e é por isso que o Augusto vai passar por essa transformação de cultura interna junto com a gente.
Sempre tivemos a porta aberta para receber a todos. E se por essa porta entram poucos negros, sim, isso é um problema. Mas aí é uma outra conversa.
Quer ficar por dentro das novidades de astrologia, moda, beleza, bem-estar e receber as notícias direto no seu Telegram? Entre no canal do Metrópoles: https://t.me/