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Há 40 anos sem cortar os cabelos, pastora luta contra o câncer de mama

Simone Costa resolveu encarar o câncer com garra para vencer a doença. Com dois filhos pequenos, ela ainda encontra tempo para falar de Deus

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1 de 1 WhatsApp Image 2017-10-06 at 16.54.46 - Foto: Ricardo Botelho/Especial para o Metrópoles

Cada paciente reage de uma maneira diferente ao receber o diagnóstico de câncer. A pastora Simone Costa, de 41 anos, batalha há 11 meses contra um tumor agressivo na mama e aprendeu que podia escolher como ia passar por isso. “Podia ficar triste, ser a coitada e morrer. Ou podia escolher ser a mulher que vai lutar e vai vencer”, reflete.

O processo não tem sido fácil. Ela precisou tirar uma das mamas e “esvaziar” a axila. Nos próximos dias, termina a quimioterapia e agora segue para sessões de radioterapia. Depois deve ainda passar por mais duas cirurgias. Mas um dos momentos mais complicados, sem dúvida, foi a queda dos cabelos.

Simone ostentava uma longa cabeleira que não via cortes drásticos há 40 anos. A mãe da pastora só tirava dois dedinhos das madeixas da filha, eventualmente.

Um pouquinho antes de começar o tratamento, ela resolveu cortar os cabelos na altura dos ombros. Tinha esperança de ele não cair. Chegou até a escolher perucas compridas, que evitariam qualquer questionamento sobre a aparência. Hoje anda de queixo em pé e fios curtíssimos na cabeça. “Me acho linda”, confessa.

“Deus me deu a opção de não perder meu cabelo. Mas minha vida não seria transformada tão profundamente. Chorei muito e aceitei”, lembra. Depois de três dias de quimioterapia, caiu. Não sobrou nada. Foi um momento muito difícil e de muita dor. “Dei meu cabelo, mas pedi para não sentir mais nada relacionado a ele”, conta a pastora. Ela acredita que Deus a poupou de todo olhar ruim e de pena. “Me senti livre. Ele caiu e foi liberdade”, conclui.

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O filho mais velho, Samuel, acompanhou todo o processo. Mas tinha medo da mãe careca. Fez questão da peruca, ajudou até a escolher. Da primeira vez que Simone foi, sem cabelos, à escola do pequeno, ele pediu para ela não ir mais. Não queria que as pessoas a vissem daquele jeito.

A pastora aproveitou o momento para ensiná-lo que não devemos nos importar com a opinião do outro. “Fiquei surda nesse processo. Queriam me dar um manual de como me comportar na quimio. Queriam me prostrar. Mas não me cabe. Sou muito enérgica, agitada. Sou muito viva”, afirma.

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“Estava tomando banho e passei o braço na mama. Senti um caroço. Como eu estava amamentando, a médica achou que não era nada, mas decidiu fazer uma biópsia para ter certeza. Foi detectado um carcinoma infiltrante. Foi aí que o câncer passou a fazer parte da minha vida”, conta
Em março de 2017, Simone foi para a mesa de cirurgia. Não se sabia direito a gravidade do câncer, mas logo ficou bem claro: os médicos encontraram mais três nódulos já em metástase. Cinco linfonodos foram atingidos, e um deles aberto para espalhar a doença pelo corpo
“O primeiro impacto foi muito difícil. Nunca imaginei que poderia ter câncer. Eu tenho duas crianças pequenas. A mente não fica nesse mundo. Fica voando”, lembra
"Vou trabalhar sem cessar. A morte não me afronta mais, não me põe mais medo”, conta
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Simone descobriu o câncer quase por acaso. Sempre fazia exames de seis em seis meses. No dia 30 de outubro de 2016, a pastora recebeu todos os testes limpos. No dia 22 de novembro, estava dentro de um consultório, com um nódulo grande

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“Estava tomando banho e passei o braço na mama. Senti um caroço. Como eu estava amamentando, a médica achou que não era nada, mas decidiu fazer uma biópsia para ter certeza. Foi detectado um carcinoma infiltrante. Foi aí que o câncer passou a fazer parte da minha vida”, conta

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Em março de 2017, Simone foi para a mesa de cirurgia. Não se sabia direito a gravidade do câncer, mas logo ficou bem claro: os médicos encontraram mais três nódulos já em metástase. Cinco linfonodos foram atingidos, e um deles aberto para espalhar a doença pelo corpo

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“O primeiro impacto foi muito difícil. Nunca imaginei que poderia ter câncer. Eu tenho duas crianças pequenas. A mente não fica nesse mundo. Fica voando”, lembra

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"Vou trabalhar sem cessar. A morte não me afronta mais, não me põe mais medo”, conta

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Por isso mesmo, a rotina continuou tão atribulada quanto sempre foi. Sem aceitar o abalo da quimio, Simone continuou pregando, fazendo aulas de pilates quatro vezes por semana, coreografias de dança, andando com os filhos de bicicleta.

No meio do caminho, o enteado foi preso. Mas ela não perdia as visitas semanais e passava pela revista, mesmo fragilizada. O tratamento atingiu em cheio a voz da pastora, que conversou mais uma vez com Deus e decidiu continuar com o trabalho: assumiu um programa de rádio diário. Tem muita fé.

“O câncer é um assunto muito difícil para todo mundo, independentemente da fé. A religião ajuda a entender o processo de morte. Ajuda a lidar com as angústias do tratamento, na força, na garra”, explica a psicóloga Izaela Macario, da Aliança Instituto de Oncologia.

Ela conta que o recolhimento é quase automático quando se passa pelo tratamento, as mulheres tendem a se esconder do olhar pesado e intenso do outro quando olham para a careca. “É um tripé para o bem-estar do paciente: ele precisa estar bem fisicamente, emocionalmente e mentalmente”, diz a psicóloga.

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Vários estudos mostram que o paciente que pensa positivo e tem fé, tem uma resposta melhor ao tratamento. Essa visão da vida ajuda muito na resposta ao processo.

completa o oncologista Marcio Almeida Paes

Há três meses, a história de Simone ganhou mais um capítulo. O marido, João Batista, foi diagnosticado com câncer de próstata. Agora, ela vai emprestar a força para ele. Conta que não é hora de abaixar a cabeça.  Vão juntos enfrentar mais essa guerra.

“Nesse meio tempo, se alguém passou por provações, fui eu. Mas, em nenhum momento, parei de passar o tanto que Deus é bom. Eu tive câncer porque eu precisava ser mais humilde, precisava perdoar, curar mágoas. Precisava me provar que eu posso muito mais”, conclui.

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